Melissa Jones

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Após todo aquele domingo um tanto quanto intenso, a segunda chegou, dando início a uma semana estressante, pois entre provas, seminários e o trabalho no planetário, eu ainda precisava lidar com o nervosismo de ter que evitar o Peter. Além de tudo isso, minha mãe não parava de me ligar e tudo porque a duas semanas atrás eu decidi parar com a medicação contra a ansiedade e ela estava preocupada. É! Talvez não tenha sido o melhor momento para parar com a medicação, em meio a tantas mudanças, mas uma hora ou outra eu teria que parar. Não quero ficar dependendo deles para sempre.

Enfim, talvez tenha sido a interrupção do medicamento ou a semana estressante que eu estava tendo, mas a verdade é que eu tenho tido alguns episódios de síndrome do pânico misturados com um pouco de insônia que estavam me esgotando não só mentalmente, mas também fisicamente. Porém, tudo bem, vai passar, eu tenho que vencer esses episódios e não posso deixar as meninas perceberem porque se não elas vão ficar preocupadas e ainda vão preocupar meus pais.

Segunda e terça tivemos provas o que foi até bom porque no planetário Peter ficava estudando na sala da mãe e me deixou em paz por aqueles dias. Era muito estressante ter que ficar fugindo dele, mas quando Kat vinha me buscar, ele sempre aparecia para falar com ela. Então, eu cumprimentava ele, já que como combinamos antes, iríamos conviver pacificamente pela Kat.

Já na quarta, Elena me deixou encarregado de cuidar do jardim do planetário o que foi ótimo, pois eu pude aproveitar o ar livre e a paz daquele espaço. Bem, pelo menos até o Peter chegar.

- Então, além de ótima aluna e admiradora do espaço, você também sabe cuidar de plantas? - Perguntou Peter me surpreendendo com sua presença bem atrás de mim enquanto eu estava regando umas flores.

- Na verdade, sua mãe me deu algumas dicas. - Respondi friamente sem nem me virar para olha-lo.

- Você quer alguma ajuda?

- Não! Está tudo sobre controle.

- Você parece cansada.

- A semana na faculdade não tem sido das melhores. Amanhã eu tenho um seminário e... - Parei de repente porque enquanto falava fiquei um pouco tonta e soltei o regador nos meus pés.

Uma coisa que vocês talvez não tenham como saber e eu até espero que não saibam é que a síndrome do pânico é um saco. Seu coração acelera, suas mãos e o corpo todo são percorridos por um frio que te deixa ainda mais assustada. E para completar você fica pensando que vai desmaiar ali mesmo porque seu mundo todo começa a girar o que só aumenta ainda mais o pavor que você já está sentindo.

É como se seu corpo todo tivesse falhando quando na verdade nada realmente está acontecendo, é só uma pegadinha de muito mal gosto da nossa mente. Assim, por mais que os sintomas sejam reais, você tem que esquecer eles e tentar convencer a sua mente que não precisa ativar nenhum mecanismo de fuga do nosso corpo.

"Não existe perigo. Está tudo bem." Acho que é o que eu mais venho repetindo para mim mesma nos últimos dias o que só aumenta a exaustão. Eu tenho que convencer minha mente que não precisa mandar mensagens equivocadas para o meu corpo.

- Você está bem? - Questionou Peter, pegando o regador para mim.

Eu nem conseguia responder, eu estava muito tonta e apavorada. Então, eu apenas procurei o banco mais próximo e me sentei lá para tentar me acalmar, respirar. Peter me seguiu e sentou ao meu lado. Acho que pela minha respiração agitada, dava para perceber que eu não estava exatamamente muito bem. Dessa forma, ele segurou na minha mão enquanto eu estava concentrada apenas em respirar fundo, me acalmar.

- Suas mãos estão frias. Você está passando mal? Quer que eu chame alguém?

- Não! Vai passar. - Respondi rapidamente, soltando a mão dele.

Não Escolhi Te PerderOnde histórias criam vida. Descubra agora