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O caminho até a praia havia sido – surpreendentemente – calmo.

O lugar era lindo; o sol parecia brilhar de uma forma diferente ali, sem contar que assim que chegamos mais perto da praia, o cheiro da maresia que o vento trazia, renovava minhas forças; eu mal podia esperar para mergulhar, a não ser, pelo simples fato de que eu não estava usando biquíni.

Sai do quarto tão enfezada por causa do Ruggero que peguei uma canga e o chapéu, mas não vesti o biquíni.
Péssimo.

Teria que ficar na areia ou apenas molhar os pés, mas já seria o suficiente.

─ Eu vou comprar água, vocês querem? – João indagou.

─ Eu aceito. – Respondi, fazendo meu possível para desviar os olhos do peitoral nu dele.

Ruggero enlaçou minha cintura e beijou meu ombro.

Esses homens...

─ Eu também aceito, primo.

João assentiu e disse que podíamos ir na frente que ele logo nos encontraria.

Parecia estranho ficar sozinha com Ruggero depois da briga que tivemos, mas deixei que ele entrelaçasse a mão na minha enquanto caminhávamos pela areia e até depois, quando finalmente nos sentamos e esticamos as pernas para tomar sol.

Ele estava calado, mas fazia círculos imaginários na minha pele, como se estivesse prolongando algo, porém apenas fiquei encarando o mar que estava majestoso.

─ Me perdoa? – Murmurou.

Com a visão periférica eu podia vê-lo me olhando, mas não olhei de volta.

─ Pelo quê exatamente?

─ Por tudo. Olha pra mim, por favor. – Rugge segurou meu queixo e eu finalmente o olhei nos olhos. O sol deixava sua pele mais viçosa, mais atraente e seus lábios estava úmido de tanto ele passar a língua por eles. ─ Você me falou lá no quarto que não sabia qual Ruggero eu era de verdade e, sem dúvida, aquilo me fez pensar... Olha Karol, não sei o que estou sentindo em relação à você, mas não me faz bem que você pense o pior de mim. Eu quero te mostrar que sou uma pessoa boa. De verdade.

Tirei minha mão da sua.

Algo se remexia no meu estômago, uma formiguinha me mordendo por dentro, fazendo-me arrepender pelo que disse, pois eu não queria magoá-lo, por mais que suas atitudes me doessem às vezes.
Afundei o calcanhar na areia e deixei o calor dela me aquecer enquanto pensava.

Por fim, suspirei.

─ Eu só queria que não fosse tão complicado assim, entende? – Confessei. – Queria que nos déssemos bem, como ontem quando vínhamos pra cá... Foi tão bom.

Ele sorriu de canto enquanto ajeitava uma mecha do meu cabelo que estava atravessando meu rosto por causa do vento.

─ Então está disposta a tentar comigo? Um dia de cada vez?

Balancei a cabeça.

Não estava muito certa daquilo.

─ Eu ainda estou irritada, Ruggero.

Ele assentiu.

─ Quer me bater?

Arregalei os olhos pra ele, mas por mais que tentasse não consegui evitar o riso.

A nossa história havia começado com um tapão na cara, não seria nada mal repetir isso, mas, pensando bem, isso só iria deixar tudo mais estranho.

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