O sonho de Karol sempre foi ser uma modelo famosa, como as que via na TV em sua casa na pequena cidade de Santa Fé, no interior do Brasil; Por isso, determinada a conquistar seu maior sonho, ela embarca para o Rio de Janeiro e consegue entrar em uma...
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Karol não entendia.
Eu jamais iria fazer mal a ela. Jamais. Eu a amava.
Mas assim como Alessandra – minha primeira namorada/noiva – ela era uma mulher inocente. Karol não entendia que Ruggero significava tudo de ruim para sua vida. Ele não tardaria em magoá-la novamente. Ele iria quebrar o coração dela e eu não suportaria.
Eu não tinha planejado amá-la, assim como não planejei amar Alessandra e também não planejei nosso filho, mas tudo aconteceu tão naturalmente que, quando dei por mim, não sabia mais viver sem ela; porém Alessandra era tão teimosa quanto Karol e não aceitou quando eu pedi que ela não fosse embora, que ficasse comigo... Ela ficava repetindo que estava apaixonada por outra pessoa e que ele era o pai do filho dela... Que coisa! Era lógico que aquele filho era meu e eu até já tinha perdoado a traição, mas ao invés de ficar comigo, ela saiu correndo e caiu da escada.
O parto foi adiantado e eles não sobreviveram.
Eu os perdi.
Mas não iria perder a Karol. Eu iria cuidar dela.
Coloquei Coral em cima da cama do outro quarto e caminhei até o quarto que eu havia preparado para Karol. Eu havia planejado levá-la lá para que conhecesse um pouco mais sobre mim, afinal passei muito tempo da infância ali, brincando com outros primos e com alguns colegas que, hoje em dia, já estavam em outros lugares. A pequena cabana ficava perto do sítio, mas não muito. Eu queria mostrá-la que tínhamos muito em comum, mas ela preferiu o Ruggero. Deixou-se envolver por ele.
Abri a porta e encarei Karol.
Tão linda.
A mulher mais linda que já vi.
Ela estava dormindo. Karol tinha finalmente aceitado o meu conselho para tomar um analgésico para dor. O tornozelo dela estava bem inflamado, por isso troquei a corrente para o outro, mas não podia me dar ao luxo de confiar nela agora, não enquanto ela estivesse pensando o pior de mim.
Doía pensar que ela acreditava que eu era alguém ruim, por que eu não era. Amar alguém e querer proteger, não é ser ruim.
Mas não tinha problema, teríamos muito tempo para nos conhecermos. O helicóptero que eu tinha alugado chegaria dali dois dias e poderíamos nos afastar da presença ruim do Ruggero e, só dessa forma, Karol poderia entender o meu amor por ela.
O plano não era prendê-la, mas precisei mudar as rotas, pois se não eles iriam acabar voltar para o Rio de Janeiro e então eu não conseguiria convencê-la de nada. E Ruggero acabaria tomando um lugar que tinha que ser meu.
Sentei na beirada da cama e toquei os dedos dos pés dela. Eu havia posto um abajur e a luz fraca dele iluminava seu rosto cansado. Seria bom que ela dormisse um pouco, assim acordaria com um humor melhor e, dessa forma, seria mais fácil fazê-la entender a realidade.
Ela precisava perceber que eu não iria machucá-la. Nunca. Jamais.
Me arrastei para cima da cama, tirei meus sapatos e me deitei ao lado dela; o perfume dos cabelos dela me inebriavam, me faziam sentir bem. Eu havia sonhado tanto com aquilo.
─ Dorme bem, meu anjo. – Sorri, acariciando seus cabelos que estavam espalhados pelo travesseiro. ─ Não se preocupa com nada. Eu cuido de você.
Me aninhei perto de seu corpo e me permiti dormir.
O sol parecia ainda mais forte, como se estivesse me dizendo que tudo ficaria bem.
Um lindo dia!
Karol ainda dormia profundamente; lhe dei um beijo rápido na testa e levantei. Precisava preparar algo pra ela comer e logo depois iria até o Sítio. Ruggero não parava de me mandar mensagem. Ele disse que não conseguiram achar Candelária e que a polícia toda estava atrás dela.
Imbecis.
Eu não entendia como puderam pensar nela. Candelária era uma burra que tentou reconquistar Ruggero, mas não conseguiu. Eu jamais me uniria à alguém assim, por isso pensei em tudo sozinho.
Karol havia ficado sozinha na praia e, por causa da hora e do enterro do meu avô, quase não havia ninguém por perto, por isso quando ela correu para buscar o lenço vermelho que usava nos cabelos, eu a peguei.
Eu tinha clorofórmio em casa, precisei usar uma vez com Alessandra – para acalmá-la um pouco. O clorofórmio acabou servindo para Karol também.
Cada vez mais eu entendia como as duas eram parecidas.
O Clorofórmio a havia feito adormecer e eu a coloquei dentro do meu carro e a levei para a cabana. Momentos depois Ruggero me ligou aflito. Ele sequer confiava nela.
Isso não era amor.
Amor era o que eu sentia por ela.
Fui até a caixinha de música que eu havia comprado e coloquei uma belíssima música clássica. Aquela musica definitivamente me acalmava. Preparei um pouco de café e cortei algumas frutas para ela. Karol precisava se alimentar bem. Eu não queria que nada de ruim acontecesse com ela.
Meu celular começou a berrar e eu encarei a tela.
Ruggero.
─ Aconteceu alguma coisa? – Perguntei, assim que atendi.
─ Onde diabo você está? Precisamos de todo mundo pra procurar a Candelária. Já reuni alguns caras, mas precisamos de mais gente. Cadê você?
Encarei as frutas que eu tinha acabado de cortar em pequenos cubos perfeitos.
Segurei a faca com mais força.
Eu tinha que me apressar.
─ Já estou indo, Ruggero.
─ Se apressa.
E então desligou sem me dar a chance de responder.
Eu não entendia como a Karol, uma mulher tão bonita, inteligente e independente podia amar um homem como ele. Balancei a cabeça enquanto ajeitava uma linda bandeja com uma rosa branca dentro de um vasinho com água.
A música clássica chegava ao seu ápice quando sai da cozinha e passei pelo corredor para chegar ao quarto dela. Abri a porta com cuidado e a empurrei com o pé para entrar. Coloquei a bandeja na mesinha ao lado da cama e me agachei perto dela.
─ Eu volto logo. – Murmurei e lhe dei um beijo na bochecha.
Ela ainda dormia.
Sai sem fazer barulho, peguei minhas chaves, minha carteira, e a faca.