Lembro do meu primeiro dia aqui em Spica. Era um domingo ensolarado e lá estava eu, sentada próxima a janela do meu novo quarto na minha nova casa que a partir daquele dia iria dividir com minhas amigas. Eu imaginava que aquela seria a mudança mais definitiva na minha vida até entender que a mudança tinha que acontecer em mim e não apenas no meu endereço.
Lembro que eu e Kat pesquisamos o significado da palavra Spica e vimos que se tratava de uma estrela, na verdade, um sistema binário. Ou seja, duas estrelas que coexistem quase no mesmo espaço, sendo impossível diferenciá-las pelos telescópios que temos. É estranho pensar que agora aquele significado poderia fazer tanto sentido quando penso em como me apaixonei por Peter.
Acho que posso dizer que eu e Peter somos como essas duas estrelas que formam Spica, tão iguais que às vezes é difícil diferenciar e que talvez seja por isso que é tão confortável e parece tão certo estar junto a ele. Mas já pensou se essas duas estrelas se separassem de vez? Ok! Com certeza haveria menos brilho, mas acho que seria incrível ver cada uma emanando e aproveitando do seu próprio brilho porque, acredite, nem sempre o que é cômodo significa que é amor. Talvez eu estava hipnotizada por nossos brilhos emitindo uma mesma frequência de esperança de um futuro menos solitário e mais feliz enquanto, na verdade o segredo estava em encontrar uma forma da minha luz, sozinha, ser o suficiente.
Enfim, mesmo assim eu tive meus momentos de sorte, pois enquanto estava despedaçada, comecei a tentar percorrer um caminho para realizar os meus sonhos e aprender a me amar como eu, certamente, sempre mereci ser amada. Porém, no meio desse caminho não apenas me encontrei, mas também reencontrei um antigo amor. Sebastian. Eu já havia desistido dele a um bom tempo, mas agora éramos pessoas diferentes e eu estava tão ocupada perseguindo um efeito borboleta perfeito que não acreditei que ele poderia ser um imperfeito acaso, tentando resgatar a minha estranha fé no destino.
Então, com todos esses pensamentos rondando minha mente enquanto eu acabava de empacotar minhas coisas para levar de volta para Nova York, eu ficava imaginando como aquelas duas semanas após o meu aniversário tinham sido tão importantes para eu me reconectar com minhas amigas, principalmente com Kat, que eu havia me esquecido de refletir sobre a escolha que Seb me propôs. O guarda chuva amarelo ou a trompa azul?
Como uma boa fã de How I Met Your Mother é óbvio que eu sempre escolheria o guarda chuva amarelo, mas dessa vez apesar dos significados serem parecidos com os da série, não eram os mesmos. Se tratava da minha história e não a do Ted.
Enfim, era o meu último dia em Spica, nas últimas duas semanas, Seb tinha voltado para Nova York, mas prometeu voltar para Spica só para me buscar e também, eu imagino, para ouvir a resposta que ele estava esperando. Assim, desde ontem ele estava na cidade. Ele viria me buscar às 15:00hrs, eram 7 horas e eu estava no meu quarto, olhando para o guarda chuva amarelo e a trompa azul que o Seb havia me dado, pensando no beijo de despedida que dei no Peter.
Calma! Eu posso explicar. Acontece que ontem a noite as meninas fizeram uma festinha de despedida pra mim, mas eu pedi para não incluir Peter nisso. Iria ser muito difícil me despedir dele porque com ele, provavelmente seria um adeus para sempre. Portanto, quando a festa já tinha acabado e só estávamos eu, Kat e Ivy arrumando a bagunça, Kat trouxe o assunto a tona:
- Eu sei que sou a última a ter moral para falar sobre despedidas, já que eu não pretendo me despedir do Peter depois de amanhã... - Disse Kat, lembrando que Peter ia embora para Massachusetts um dia depois que eu para estudar na sua faculdade dos sonhos dele, o MIT - Mas eu acho que do jeito que você é toda emotiva, você pode se arrepender de não ter se despedido dele.
- Eu não sou emotiva, Kat. - Respondi rindo de nervosa e fazendo ela ri de deboche.
- Se você não é emotiva, então, você é um clone da minha Melissa. - Comentou Ivy, ajudando no deboche de Kat.
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Não Escolhi Te Perder
RomansaDizem que para fazer uma escolha você tem que saber perder porque não importa o caminho que você escolher traçar, as outras opções ficarão para trás. Seria possível uma grande amizade superar cada obstáculo traiçoeiro que nosso coração impõe? Será q...