Bônus - Peter Lynch

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Depois que a Katherine me deixou sozinho no Planetário sem me dar a chance de mudar o rumo da coisa, senti como se o mundo sumisse dos meus pés. Pode achar que é exagero, mas eu não acho tanto. Kat é uma pessoa muito importante pra mim, e não foi fácil o termino repentino. Estou totalmente perdido. Tentei falar com ela várias vezes, mas não atendeu nenhuma das minhas ligações, também não fui até sua casa, pois sabia que lá ela não estaria.

Não me importei em me sentar na calçada do Planetário e chorar como uma criança, um papel ridículo para um homem de adulto. Foda-se. Fui deixado pela minha namorada, tenha um pouco mais de humanidade.

Apesar de entender os seus motivos, eu não consigo aceitar o que ela tinha feito. Se caso um dos meus amigos, James ou Matt, estivesse apaixonado por Kat, eu a deixaria por causa dele? Mesmo parando pra pensar, eu não consigo achar uma resposta para a minha própria pergunta. Isso é o que me deixa um tanto frustrado, não conseguir me colocar no lugar dela. Seria um ato egoísta da minha parte? Sendo ou não, o fato dela ter terminado comigo me deixava arrasado.

Depois de muito pensar, e chorar, sentado na calçada, entro no Planetário e decido fechar mais cedo para o almoço, pego as chaves do meu carro e sigo para casa, sendo surpreendido por minha mãe logo na entrada.

— Filho, o que faz em casa tão cedo?

— A Melissa não estava se sentindo bem e foi pra casa, o movimento estava baixo, então decidi fechar mais cedo. — invento uma desculpa.

— Tudo bem. — me observa, droga. — Você esta bem, filho?

— Totalmente! — seus olhos se estreitam deixando nítido que não acreditou em mim — Só estou cansado, final de semestre, sabe como é...

— Sei...

— Vou para o quarto um pouco, já apareço pro almoço. — me afasto dela seguindo para o corredor que dá acesso aos quartos, quando sua voz me faz parar no meio do caminho.

— Chegou isso hoje mais cedo. — sua mão segura um envelope pardo estendido em minha direção. Meus olhos intercalam entre seu rosto e o envelope, estou completamente mudo.

Pego-o sem dizer uma palavra sequer, agindo como se um manuscrito muito raro estivesse em minha posse. Vou para o meu quarto e lá abro, vendo que se tratava da resposta do MIT, me convocando para uma entrevista.

Acontece que meses atrás eu decidi retomar o meu sonho e fiz o SAT (Scholastic Aptitude Test), além de enviar todo o meu histórico para concorrer a uma vaga e essas coisas que se tem que fazer para tentar entrar. Também fiz tudo que precisava fazer para tentar uma bolsa de pelo menos 50% e tudo isso eu fiz sem contar para ninguém, nem para a minha família. Muito menos para Katherine.

Não queria que eles criassem expectativas e nem sei se realmente, dessa vez, vou em frente com esse sonho. Está tudo muito incerto e naquele momento eu fiquei feliz por ser chamado para uma entrevista, mas estava tenso, já que agora que a situação estava complicada com Kat, definitivamente eu não tinha certeza de nada.

Guardei o envelope na gaveta da mesinha de cabeceira e resolvi refletir sobre aquela notícia depois. Tinha muita coisa na minha cabeça naquele momento e eu ainda teria que ir para aula. Assim, fui tomar um banho, me arrumar e fui para a faculdade. Não consegui me concentrar, Melissa não apareceu e Kat também não.

No geral, o dia foi bastante difícil. MIT, Kat, Melissa, tudo rondando minha mente em um turbilhão de dúvidas e anseios. Eu só queria resolver tudo aos poucos, mas parecia que todos os problemas gritavam comigo de uma vez só.

No dia seguinte, fui trabalhar e ao encontrar Melissa lá, percebi que talvez foi a chance perfeita de resolver um dos problemas. Bem, não foi o que aconteceu exatamamente. A gente conversou, ela foi sincera comigo e eu com ela, mas a forma como ela só quer ir embora para Nova York, como se eu e a Kat não nos importássemos com ela, me irrita. Eu só queria resolver toda essa bagunça e percebi que ela também, mas não da mesma forma que eu.

Não Escolhi Te PerderOnde histórias criam vida. Descubra agora