Melissa Jones

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Em um domingo ensolarado, lá estava eu, sentada próxima a janela do meu novo quarto na minha nova casa que a partir daquele dia iria dividir com minhas melhores amigas: Katherine Hale, 18 anos, linda, pele bronzeada, cabelo longo e castanho, olhos castanhos-mel, magra, mas com curvas estonteantes e Ivy Larson, 18 anos também, cabelos longos e pretos como a noite, olhos castanho escuro e pele branca como a neve. E eu? Bem, eu sou Melissa Jones, 18 anos, olhos azuis, cabelos loiros, mas nem tão longos e magra, mas com uma história por trás. Eu fui gordinha pela maior parte da minha vida, mas devido a problemas de saúde tive que emagrecer. Quando eu consegui, achei que minha autoestima iria melhorar, mas percebi que quando você tem um problema consigo mesma, não se trata exatamente do seu corpo e sim da sua mente. Então, apesar da mudança no meu corpo, as inseguranças continuaram as mesmas.

Continuando, nós três costumávamos viver com nossas famílias em Nova York, nos conhecemos no colégio e parece louco, mas acabamos percorrendo o caminho inverso do que se espera de alguém prestes a cursar uma faculdade. Por que? Bem, porque geralmente se espera que os jovens saiam das cidades do interior para as faculdades das cidades grandes. A gente não. Passamos toda nossa vida em Nova York e agora nos mudamos para Spica City, uma cidade do interior, pacata, daquelas com uma praça com uma igreja no centro, algumas lojas ao redor e ruas estreitas levando a lugares que ainda não tínhamos desvendado.

Aquela cidade fica a umas 5 horas de Nova York indo de carro e toda essa mudança porque escolhemos entrar na Faculdade Estadual de Spica - FES já que uma das nossas escritoras favoritas também estudou nela. Parece muito superficial, considerando que é uma escolha crucial para o nosso futuro, mas acontece que nessa faculdade tem um grupo de estudos muito reconhecido e recomendado para quem sonha em ser escritora. E, bem, é algo que nós três sonhamos. Essa também foi uma das razões para escolhermos o curso de Letras.

Enfim, esquecendo um pouco essa parte, voltamos para a minha janela. Parecia que ela estava me hipnotizando. Parecia que aquela nova paisagem estava me desafiando e eu lembrei de quando eu e a Katherine pesquisamos o significado do nome daquela cidade logo depois que fomos aceitas na FES. Acontece que Spica é o nome de uma estrela de primeira magnitude, da Constelação de Virgem. Segundo a Astrologia Antiga e a Contemporânea, Spica é a estrela mais afortunada e portadora de boa sorte. A sua natureza é de Vênus (beleza e sorte), Afrodite, deusa do amor e da beleza e Marte (determinação e poder). Eu e a Kat logo ficamos empolgadas, pensando que talvez aquela cidade seria o lugar perfeito para se ter sorte no amor, porém mais a frente descobrimos que Spica na verdade é um sistema binário. Ou seja, são duas estrelas que coexistem quase no mesmo espaço, sendo impossível diferenciá-las pelos telescópios que temos. Dessa forma, criamos um novo significado para a nossa jornada nessa nova cidade porque talvez tudo isso significava que enquanto nós duas estivéssemos juntas, como as estrelas de Spica, a sorte que teríamos e sempre tivemos é a de ter uma amizade como aquela.

— O meu quarto é bem maior do que esse. — Falou Kat, entrando no meu quarto e me despertando daquelas lembranças.

— Só porque você ganhou o sorteio. Não entendo como você tem tanta sorte assim. — Respondi, saindo da frente da janela e voltando a organizar meu guarda roupa.

Meu quarto não era o maior, mas não era tão ruim assim. O pior é que não tinha banheiro. Ou seja, teria que dividir com a Ivy o banheiro que ficava entre o meu quarto e o dela, já que o quarto dela não tinha banheiro também. Enfim, de resto tudo era bem aconchegante, parecia aqueles quartos de fazenda. Já o resto da casa era simples, com um conceito aberto que unia sala e cozinha, delimitadas apenas por um balcão. Ainda tinha uma porta próxima a geladeira que levava a uma pequena lavanderia e outra porta no fundo da lavanderia que levava ao quintal que era minúsculo, mas pelo menos dava pra pendurar umas roupas no varal que improvisamos, estendendo arames entre as cercas.

Não Escolhi Te PerderOnde histórias criam vida. Descubra agora