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A semana havia passado rápido e nesse meio tempo não vi ou falei com Ruggero, mas Safira havia me falado que ele estava trabalhando fora da cidade; apenas na quinta-feira, um dia antes da viagem para Búzios, foi que ele me mandou uma mensagem avisando que passaria no meu prédio às cinco da tarde para me buscar.

Eu havia preparado uma mala pequena, pois voltaríamos no domingo à noite e, sinceramente, eu não estava nem um pouco animada com a tal viagem, mas era o meu trabalho e eu tinha que ser profissional.

Era complicado não saber com qual versão do Ruggero eu iria me deparar naquele dia, afinal ele costumava ser bastante inconstante – talvez fosse pelos traumas que carregava ou talvez fosse por que era seu modo de ser – de qualquer forma, ele me deixava confusa.

As cinco em ponto ele estacionou seu carro enorme na frente do prédio e o porteiro ligou me avisando; quando sai do elevador, Ruggero caminhou na minha direção e eu quase precisei forçar meu corpo a se mover, pois fiquei momentaneamente desorientada ao me deparar com uma visão muito mais despojada dele.
Ruggero usava uma bermuda cor-de-rosa com um cinto preto e uma camisa branca, uma camisa daquelas que se usa nos dias que faz muito calor e você não se importa de mostrar um pouco de pele; e também usava chinelos de dedo, eu nunca o tinha visto assim.

Ele era sempre tão formal.

─ Uau! – Exclamei, incapaz de me controlar. ─ O que fizeram com você?

Ruggero riu enquanto pegava minha mala.

─ Não gostou?

─ Gostei. Claro. Mas... – O analisei de cima a baixo e depois fitei seus olhos cor-de-café. ─ Nem parece o fotográfico metido a besta de sempre.

E então ele riu mais e balançou a cabeça negando.

─ Você é sempre tão delicada e gentil, Anjo.

Anjo... Algo dentro de mim se aquecia sempre que ele falava isso.

─ Então... Vamos?

Ruggero foi na frente; ele colocou minha mala no banco de trás junto com sua mochila preta e depois abriu a porta do carona para que eu entrasse.
Era fim de tarde então não fazia muito calor, por isso decidi ir com as janelas abaixadas para sentir a brisa gostosa daquele horário.

O céu estava esbanjando cores.

─ Meus avós ficaram felizes em saber que estou levando uma namorada. – Comentou.

Virei o rosto para olhá-lo e mesmo de perfil ele era de tirar o fôlego.

O sol fraquinho que entrava no carro iluminava seu rosto, transformando seus olhos em duas bolas de gude repletas de luz; uma luz hipnotizante.

─ Será que vão acreditar?

Ele girou o volante enquanto prestava atenção no carro da frente que andava lento demais.

─ Vão, sim. No fundo, as pessoas só acreditam naquilo que querem e os meus avós querem muito que eu tome um rumo na vida.

Não pude evitar de rir.

─ Não sei se eu seria a melhor pessoa para dar rumo à vida de alguém.

Ruggero me olhou rapidamente e depois voltou a prestar atenção no trânsito.

─ Acho que precisamos concordar que não somos exatamente os melhores exemplos de como ser... Mas, de certa forma, isso é bom.

─ É bom?

─ Sim. Tem muita máscara caindo por ai, pelo menos não corremos esse risco.

Assenti concordando com ele.

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