Katherine Hale

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Eu sempre tive um sonho. Sonho de morar com minhas melhores amigas em qualquer lugar que fosse, eu apenas queria isso. Não sei o motivo, mas pensar que poderíamos passar por essa nova fase juntas e superar as dificuldades de uma vida adulta e responsável me encantava demais. E hoje eu posso dizer que realizei o meu grande sonho.

Sou uma filha da grande cidade de Nova York, uma grande amante de cinema e livraria, bares e boates mais badaladas da grande cidade. Amo estar em movimento, e sou bastante sociável, às vezes grossa e sarcástica, mas, quem não tem seus defeitos?

Eu sou cem por cento diferente das minhas melhores amigas, amo uma aventura e praticar exercícios físicos, já minhas amigas... Bom, a Ivy é a mais sociável depois de mim, é a mãe do grupo e a mais sensata, está sempre colocando ordem na gente, principalmente em mim, é ótima conselheira, uma bela mulher de cabelos pretos e longos como a escuridão. Já a Mel, é uma mulher maravilhosa, tanto por fora como por dentro, mas o seu grande defeito é a negatividade que carrega consigo, não se deixando aceitar e acreditar que é linda e que coisas boas acontecem em sua vida.

Nós somos completamente opostas, quase nunca temos as mesmas opiniões, ela detesta barulho e ser o centro das atenções. No entanto, quando Mel e eu nos juntamos para decidir para qual cidade e qual universidade iríamos, sem sombra de dúvidas entramos em um consenso muito rápido. Deixaríamos a loucura de Nova York para trás e viveríamos em uma pequena cidade pacata.

Hoje estamos na nossa nova casa em Spica City, cinco horas da minha agitada Nova York, e iremos cursar Licenciatura em Letras na FES. Realizando mais um grande sonho nosso.

A nossa casa é linda, eu amei, nada extravagante como de costume, três quartos, dois banheiros, uma sala separada da cozinha por um balcão, essas coisas de casa. Como a casa tem três quartos e somente um deles suíte, tiramos no palitinho quem teria a grande sorte de ficar com ele. Olha só, eu fiquei.

Nesse exato momento estou sentada na minha cama recém feita com uma colcha azul com flores brancas, olhando para meu closet nem um pouco arrumado. Pressa não era meu forte. Tirei as coisas mais necessárias da mala e as guardei em seus devidos lugares e de resto vou arrumando no decorrer dos dias.

Nossas aulas começarão amanhã pela tarde, e adivinha, ainda precisamos passar em uma papelaria para comprar alguns materiais, já que na pressa da mudança e de ajeitar toda a papelada para os novos empregos, esquecemos esse pequeno detalhe.

Cansada de fazer nada, saio do meu quarto e entro no da Mel. Fico parada na porta a analisando, em pé diante a janela do seu quarto olhando para sabe-se lá onde ou o que. Não preciso perguntar o que se passa na cabeça maluquinha dela, posso vê daqui todos os neurônios trabalhando sobre as possibilidades de um evento acontecer e alinhar as estrelas. Só em pensar me deixa um pouco confusa.

Melissa é apaixonada pelo céu, pela extensão acima das nossas cabeças e tudo que se inclui por lá, eu não faço muita ideia disso, mas aprendi muita coisa em ouvir ela falar por horas sobre a galáxia. Coisa que não é nenhum esforço. A empolgação dela nos empolga também.
Como não é de se surpreender, apesar de não querer demostrar tanto, sei que ela está bastante ansiosa para o início das aulas.

Conversamos por um tempo, não a ajudei a guardar suas roupas, óbvio, não desfiz nem as minhas malas ainda. Ivy se junta a nós duas no quarto e a ajuda com as coisas, e assim, passamos o resto do nosso dia.

Meu trabalho como auxiliar administrativa em uma empresa local só começaria daqui a uma semana, então teria a primeira semana de habituação na faculdade para depois começar o corre da vida.

A tarde chega depressa, e sem surpresa nenhuma, estamos atrasadas para a primeira aula do semestre. Poucos alunos transitavam pela universidade enquanto caminhávamos para nossa sala, que, para nossa sorte, ou não, a professora já tinha dado início a aula.

Sentamos em fileira, eu na frente, Melissa e Ivy atrás de mim, a professora nos desejou boas vindas e voltou a suas apresentações. Como sou bastante sociável, olhei em volta para soltar meu sorriso e conseguir algumas amizades, varias garotas na nossa turma, belas e de diferentes personalidades, e também, garotos, alguns estranhos, mas um, um deles era a perfeição em pessoa.

Eu sei, estou exagerando, mas o cara é lindo, aparentemente alto, pele bronzeada como a minha, corte militar, mas um pouco maior que o normal. Seu perfil era uma ótima vista, sem tirar sua bela barba bem feita, crescida na medida certa. Pisco os olhos e me deixo levar na imaginação de acariciar aquele belo maxilar com os pelos curtos pinicando a palma da minha mão. 

E tenho certeza que passei bastante tempo flutuando na zona do desejo, pois não percebi que ele fazia a mesma varredura que eu, me pegando o encarando e sonhando acordada. Seus olhos azuis como um céu limpo de nuvens me trouxeram para a vida real.

Com o maior sarcasmo e cara de pau que existe dentro de mim, dou o meu melhor sorriso e viro o rosto para frente, fingindo prestar atenção na professora o restante da aula.

Eu sempre consigo o que eu quero, independente do que fosse. Eu quero, vou atrás com um pouquinho de esforço e consigo. E eu queria ele pra mim. Não que eu tenha esse poder de posse sobre tudo quando bato o olho, mas ele com seu ar misterioso, me despertou, e mesmo que se não fosse fácil de conseguir, eu iria conquistá-lo.

Em algum momento da tarde a aula acaba, junto minhas coisas e me levanto, indo para casa com minhas amigas. Porém, não espero muito para soltar o meu grande desejo de agora em diante.

— Vocês viram aquele tal de Peter? Ele é muito lindo. Quero! Quero muito.

Não espero uma confirmação, ou comentário de ambas, continuo andando em direção de casa com elas ao meu lado. Agora o assunto era outro, mas na minha cabeça, já se bolava varias possibilidades de um grande encontro.

Não Escolhi Te PerderOnde histórias criam vida. Descubra agora