Melissa Jones

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Após o primeiro encontro com o Peter no planetário, o resto do dia foi mais tranquilo. Uma escola veio visitar o planetário e eu fiquei um pouco nervosa de ter que guiar todas aquelas crianças por aquele espaço enquanto Peter apenas observava tudo de longe com um olhar que me deixava nervosa, mas foi quando eu estava falando de Plutão que a criatura resolveu se intrometer.

- Eu particularmente acho injusto que eles digam que Plutão não é mais planeta. - Falei, arrancando algumas risadas das crianças.

- Com licença! Desculpa interromper. - Se pronunciou Peter, ficando ao meu lado - Eu não acho que seja injustiça, são só umas classificações para organizar os estudos deles. E nas classificações que definem um planeta, Plutão não se encaixa.

- É, mas por que o homem se acha no direito de pôr rótulos em algo que eles nem entendem por completo? - Protestei, esperando que Peter desistisse de discutir comigo.

- E por que isso é tão importante? É só uma classificação. Ninguém destruiu Plutão. Ele continua lá.

- É prepotência!

- É apenas uma forma de organização dos estudos

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- É apenas uma forma de organização dos estudos.

Nesse momento, nós já estávamos frente a frente, discutindo como se estivéssemos disputando a última fatia de um bolo delicioso enquanto as professoras levaram as crianças para longe da gente.

- Por que tudo precisa ser tão rígido? Nós não entendemos o universo e já achamos que somos donos dele.

- Por que você ver isso de uma forma tão subjetiva? Isso é ciência e só.

- Nós somos muito parecidos com ele, sabia? Pequenos, com um coração e que mesmo tão distante continua influenciando na órbita de outras pessoas, outras coisas.

- Isso é loucura. Plutão não é uma pessoa.

- Mas existe um significado em acreditar nisso.

- Já chega! - Ordenou a mãe de Peter.

Então, nesse momento percebemos que as crianças já tinham ido e tinha pessoas olhando para a gente como se fôssemos malucos.

- Desculpa, mãe. A gente só estava...

- É! Eu ouvi tudo e por mais que eu ache interessante essa discussão, não é o momento.

- Eu sinto muito, Elena. Isso não vai se repetir. - Falei com medo de ser demitida ali mesmo.

Depois eu olhei para o relógio e fui para a sala dos funcionários onde estavam minhas coisas porque meu turno tinha acabado e Kat já deveria estar esperando. Então, quando estava checando na minha bolsa se não havia esquecido nada, Peter entrou na sala.

- Desculpa por me intrometer na sua apresentação. - Disse ele.

- Tudo bem! Cada um tem sua opinião. Eu costumo olhar para o universo de uma forma mais poética e você olha de uma forma mais científica. Eu entendo.

Não Escolhi Te PerderOnde histórias criam vida. Descubra agora