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Ruggero parecia relativamente agitado quando cruzou a porta e se juntou a nós que estávamos na sala de visitas.
A Avó dele era um amor de pessoa e já tinha me feito comer duas fatias de bolo com muita calda, sem contar que o Vô Augusto (como ele havia me pedido para chamá-lo) era um ótimo contador de história.

Havia também uma tia dele, Luciana – acho – e um tio, eles eram casados há muitos anos, mas só tinham um filho que ainda não tinha chegado e, segundo eles, eu e Ruggero não devíamos ter filhos tão cedo. Eu apenas ri e assenti.
Eu não estaria ali no próximo encontro da família, mas não podia ser menos gentil por isso.

Porém, apesar do bom papo, minha cabeça ainda estava naquele abraço que Rugge e Candemônio haviam dado.
Eles tinham matado a saudade? Haviam voltado?

Meu peito ardia só de pensar nisso.

Meus clientes eram meus, pelo menos enquanto o contrato durasse.

Por isso assim que Ruggero se aproximou de mim e apoiou as mãos em meus ombros, me contrai, fugindo momentaneamente de seu toque. Eu ainda estava irritada.

─ Está tudo bem? – Perguntou baixinho.

─ Só estou cansada. – Menti.

Coloquei o prato com o resto do bolo em cima de uma mesinha que ficava ao lado do sofá e agradeci bastante a Vó Maria. O bolo estava magnífico, mas eu estava puta demais pra comer.

─ Vocês devem estar cansados e precisando de um banho né? – Vó Maria falou, sorrindo. ─ Eu arrumei o antigo quarto do Ruggero pra vocês.

Abri um sorriso amarelo.

Eu não queria ser grossa com eles, logo eles que estavam sendo tão legais comigo.

O Senhor Augusto abraçou a esposa e beijou o ombro dela. Era linda a forma como se olhavam e o modo como se tocavam e como falavam um do outro.

─ Se quiser eu ajudo com as malas, Rugge. – Ele falou e depois começou a rir.

Apesar do humor irretocável e da jovialidade em seu olhar, o Senhor Augusto estava com a aparência péssima e andava lentamente, muito debilitado pela doença.
Era um pena ver um homem tão doce e gentil assim.

─ Eu posso me virar sozinho, Vovô, mas quando eu for puxar um ferro na academia eu chamo o senhor pra ajudar. – Gracejou e todos riram. ─ Mas... Vó, eu pedi a senhora para preparar outro quarto pra Karol.

Senti meu corpo ficar tenso.

Apesar de saber que não dormiríamos juntos, jamais imaginei que ele falaria isso assim, na frente de todos, como se... como se quisesse me manter afastada.
Não pude deixar de notar a troca de olhares entre todos que estavam na sala.

Meu rosto esquentou com a vergonha.

Fiquei de pé e passei as mãos pelos vincos do vestido, tentando parecer menos constrangida.

─ Filho, não precisa fingir que estão dormindo separados. Eu sei como são os jovens de hoje em dia, sou uma Vó moderna! – Ela nos lançou uma piscadela e não pude conter o riso. ─ Eu ajeitei o quarto pra vocês, e espero que aproveitem. Só não pude tirar todos os brinquedos, mas a cama eu pedi pra trazerem uma de casal.

Olhei Ruggero por cima do ombro. Ele estava tenso, quase paralisado, nem sequer me olhava e eu me irritei com aquilo.
Iríamos passar muito tempo juntos, estava na hora de ele começar a falar o que tanto o incomodava. Estava nítido que aquilo o havia deixado chateado.

─ Eu agradeço muito. – Falei, para amenizar o clima estranho. ─ A senhora é muito gentil.

─ Você que é, linda! – Ela veio até mim e me deu um abraço forte. ─ Gostei muito de você e fico feliz que seja a mulher pela qual meu netinho está tão apaixonado.

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