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─ VOCÊ É UM IMBECIL! – João esbravejou, avançando na minha direção e me empurrando contra a parede

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─ VOCÊ É UM IMBECIL! – João esbravejou, avançando na minha direção e me empurrando contra a parede.

Eu agarrei o colarinho de sua camisa e ficamos cara a cara.

─ Eu não tive culpa! – Gritei de volta.

Minha avó e tia Luciana nos pediam calma, mas eu não iria ter calma nenhuma enquanto Karol não aparecesse.

Depois que conversamos lá perto dos girassóis, ela me falou que precisava de um tempo sozinha, que iria caminhar um pouco, já que a praia ficava perto e estava tudo muito movimentado nas redondezas, eu concordei e disse que depois iria encontrá-la.

Mas ela não voltou pra casa e eu não a encontrei em lugar algum.

Karol havia deixado a bolsa com o celular dentro. Não tinha como ela ter ido embora sem a carteira e o celular... não tinha.

Eu sentia que algo estava muito errado naquela história.

O pai de João nos afastou um do outro e levou o filho para o lado oposto da sala.

Minhas mãos tremiam e uma angústia crescia cada vez mais no meu peito e se expandia por todo o meu corpo.

Se algo acontecesse com ela, eu morreria.

─ Foi pra isso que você voltou pra vida dela?! – Meu primo guinchou e sua voz reverberou pelas paredes. ─ Ela estava muito bem até você se meter! E agora ela desapareceu! Que inferno, Ruggero. Tudo o que você toca se destrói!

─ Cala a boca, João! Parem de brigar! – Minha avó exclamou, tão nervosa quanto qualquer um de nós.

Meu primo tinha razão, se eu não tivesse ido atrás dela nada disso teria acontecido... Nada disso.

─ Eu vou atrás dela. – Falei, pegando meu celular. – Eu vou encontrá-la.

─ Ruggero, não! – Vovó pediu, segurando meu braço. ─Não posso perder você também, meu filho... Por favor, vamos esperar até que os rapazes voltem. Eles conhecem tudo por aqui, vão encontrá-la...

─Vó, a Karol é a minha vida, ninguém iria procurá-la com mais vontade que eu... Eu sei que vou achá-la.

─ Eu também vou. – João falou.

Eu tive que rir.

─ Não! Você não vai. Aliás, nem sei pra quê eu liguei pra você...

─ Ligou porque achou que a Karol tinha fugido comigo... Isso mostra o tanto que você confia nela. – Ele sorriu com escárnio. ─ Quem ama confia, Ruggero. Mas, quer saber, eu vou e pronto. A Karol é importante pra mim.

Ouvi-lo falar daquele jeito só me causava mais raiva, porém eu tinha que me controlar, não podia perder a cabeça logo agora.
Depois eu me acertava com ele.

A idéia de ligar pro João havia aparecido junto com a minha insegurança, mas assim que ele atendeu, eu me arrependi.
Ele havia dirigido de volta para o sitio e, por sorte, não estava muito longe.

Mas eu começava a me arrepender mais ainda.

Liguei a lanterna do meu celular e sai apressado logo depois de garantir a Vó Maria que voltaria bem e que tudo daria certo.

Alguns rapazes que trabalhavam no sitio haviam ido fazer uma busca nas redondezas, mas ninguém tinha voltado e a noite começava a ficar ainda mais escura, trazendo consigo poucas chances de encontrar alguém, já que nem todos os lugares por ali eram bem iluminados.

Talvez Karol tivesse ido dar uma volta além da praia e se perdeu. Talvez ela estivesse agoniada e frustrada, e até assustada... Só a idéia de que ela corria perigo já me embrulhava o estômago.

─ Sinhô Ruggero!

Levantei a lanterna e vi quando dois rapazes se aproximavam.

Eles trabalhavam no sítio.

─ Acharam? Encontraram a Karol? – Perguntei, aflito.

Meu coração batia acelerado demais no peito.

João parou ao meu lado.

─ A gente já andou a praia toda e dois homens foram pra cidade, mas ainda não voltaram. – O rapaz que falava me encarou por alguns segundos e eu notei que ele parecia decidir que se falava algo ou não, mas por fim soltou o ar devagar e falou: ─ A gente encontrou uma coisa na beira da praia. A maré tava muito forte e deve ter trazido.

─ Que coisa? Fala logo, menino! – João guinchou.

Eu sequer conseguia formular uma frase.

O desespero subia com suas mãos invisíveis pelo meu corpo e apertava meu pescoço.

─ Achamos isso. – Ele puxou do bolso um lenço vermelho. ─ Será que era da moça?

Avancei na direção dele e peguei o tal lenço. Meu celular caiu no chão e o barulho do vidro trincando abafou meu soluço seco.

─ Ruggero... Esse lenço...

─ É da Karol. – Engoli em seco. ─ Esse lenço tava no cabelo dela.

Tudo parecia se mover em câmera lenta; a voz abafada de João falando coisas desconexas, o rapaz que me entregou o lenço dizendo que talvez o vento tivesse levado o lenço... Nenhum deles entendia.

Nenhum.

A angústia no meu peito só confirmava o pressentimento que senti mais cedo quando ela se aninhou nos meus braços.
Eu havia empurrado pra longe aquele sentimento ruim...

Eu poderia ter impedido.

Fui acordado dos meus devaneios quando João me empurrou, fazendo-me cair no chão sobre as pedras.

─ A culpa é sua! – Ele berrou querendo avançar em mim, mas sendo segurado. ─ Ela veio aqui por sua causa!

Meus olhos estavam secos e eu sequer conseguia piscar.

Me arrastei para trás e balancei a cabeça.

Ela não pode ter morrido afogada.

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Eu sei que vocês vão me odiar, mas nem sempre há final feliz... Ou será que há? hahaha

Mas vamos lá... O que é, o que é que está na cara mas ninguém vê? 

Até amanhã!!!!!!

Ps: Vocês não levam à sério meus recadinhos no fim do capítulo... Depois, depois...

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