Depois que encontramos Annie, chamamos um Uber para ir para a festa, já que todas iam beber e não podiam dirigir. Quer dizer, eu não bebo, mas também não sei dirigir.
Enfim, logo quando chegamos na festa, já era evidente meu desconforto. Odeio lugares com muitas pessoas e quanto mais bêbadas e com uma música muito alta. Eu sei que provavelmente eu sou a pessoa mais chata do mundo e nem sei como minhas amigas me suportam, mas aqui estamos e vou tentar ficar o máximo de tempo para não estragar a festa delas.
Logo quando chegamos, parecia o lugar perfeito para Kat, ela se movimentava como se estivesse no seu próprio hábitat. Ela e Annie foram pegar bebidas para todas e depois que meu refrigerante chegou, resolvi me afastar um pouco de toda aquela barulheira. Não estava me sentindo nada bem, principalmente porque vi o Peter conversando com uma garota, precisava tomar um pouco de ar.
Então, caminhei até o quintal daquela república, o mais afastado que consegui e sentei numa cadeira de praia que ficava por ali. Dessa forma, fechei os olhos, respirei fundo e quando abri os olhos de novo me deparei com aquele céu estrelado que por um segundo me fez esquecer tudo ao meu redor e apenas me concentrar nos meus próprios pensamentos.
Eu estava pensando o quão ridículo era me apaixonar por alguém que nem ao menos tinha conversado e vindo para o quintal, me deparei com ele conversando com uma garota e também muito confortável naquele hábitat. Ele deve ser um daqueles garotos populares que com certeza, fora daqueles romances clichês, nunca olharia para alguém como eu. Afinal, quem olharia? Eu sempre estaria sozinha mesmo cercada por uma multidão porque na verdade, ninguém nunca conseguiria entender os meus gostos, devaneios astronômicos ou esse coração romântico demais para uma garota sem atitude alguma.
Talvez seja isso que as estrelas sentem. Todas rodeadas por várias outras estrelas, mas sempre tendo que viver com sua própria solidão.
— Você está se sentindo bem? — Questionou uma voz me fazendo acordar dos meus pensamentos.
Assim, quando parei de olhar para o céu e foquei de onde tinha vindo aquela pergunta, me deparei com Peter, parado em pé, próximo a minha cadeira e confuso com o que eu estaria vendo no céu.
— T... Tu.. Tudo bem. — Gaguejei e levantei toda destrambelhada da cadeira pra completar a estranheza que, provavelmente Peter já havia enxergado em mim.
— Eu vim pegar uma bebida e vi você aqui. Pensei que poderia estar passando mal.
— Não! É... Eu estou bem. Obrigado por se preocupar. Só vim tomar um ar.
— Ok! Você está só aqui?
— Aqui? É! Quer dizer, eu estava, mas você chegou. — Ri tentando não parecer grossa, mas parecendo ridiculamente nervosa.
— Eu estava perguntando se você está sozinha aqui na festa, não no quintal. — Esclareceu Peter, rindo da minha confusão e me deixando mais nervosa. — Meu nome é Peter Lynch.
— Eu estou com minhas amigas. Não sozinha... Na festa. Não no quintal. — Ri claramente desconcertada com a minha própria arte de embaralhar as palavras. — Eu sou Melissa Jones.
— Ok, Melissa! Prazer em te conhecer. Agora com licença e desculpa atrapalhar seu momento com as estrelas. Às vezes, eu também fico procurando algumas respostas com elas. — Disse Peter, dando uma piscadela, um tapinha no meu ombro e depois voltando para a festa.
Droga!
"Agora ele está caçuando de mim", pensei decepcionada com o desastre que tinha sido a minha primeira interação com Peter. Então, resolvi voltar para a festa na esperança que talvez minhas amigas não estivessem gostando e pudéssemos ir para casa.
No entanto, assim que cheguei lá, Kat me puxou para a pista para dançarmos. Eu amo dançar, mas geralmente tenho muita vergonha de fazer qualquer movimento em público. Porém, com aquela animação de Kat ela até que conseguiu me fazer dá uns passinhos, principalmente quando estava tocando uma música com um ritmo latino que eu adoro e é contagiante. É um pouco antiga, mas de qualquer jeito adoro reggaeton.
Enfim, após umas três músicas, Kat se afastou e eu sentei em uma cadeira ali perto porque estava cansada da dança. Admito que minha aptidão física não era das melhores, mas eu estava feliz por dividir aquele momento com minhas amigas.
Então, Ivy me entregou um copo de um refrigerante de menta que, confesso, amei. Porém, lá longe eu vi quando Kat caiu no chão com uma pessoa. Eu me levantei rápido e comecei a me aproximar para ajudar ela, mas ao chegar perto percebi o que estava acontecendo. A pessoa que caiu no chão com ela era Peter e minutos depois, eles estavam conversando, cheios de sorrisos.
Deveria ser fácil para uma pessoa extrovertida como a Kat se comunicar com ele, diferente do desastre que foi no meu caso. Droga! Eu não queria sentir ciúmes da minha amiga, mas é que às vezes eu só queria ser um pouco mais como ela.
Portanto, logo uma música agitada começou a tocar e Peter e Kat começaram a dançar juntos. Muitos movimentos audaciosos que deixava claro que um desejava o outro.
E eu? Eu, bem, eu estava lá! Eu estava lá paralisada, assistindo tudo enquanto tudo girava ao meu redor, como se eu fosse o sol, mas totalmente apagado.
Eu não estava com raiva do Peter ou da Kat. O problema sempre foi eu mesma e a verdade é que quando os dois se beijaram eu não consigo dizer exatamente como me senti. Era algo parecido com uma voz gritando o quão idiota eu era por esperar que o destino tivesse me levado para aquele lugar por uma razão boa. Nada de bom acontece com pessoas como eu. Coisas boas estão reservadas para pessoas como Peter e Kat. Então, antes que eu começace a chorar ali, na frente de todos, apenas corri e fui embora da festa, sozinha, como sempre.
Chegando em casa, mandei uma mensagem para Ivy, dizendo que já estava em casa e que elas não precisavam se preocupar. Tomei banho como se precisasse lavar toda aquela dor do meu corpo. Depois vesti meu pijama que era basicamente um short frouxo e uma camisa masculina.
Enquanto estava em frente ao espelho do banheiro, penteando meus cabelos molhados e tirando a minha maquiagem, tudo que conseguia sentir era raiva de mim mesma por ser tão sonhadora e tão medrosa ao mesmo tempo. Eu não queria sentir nada daquilo por mais que minhas lágrimas dissessem o contrário.
Não importa! Agora acabou, tenho que superar. Dessa forma, me deitei na minha cama e fiquei lá, olhando para o teto com aquela imagem de Kat e Peter se beijando, atormentando meus pensamentos e me impedindo de dormir. Assim, de madrugada eu ainda estava acordada quando ouvi Kat e Ivy chegando. Ainda ouvi Kat toda feliz, comentando com Ivy que ela e Peter tinham trocado os números de telefone.
Droga! Eu queria estar feliz por ela, mas tudo que conseguia sentir naquele momento era tristeza. Que terrível amiga eu sou. Enfim, logo as duas abriram a porta do meu quarto para checar se eu estava bem, mas apenas me virei, fingindo estar dormindo. Portanto, as duas me deixaram sozinha e com o tempo, finalmente consegui dormir.
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Não Escolhi Te Perder
RomanceDizem que para fazer uma escolha você tem que saber perder porque não importa o caminho que você escolher traçar, as outras opções ficarão para trás. Seria possível uma grande amizade superar cada obstáculo traiçoeiro que nosso coração impõe? Será q...