Não Escolhi Te Perder

Katherine Hale

Sabe aquela sensação de dever cumprido? Que você fez tudo o que deveria ser feito, sem erros, sem pressa, tudo saiu certinho do jeitinho que você queria? Eu estou me sentindo assim, nas nuvens! A coisa mais gratificante para mim é sempre ter o que eu quero, na hora que eu quero. E meu caro, eu posso dizer que tenho esse poder com gostinho.

A festa organizada pelos calouros foi um sucesso, apesar da linda queda que eu levei e passei várias horas com o bumbum doendo, eu tive o que eu estava querendo a semana inteira, e mais. Na hora eu quis matar a Annie, porém, perdoei ela. Ter puxado Peter pra dançar foi a melhor coisa no impulso que eu já fiz nos últimos tempos. Nossa dança nada discreta e um beijo de tirar o fôlego foi o ápice da semana.

Passamos quase toda a festa na pista de dança, rindo, conversando, dançando e se pegando. Senhor, como ele beija bem! Minhas mãos não cansavam de passear pelo seu cabelo e as suas pelas minhas curvas. Bom, eu não reclamei.

Quando eu me permiti sentir que os meus saltos estavam maltratando os meus pés, chamei Peter para onde minhas amigas estavam desde a hora em que chegamos na festa. Não precisei apresentá-lo, ele já foi logo dizendo "Oi, sou Peter Lynch" como se ninguém soubesse que ele é o astro do basquete daquela faculdade.

Sentei em um lado vago do sofá e tirei minhas sandálias sem pensar duas vezes, mas logo senti falta de uma pessoa.

— Onde está a Mel? — pergunto a Iv já esticando o pescoço e procurando ela pela república.

— Ela foi pra casa há quase uma hora. Não vi ela indo embora, mas me mandou uma mensagem dizendo para não se preocupar. — disse Ivy me mostrando a mensagem e fazendo aquela cara de "já deu a hora, vamos".

— Uma hora? — praticamente dou um grito. Que droga, minha melhor amiga foi embora há quase uma hora e eu não percebi isso. Realmente está na hora de ir.

— Quem é Mel? — Peter pergunta em pé ao meu lado. — Por acaso é Melissa Jones? Porque eu vi ela no quintal antes de você subir em cima de mim.

— Eu não subi em cima de você, eu cai.

— É o que todas dizem. — minha mão automaticamente sobe rápido demais e desfere um tapa bem no abdômen dele, e que abdômen, hein!

— Vamos pra casa, Iv?

Ivy concorda com a cabeça, se levanta, pega sua bolsa e minhas sandálias, começa a se despedir dos demais enquanto eu me despedia de uma pessoa em particular. Peter não queria que eu deixasse a festa tão cedo, mas se a Mel foi embora sem nos dizer nada, era hora de ir para casa.

Quase na porta da república com Ivy chamando um Uber, Peter me alcança antes que eu chegue a um metro da minha amiga. Ele pede meu número de celular e eu quase explodi pela conquista.

Em casa, comemoro com Iv tudo que aconteceu na festa, eu estava super radiante, quase não acreditando que realmente fiquei com Peter Lynch, o cara que passei a semana toda desejando.

Juntas vamos até o quarto da Melissa, porém ela já está dormindo. Ivy vai para seu quarto e eu vou para o meu, tomo um banho sem molhar os cabelos, amanhã eu faço isso. Já vestida com minha roupa de dormir, um conjunto de short e camiseta cinza, sento na cama e pego meu celular em cima da mesinha.

Espero que tenha sonhos maravilhosos. - P.L.

Sorrio comigo mesma, claro que terei. Bloqueio a tela do celular e me jogo para trás na cama. Não tem estrelas no teto do meu quarto, apenas um teto simples pintado de branco e paredes em tom de cinza, porém, nada me impede de ficar olhando para cima.

Espero profundamente que eu não me dê mal com o Peter. Minha intenção não é ter nada sério com ele, porém não entendo o motivo do meu sorriso bobo e meus pensamentos em cada momento que tivemos dentro daquela república. Aconteça o que acontecer, estou torcendo para que o estrago seja pouco.

Volto a me sentar na cama, vejo as demais notificações do meu celular e me levanto. Saio do meu quarto levando meu lençol e entro no da Melissa, ela continua do mesmo jeito, em seu sono tranquilo. Mas não me importo se caso ela acorde, entro, fecho a porta atrás de mim, caminho silenciosamente até sua cama e subo.

Deito de frente para suas costas e me cubro com o lençol, a cabeça em mil pensamentos sobre apenas uma coisa, e por fim, me permito dormir.

— Espero que você não tenha abusado do meu lindo corpinho. — acordo com Melissa me cutucando enquanto fala.

— Acredite, era tudo que eu queria. — falo me virando pro outro lado ajeitando meu lençol.

— Veio dormir comigo por que? O que aconteceu?

— No meu quarto não tem estrelas no teto. Da pra você ficar quieta? Quero dormir mais.

— Se queria dormir mais, que tivesse ficado no seu quarto.

Sinto meu corpo ser empurrado e acordo cem por cento no chão do quarto de Melissa. Qual o problema dessas pessoas? Ela acabou de me derrubar da cama! Levanto do chão, e olho feio pra Melissa que me encara com os olhos semi abertos, pego meu lençol e saio do quarto, dizendo:

— Você tá uma chata.

Me jogo em cima da minha cama, me cubro até a cabeça e abraço o outro travesseiro vago na cama. Tento dormir de novo, mas não consigo. Tomo um banho demorado, lavando o cabelo e hidratando, depois seco mecha por mecha. Quando saio do quarto, a casa cheira a macarronada, claro que Ivy faria o almoço.

Passamos o resto do final de semanas juntas, fizemos os trabalhos da faculdade, Mel estudou pra caramba, mais do que deveria enquanto a noite eu colocava minhas séries em dia.

Depois do almoço eu salvei o número de Peter e respondi sua mensagem. No resto da tarde ele atrapalhava meus deveres com algumas mensagens. Não combinamos nada para o fim de semana, e isso me deixava mais ansiosa para a segunda chegar.

O domingo chegou e se seguiu como o dia anterior, não tinha nada para estudar, então eu e Ivy sentamos na cama em frente ao notebook e assistimos nossas séries com baldes de pipoca e cookies. E Melissa? Bem, ela assistiu um episódio ou dois e foi estudar.

Quase quatro da tarde meu telefone toca, Annie diz que vai jogar sinuca com os colegas da nossa sala e nos convida, grito por Melissa, ela fala que prefere ficar em casa. Agradeço o convite e desligo.

E assim, com um piscar de olhos o final de semana acaba, sempre assim, tudo acaba rápido quando queríamos que durasse mais tempo.

A nossa segunda semana morando em Spica se inicia, e com ela chega nosso primeiro dia de trabalho. Acordamos cedo, faço a merenda, Ivy o café e Mel arruma a cozinha e a mesa, logo estamos todas prontas e dentro do jeep. Irei deixar cada uma em seu trabalho e depois seguir para o meu.

Uma adrenalina estranha percorre todo o meu corpo, e não sei se é por conta do trabalho. Mas seja o que for acontecer, que seja algo bom.