Eu tive que rir pra não falar um palavrão.
Ruggero achava mesmo que podia mandar em mim. Imbecil. Um grande e patético imbecil.
Mas, para não ter confusão, concordei de ir com ele até o quarto onde estávamos; João havia entendido que eu precisava de um tempo e, me neguei a olhar para Candelária, mas vi quando Ruggero acenou brevemente na direção dela.
Qual era a dele, afinal?
Ruggero abriu a porta para que eu entrasse no quarto e, assim que passei, ele bateu a porta com força, fazendo-me assustar, porém disfarcei.
Cruzei os braços e me virei pra ele.─ Você ia sair com o meu primo? – Indagou.
─ Claro que ia. Algum problema? Por acaso é demais pra você ver um homem me dando o devido valor? O valor que você é incapaz de dar? Isso machuca seu ego, Ruggero?
Ele riu, mas foi sem humor. Um riso forçado, engasgado e arranhado, como se quisesse expulsar de si uma tosse que não saia ou prender um palavrão gigantesco.
Ruggero pousou a mão na cintura e bufou.
─ Não quero você perto dele, Karol. O João é um conquistador barato, sempre foi e...
─ E daí? Hein? – Me aproximei dele. ─ Se a sua preocupação é que eu te traia, não se preocupe. Segundo o contrato, eu não posso ficar com outras pessoas, porém, você, meu querido, também não pode. No entanto, você estava com ela.
─ Quê? A Candelária? – Ele fingiu surpresa ou tentou, pelo menos. Por que eu não acreditava em sua expressão. ─ Eu não estava com ela, Karol. Eu estava com o meu avô, colhendo girassóis. Mas dai a Candelária chegou e...
─ Não quero saber, Ruggero. – Balancei a mão no ar e me afastei. Furiosa. ─ E muito me decepciona você envolver o pobre do Senhor Augusto nisso tudo. Que palhaçada. Quer saber, não me importa o que você faz com aquela Cãodelária. – Eu vi ele ri, mas logo fechou a expressão. ─ Você já deixou bem claro que eu sou só a garota que vende o corpo. Não precisa me dar satisfações.
─ Karol, quanto a isso, me desculpa. Eu estava me sentindo muito mal de madrugada, não quis...
─ Dizer a verdade? – Completei. ─ Está tudo bem. De verdade. Eu já entendi a forma que você me vê e o que pensa de mim, mas eu só peço que faça o combinado, que cumpra o contrato e tente ser um bom namorado. É ridículo você me trazer aqui só pra me abandonar.
Ele chegou mais perto de mim e deixou um caminho de lama pelo chão, mas eu não estava me importando com isso.
Eu queria chorar e me odiei por isso.─ Me perdoa. – Sussurrou. ─ E quanto a Candelária, se quiser, eu conto o que aconteceu. Eu não estava com ela, Anjo.
Balancei a cabeça.
Apesar de toda sua magnitude e magnetismo, eu ainda estava puta. Eu não queria me deixar envolver por suas doces palavras.
Ruggero sempre achava uma forma de me magoar. Era profissional nisso.─ Eu não quero saber de você e dela. – Decretei, mesmo que quisesse muito, porém não ia admitir. ─ Não quero mesmo.
Um sorriso imbecil escapou dos lábios dele.
─ Está com ciúmes? É isso?
Ah que cretino!
─ Ciúmes?! – Falei indignada. ─ Está surtado por acaso? Nunca. Não sinto ciúmes do que não é meu.
Ele tocou minha cintura e o maldito choque se espalhou pelo meu corpo inteiro, trazendo consigo todas as sensações que só ele, até agora, despertava em mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Volúpia
FanfictionO sonho de Karol sempre foi ser uma modelo famosa, como as que via na TV em sua casa na pequena cidade de Santa Fé, no interior do Brasil; Por isso, determinada a conquistar seu maior sonho, ela embarca para o Rio de Janeiro e consegue entrar em uma...