5 meses depois
Talvez pela primeira vez eu estivesse vivendo como deveria em Spica.
Com um pouco mais de um ano nessa nova cidade, eu aprendi que aqui é o meu lar. Não mais a vida agitada de Nova York, e sim as ruas calmas com pessoas felizes e receptivas. Aprendi a gostar da leveza da vida aqui.
Sentia falta da vida agitada de antes, mas era um sentimento longínquo, fazia parte da minha vida, de um passado, de quem eu era.
Muita coisa havia mudado nesses cinco meses. Ivy e eu mudamos de casa, era grande demais para nos duas, e não pretendíamos chamar nenhuma outra pessoa para morar com a gente, foi uma decisão simples.
Depois daquele fatídico dia em que eu fiz uma escolha errada e voltei atrás na última hora, eu não só tinha deixado uma pessoa especial ir embora, mas também uma pequena parte de mim.
Naquele dia eu chorei. De verdade. Como nunca tinha na minha vida. Chorei com raiva de mim mesmo, pois era culpa minha, minha consequência. Os braços de Ivy fizeram todo o trabalho, cada aperto uma chance de juntar os meus cacos.
Naquele dia, eu sofri tudo o que deveria, mas no seguinte, a Katherine de sempre estava de volta, nada a deixaria abalada por tanto tempo. Porém, ninguém acreditava nela, pelo menos, não a Ivy e nem mesmo eu. Nós sabíamos que existia um arrependimento fazendo morada, me tirando o direito de dormir bem a noite, me fazendo pensar nas tantas oportunidades passadas.
Na época não tão distante, era um motivo plausível que me fez tampar os ouvidos para Melissa. Será que agora depois de tanto tempo o mesmo motivo ainda faria sentido?
Talvez eu devesse ter ficado louca de vez, ou apenas não raciocinando direito. Mas eu me lembro um dia na faculdade, no refeitório, estávamos todos juntos conversando e Matt chegou falando sobre a visita que fez a Peter. Não prestei muita atenção na conversa, mas ouvi bem suas respostas em relação às perguntas de Ivy sendo elas referentes a sua estadia. Talvez ninguém ali tivesse percebido, mas a intenção dela era que eu tivesse todas as informações quando decidisse que estava na hora de ir.
E eu acho que já passou esse dia há muito tempo. Talvez o receio tenha me feito pular para o próximo, mais uma vez, no conforto de que haveria outra oportunidade. Mas era agora ou nunca.
Era um pouco mais de cinco horas de uma sexta-feira a tarde quando bati na porta do quarto de Ivy.
- Se arruma, rápido. Vamos pra Nova York.
- Graças a Deus.
Sabemos que ele não estar em NY, mas eu precisava dormir. Não podia parecer uma zumbir na sua frente. Então, meia hora depois, Ivy e eu partimos para cinco horas de viagem até o nosso destino.
Passava um pouco de onze horas quando chegamos, decidimos que ficaríamos na casa dos meus pais, na manhã seguinte, quando eu fosse para Massachusetts, deixaria minha amiga na casa de sua família.
Não sei o que me deu na cabeça em sair de casa pra chegar em cima da hora do almoço. Estava morrendo de fome e a ansiedade faziam meu estômago doer. Maldito seja. Mas eu não voltaria atrás. Andava perdida por entre os corredores da ala dos dormitórios masculinos, e nenhuma alma sequer aparecia para me dar uma informação.
- Isso é o que dá chegar nos cantos na hora do almoço. - resmungo comigo mesmo, e continuo andando, deslumbrada com a beleza do lugar.
Lindo e imenso, sinto que se eu continuar andando nesse corredor sem fim eu irei parar do outro lado do mundo.
Mas, não dizem que existe luz no fim do túnel? Bom, nesse exato momento eu afirmo que é verdade. Um pouco distante de mim, tem um grupinho de amigos conversando. Eles riem e fazem brincadeiras uns com os outros. Na rodinha, um deles me chama atenção, sua coluna reta, ombros largos, um físico de atleta. E que atleta!
Fico parada apenas olhando de onde estou, sua risada alta e grossa chega até mim talvez trazida pelo vento, pois sua recepção em mim é tão macia quanto uma brisa.
Um dos seus colegas faz uma brincadeira com ele, ele pula para trás se esquivando e acaba mudando de posição. Agora ele estar de lado, e como se seu cérebro mandasse uma ordem, ele olha para o extenso corredor.
Posso ver perfeitamente sua cara de surpresa, a minha não deve estar diferente. Em segundos fico mais nervosa do que já estava, e se ele odiar eu ter vindo até aqui atrapalhar sua vida? Penso em dar um passo para trás quando sou impedida pelo sorriso que ele me dá.
Puta merda! É ainda mais lindo do que nas minhas memórias.
Sem avisar os amigos e deixá-los sem entender nada, caminha em minha direção, então, faço o mesmo, talvez um pouco mais lento e menos confiante do que ele. Sinto que estou prestes a ter uma ataque bem aqui, agora e é melhor ser rápida pois ele estar a menos de dez passos de mim.
- Katherine. - ouvir aquela voz depois de tanto tempo me parecia até surreal. Mas ele estava ali, na minha frente, não entendendo nada mas sorrindo para mim.
Há alguns meses atrás, eu meio que não tive escolhas, e entre as opções ruins, eu ainda perdi duas partes importantes da minha vida mesmo não querendo que isso acontecesse. Porém, agora, eu tinha uma decisão a tomar, e eu quero tentar, eu quero ele de volta.
- Oi, Peter.
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Oooi, amados, eu sou a B, e junto com a V, eu gostaria de dizer que eu estou muito feliz e satisfeita com o fim dessa história. E em nome das duas, eu quero agradecer por vocês, nossos amigos, terem acompanhado nossa trajetória. Vocês são incríveis!! ❤️
E não esqueçam, vai ter segunda temporada. Livro especial da Melissa Jones. 😘✌🏽
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Não Escolhi Te Perder
RomansaDizem que para fazer uma escolha você tem que saber perder porque não importa o caminho que você escolher traçar, as outras opções ficarão para trás. Seria possível uma grande amizade superar cada obstáculo traiçoeiro que nosso coração impõe? Será q...