Karol estava brava.
Sim. Mesmo que ela estivesse me ajudando a tirar a roupa para tomar um banho, eu sabia que ela estava irritada.
Mas ela tinha motivos e isso eu jamais iria poder negar. Ela tinha todos os motivos do mundo para me deixar afogar debaixo do chuveiro e depois esconder meu corpo na caçamba de lixo atrás do prédio.
Mas, apesar de tudo, ela apenas abriu um sorriso rápido pra mim enquanto desabotoava minha camisa.
─ Você está fedendo demais. Quantos dias faz que você não vê água, Ruggero?
A voz dela parecia engraçada e eu quis rir, mas eu estava muito zonzo.
─ Eu tomo banho. – Protestei.
─ De cachaça, só se for. – Rebateu.
Me apoiei no mármore da pia para poder desafivelar o cinto da calça.
─ Posso tomar banho sozinho. – Resmunguei.
─ Mas se você cair e rachar a cabeça, a culpada serei eu. – Ela ralhou, irritada. Karol tentava me ajudar com o cinco, mas sempre que a mão dela ralava na minha pele, eu sentia calor. ─ Que droga de cinto!
Ou eu estava muito bêbado ou ela estava muito nervosa.
─ Eu sei tirar meu cinto.
─ Ah é? Então se vira sozinho! Quer saber, eu sou idiota! Sou uma idiota porque eu quero te ajudar sempre, mas você é um imbecil! Se vira. Morre se quiser.
Franzi o cenho e pisquei os olhos. Ela saia de foco e depois voltava.
Karol colocou as mãos na cintura.
─ Não precisa me ajudar. – Murmurei. ─ Eu vou embora. Nunca nos daremos bem.
Ela riu.
─ Parece uma criança, sabia? – Karol bufou. ─ Eu bem que queria ter um coração duro o suficiente pra te chutar daqui, mas eu não vou te deixar ir embora assim, Ruggero. Por que bebeu tanto?
Consegui desafivelar o cinto e desabotoei os botões.
Eu não me lembrava como havia começado ou que horas, mas depois de saber da morte do vovô, nada mais parecia fazer sentido.
Nada.
Eu estava há dias sem trabalhar e... Porra, que dor de cabeça!─ Eu acho que eu queria esquecer.
Ela assentiu.
─ A mim?
A fragilidade com a qual foi feita aquela pergunta acionou um botão no fundo da minha consciência que me fez despertar daquele transe de tontura e dor.
Karol parecia frágil demais abraçada ao próprio corpo, me encarando ali naquele banheiro.Balancei a cabeça devagar.
─ Não consigo esquecer você. – Eu ri. ─ Acho que não inventaram bebida que me faça te esquecer.
Karol meio que sorriu e meio que desviou o olhar.
Meu estômago estava revirando.
─ Você está bem, Ruggero?
Fechei os olhos e voltei a abri-los.
Tudo girando mais intensamente.
Tentei me apoiar no box do chuveiro, mas escorreguei e cai.
A última coisa de que me lembro é de ouvir a voz da Karol gritando por mim.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
![](https://img.wattpad.com/cover/205542174-288-k596317.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Volúpia
Fiksi PenggemarO sonho de Karol sempre foi ser uma modelo famosa, como as que via na TV em sua casa na pequena cidade de Santa Fé, no interior do Brasil; Por isso, determinada a conquistar seu maior sonho, ela embarca para o Rio de Janeiro e consegue entrar em uma...