Sou um jovem rapaz filho de uma grande mulher que ama astronomia, mulher essa que me ensinou tudo que eu sei sobre, me transformando em um alucinado por esses assuntos tanto quanto ela. Meu pai também não fica de fora, um grande policial que teve sua carreira interrompida momentaneamente depois de uma bala o deixar quase paraplégico. E infelizmente dando uma pausa no meu futuro, meu sonho de estudar astronomia no MIT.
Eu, como um ótimo filho exemplar, não poderia deixar meu pequeno irmãozinho sozinho com a nossa mãe, enquanto ela teria que se virar em ajudar o nosso pai e tomar conta do Planetário. Foi ai que eu decidi entrar na Faculdade Estadual de Spica no curso de Letras, igualmente amante de astronomia, eu sou pela literatura. Não é coisa boa para um nerd como eu ficar parado sem fazer nada.
Aprendi muito cedo que quando você é um garoto de inteligência abundante para sua idade, não é bom sair por ai se gabando, algumas pessoas podem achar isso lindo, dizer "uau, como é ele inteligente.", e outras usarem isso para te fazer mal como "lá vem o sabe tudo", "silêncio CDF, ninguém quer saber sua opinião sobre isso". Minha mãe me disse uma vez: "O seu valor não deve ser mostrado para qualquer um facilmente. Quem for merecedor enxergará sua luz de olhos fechados."
Entrei no time de basquete da escola, descobri que também é uma paixão pra mim, então, se um lado do meu verdadeiro eu não podia se mostrar pra muitas pessoas sem ser criticado, então eu tinha outro que era aclamado. Sim, eu sei que é errado. Mas você não cresceu sofrendo bullying por ser um nerd, ou cresceu? Assim, eu comecei a ganhar amigos, ser conhecido, era o cara do basquete. Ainda sou, mas nunca deixei uma nota baixar para A-, continuei e continuo sendo o melhor da classe, não posso fracassar, eu preciso entrar para o MIT.
Foi assim que eu consegui uma namorada, a primeira na verdade, não era lá essas coisas, foi considerado o pior relacionamento da minha vida. Eu não podia ser eu mesmo. Certo, eu já não estava sendo, a não ser em casa e com alguns amigos de verdade como James e Matt. Mas como eu não podia me abrir com a garota que eu gostava e dizia gostar de mim? Não tem lógica não é? Então, eu terminei com ela. Acontece, é que ela não aceitou isso muito bem, mesmo tendo se passado quatro anos.
Disse para mim mesmo que namorar uma pessoa muito diferente de mim, não daria certo. Fugia de relacionamento como a luz precisa fugir de um buraco negro se quiser continuar brilhando. Bem, pelo menos até a Kat aparecer. Katherine Hale, legítima nova-iorquina vinda diretamente para Spica com suas duas melhores amigas. Uma garota louca, ciumenta, desastrada e linda. Dona do mais lindo sorriso, tão brilhoso que poderia causar inveja nas estrelas.
Quando senti seus olhos me analisando no primeiro dia de aula, pensei que fosse apenas por curiosidade. Porém, na festa que teve dos calouros, onde ela desastrosamente caiu em cima de mim, e me levou ao chão, percebi que não era apenas uma curiosidade. Na pista de dança foi uma loucura, um misto de sensações, suas mãos passeando pelo meu corpo, como se desejasse fazer aquilo há muito tempo. Seu corpo colado ao meu balançando juntos no ritmo da música em um encaixe perfeito. E quando ela teve a audácia de me beijar, meu amigo, eu amarrei o cavalo.
Depois desse dia eu não conseguia ficar longe dela, como a gravidade da Terra nos mantém com os pés no chão, era como se os meus pensamentos não largassem dela, meu corpo sentia falta do seu e não contive a vontade que senti de quando a vi depois daquele dia, seus lábios puxavam os meus como um efeito magnético.
Assim, não demorou muito para eu decidir pedir ela em namoro. No começo, eu estava assustado por pensar que talvez eu estivesse indo rápido demais. Porém, quando pensei no pedido, pensei também em trazer um significado para ele e eu tinha exatamente como fazer isso, pois no dia que eu fiz o pedido, um asteroide estava passando próximo a Terra. Então, eu levei a Kat para o observatório onde poderíamos ver o asteroide e demonstrar para ela o quanto o nosso destino juntos era tão inevitável quanto o destino daquele asteroide era exatamente percorrer aquela rota. E junto com o seu "sim", eu também ganhei uma amiga, a Melissa.
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Não Escolhi Te Perder
RomanceDizem que para fazer uma escolha você tem que saber perder porque não importa o caminho que você escolher traçar, as outras opções ficarão para trás. Seria possível uma grande amizade superar cada obstáculo traiçoeiro que nosso coração impõe? Será q...