Capítulo 17

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P.O.V João Vitor

Estava, pela primeira vez, mostrando a meus amigos mais próximos o material que já estava pronto para meu primeiro disco. Havia um sentimento especial ao observar as reações de cada um aos versos mais pessoais das canções, e mais ainda ao perceber que sabiam bem a quem toda a poesia de amor se referia.

Pedro, o destinatário, por sua vez parecia tenso. Ele sabia que todos ali tinham consciência de nossa relação, e era o primeiro momento em que lidava com isso na companhia de meus amigos, tendo como agravante a forma explícita como tudo ali tinha um toque do nosso amor. Porém, eu mal conseguia me incomodar com seus olhares desesperados. Além de saber que seu amor era real, ainda que tímido, aquele momento era totalmente meu. Meu maior sonho se realizava.

Após tocar a favorita geral, Vou Morrer Sozinho, chegou a vez da música mais pessoal de todo o projeto: Monstros.

(deem play na música)

João: - Gente, agora é "Monstros"... - respirei fundo e me direcionei ao computador para reproduzir o áudio. - Essa é muito importante pra mim.

Assim que terminou o áudio, Carol, aquela que mais colocava sentimentos em suas canções, direcionou uma pergunta a mim:

-Bebê, você colocou muito sentimento nessa música e eu entendo o porquê dela ser tão especial. Tudo bem se explicar um pouco dela? - direcionou meu olhar ao Pedro, que só concordou me dando apoio para continuar

João: Claro Carol. A parte que diz 'debaixo da cama, os monstros me impedem de dormir', são meus pensamentos, meus medos, pesadelos que me atormentam. São medos que me deixavam cada vez mais calado, mais no meu lugar. 'Me sinto só desde de criança, mesmo com gente ao meu redor', sim, sempre me senti sozinho, por mais que eu tivesse minha família ali comigo. Mas não me sentia seguro ou feliz. Esse sentimento veio da infância e sempre foi assim - todos ali me escutavam atentamente sem ao menos dar indício de me querer parar - 'Sempre lutei por liberdade, mas ser livre me fez só', desde de criança eu me sentia só e foi assim até a parte de ser adulto, porém, lutei muito por liberdade, as pessoas se assustam quando você luta por isso e se afastam achando que você é louco. ' Sempre me acharam louco por querer ser mais um pouco, sei que eu tenho os meus monstros, mas continuo a caminhar', meus medos, sentimentos, amores não correspondidos sempre consegui guardar para mim, não deixava transparecer, mas quando comecei a direção de "Lobos" todos esses sentimentos que até então eu nunca tinha lutado contra, vieram para cima de mim e, vieram com força. 'Vou mostrar todas as coisas, que vocês não deram valor, que nunca esperaram ver desse menino do interior', por eu ser menino do interior e sonhar em ser cantor, era loucura - falei rindo lembrando de quantas vezes as pessoas tentaram me derrubar - para eles tinha que se formar em medicina, engenharia, direito para ser alguém na vida, isso também foi um monstro na minha vida. E agora vem a parte que mais me deixou emotivo quando escrevi essa música: 'É tão claro agora, eu queria poder dizer pra aquela criança que ainda não vê. É tão claro agora, eu sei que vai doer, mas isso é necessário pra quem você vai ser', como eu falei sou menino do interior, então, ninguém acreditou em mim, me chamarem de louco, disseram que não ia ser ninguém na vida, ia passar fome porque esse negócio de viver com arte não dá certo. E hoje eu sei o que passei, por onde passei, onde deixei lágrimas, o que me machucou, a caminhada foi difícil, mas consegui lutar contra todos os meus monstros. E se hoje o menino João, visse o Jão de hoje, ele saberia que toda luta e corrida até aqui valeu a pena. A criança que era se orgulha do adulto que sou hoje

Todos ali estavam chorando, ao terminar começaram a bater palmas e se levantaram vindo de encontro a mim, me abraçando dizendo que eu merecia o mundo. Que minhas letras iriam ajudar pessoas ao redor do mundo. Eu era luz no fim do túnel de alguém. Assim como minhas próprias letras de me tiraram do fim do túnel, eu fui inspiração para mim mesmo. Lutei contra preconceitos, sentimentos, amores fudidos, pensamentos e medos.

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