— Eu deveria ter vindo no Jeep da Kat. Eu deveria ter vindo no Jeep da Kat. Eu deveria t...
— Eu deveria te dar um tapa. PARA. — grito, viro meu corpo para o lado e olho para Ivy no banco de trás do carro.
Meus dedos como de costume estavam entrelaçados com os de Peter na altura dos seus lábios quando Ivy chama a nossa atenção. Cinco horas de viagem de Spica City até New York, duas horas e meia com Ivy Larson azucrinando no meu ouvido que deveria ter vindo no meu carro. Motivo? Recalque. Peter ofereceu para irmos em seu carro, porque segundo ele, com todo respeito, o seu querido Prisma é muito mais confortável para viajar. O que obviamente rendeu uma pequena discussão. Como ele ousa em falar do meu bebê azulinho que nunca fez nada com ele?
Quando liguei para minha mãe avisando que passaria o feriado em casa, ela e minha avó exigiram a presença do meu namorado, que não foi difícil de convencer. Decidimos pegar estrada no dia vinte e quatro cedo pela manhã, talvez desse tempo de almoçar em casa, e vamos voltar para Spica no sábado primeiro.
— Vocês ficam aí cheios de dengo e eu sozinha aqui de vela.
— Desculpa ter vindo, Ivy.
— Não tem o que se desculpar não, meu amor. Ela que é recalcada. — mostro a língua a ela feito uma criança birrenta. — Estou com fome.
— E quando você não tá? — antes que eu revide, ela continua. — Eu também estou, então, Ernesto, próxima parada será no Três Vassouras.
Então, uma loja de conveniência em um posto na beira da estrada, foi a nossa salvação. Peter abasteceu o carro e provavelmente foi ao banheiro enquanto eu e Ivy comprávamos água, cookies, chocolates, doritos e várias outras baboseiras de viagem. O restante das horas se passou em cantar músicas, contar piadas e brincar com a cara da Iv.
Em algum momento da viagem eu havia dormido, acordei sem Ivy no carro e estávamos na 8th Ave, mais um pouco cruzaríamos com a W 31st Street. Acho que alguém já explicou o caminho da minha casa. Meu bom e histórico bairro de Manhattan, Chelsea. O bairro basicamente é uma combinação de casas, prédios baixos de apartamentos, arranha-céus luxuosos e atrações badaladas como o High Line, um parque elevado construído sobre antigos trilhos de trem com aproximadamente dois quilômetros e meio. Em fábricas desativadas estão instaladas mais de duzentas galerias de arte, Melissa adora essa parte do bairro. Além disso, seus muitos negócios no varejo refletem a diversidade étnica e social da população. Essa diversidade é interessante, principalmente quando eu, Melissa e Ivy saímos juntas e do nada nos deparamos com algum falante do espanhol. Melissa até que sabe espanhol, mas eu e Ivy somos uma negação. Então, sempre acabamos passando vergonha e falando algum absurdo.
— Por que não me acordou? — alongo o pescoço e ajeito a coluna que está dolorida do cochilo de mal jeito. — Parece que Ivy ensinou direitinho onde é minha casa.
— O carro estava em um grande silêncio de paz, então deixei você dormindo. — bato rapidamente em seu braço. — Iv disse que era melhor deixar ela primeiro em casa e me explicou a sua, estamos quase chegando, já ia te acordar.
Em poucos minutos chegamos em minha casa. Peter demonstrava estar um pouco nervoso, mas o tranquilizei, não precisava disso, ele é ótimo e minha família ia adorar ele. Como eu disse, a minha mãe deu mais atenção ao Peter do que a mim que não via há meses, minha vó fez o mesmo, já o meu pai falou com ele e depois ficou de canto observando, só pra causar aquela impressão de chefão, mas no fundo eu sei que gostou do Peter. Enquanto meu namorado está preso na sala sendo interrogado, levo minha pequena mala para o meu quarto e a dele para o de hóspedes.
Depois de acomodados e banho tomado, fomos almoçar, estava morrendo de fome e a única coisa que eu queria saber naquele momento, era comer. Então, mais uma vez não participei da conversa que envolvia mais o Peter do que a mim. A tarde foi tranquila, meus pais saíram para encontrar uns amigos e vovó dormia em seu quarto, enquanto ficamos assistindo filme no sofá da sala. Tinha avisado no grupo da antiga High School que estou por NY, marcamos de nos encontrar a noite em uma boate e por volta das sete horas começamos a nos arrumar. O local não era não longe, talvez apenas algumas quatro quadras de distância, então logo chegamos, não encontramos nenhum dos meus amigos, a música era ótima, e sem duvidas chamei Peter para dançar. Ficamos na pista de dança por longos vinte minutos, e sem saber dos meus amigos e se mandaram mensagem avisando, pois deixei o celular em casa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Não Escolhi Te Perder
Roman d'amourDizem que para fazer uma escolha você tem que saber perder porque não importa o caminho que você escolher traçar, as outras opções ficarão para trás. Seria possível uma grande amizade superar cada obstáculo traiçoeiro que nosso coração impõe? Será q...