Tudo está tão escuro e silencioso, mas aos poucos vou começando a escutar vozes. Vozes distantes, uma voz no alto falante, cliques de máquinas marcando batidas de corações, respiração, rodas de macas indo para lá e para cá. Então, vou abrindo os olhos devagar e mesmo que no início tudo estivesse embaçado, logo entendi onde estava. Eu estava em um quarto de hospital, sozinha, com uma bolsa de soro ao lado da minha cama, conectado a uma agulha no meu braço. Arranco a agulha um pouco assustada, por não entender o que estava acontecendo, e levanto da cama rapidamente, perdendo meu equilíbrio.
- Ei! Vai com calma. - Advertiu um médico que eu não conheço.
Ele entrou no quarto assim que eu arranquei a agulha do meu braço e por sorte ele me segurou antes que eu caísse no chão por levantar tão rápido da maca. Dessa forma, ele logo segurou no meu braço, me ajudou a sentar na cama e então, atrás dele apareceram Ivy, Kat e Peter. Eu estava tão confusa. O que tinha acontecido para eu vir parar ali? Comecei a tentar me lembrar.
Eu estava no Piano Bar com o pessoal. Fomos comemorar a vitória de Peter e Kat na competição. Eu lembro que não consegui dormir muito bem ontem a noite, mas mesmo assim fiz um esforço para ir assistir essa competição, já que tinha prometido a Kat. Eu lembro também de perceber o quanto Kat e Peter faziam um ótimo time e que eu era a pessoa mais idiota do mundo por algum dia acreditar que eu e Peter tínhamos mais a ver.
Assim, toda aquela manhã, aqueles gritos, sorrisos, abraços, fotos, tudo... Tudo foi um verdadeiro soco de realidade bem no meio da minha cara. Eu não digo que estava doendo vê eles felizes. Tudo que eu sentia era uma angústia tremenda porque na verdade a única coisa que eu queria era estar feliz também.
Enfim, lembro que quando cheguei no Piano Bar, fui ao banheiro, pois precisava lavar o rosto e respirar um pouco para voltar para a mesa com um belo sorriso que falasse "eu estou ótima, Peter", mas eu não estava. Eu não tinha conseguido comer nada desde que levantei para ir para a competição e agora estava realmente muito tonta. Portanto, decidi não voltar para a mesa, fui para o piano. Talvez tocar me ajudasse a esquecer da tontura porque se eu focar nos sintomas, vou ficar apavorada e o ataque de pânico vai começar.
Eu estava tocando algo, mas nem lembro o que era. Estava tudo girando ao meu redor, então eu parei. Minhas mãos tremiam, as teclas do piano pareciam muito distantes do meus dedos e já era tarde demais, eu estava apavorada. Foi nesse momento que Peter chegou, parou ao lado do piano e disse:
- Melissa, está acontecendo de novo, não é? Você precisa contar para elas.
Eu lembro que até a voz dele parecia distante, mas a única coisa que gritava na minha mente era que eu tinha que provar para ele que eu estava bem. Foi então, que eu me levantei rápido, mas depois disso eu só lembro da imagem do corpo de Peter, ficando mais próximo ao meu e depois total escuridão. "Droga! Eu desmaiei", percebi.
- Não precisa ficar assustada. Você está no hospital. - Falou o médico enquanto me pediu para seguir o dedo dele com o meu olhar - Você estava um pouco desidratada e seus batimentos estavam agitados, mas de resto está tudo bem. Você lembra do que aconteceu?
- Eu estou bem. - Respondi rapidamente, tentando não focar no fato de ter mais gente naquele quarto nada felizes com aquela situação.
- Ok! Não foi essa a minha pergunta, mas eu vou aceitar. Enfim, vou checar outro paciente e já volto para conversar fazer algumas recomendações e te dá alta, ok? Com licença. - Disse o médico me deixando sozinha no quarto com Peter, Ivy e Kat. Eu estava tão envergonhada. Nem conseguia olhar para eles.
- Então, mocinha, vai precisar que a gente ligue para os seus pais ou você mesma vai nos dizer o que está acontecendo? - Perguntou Ivy se pondo na minha frente com os braços cruzados.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Não Escolhi Te Perder
RomanceDizem que para fazer uma escolha você tem que saber perder porque não importa o caminho que você escolher traçar, as outras opções ficarão para trás. Seria possível uma grande amizade superar cada obstáculo traiçoeiro que nosso coração impõe? Será q...