Capítulo 41

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P.O.V. DAY

Acordei com o som estridente de minha campainha e batidas na porta. Alguém estava enchendo o saco para entrar em casa.

Carol: - Ah, pronto. Eu vou lá.

Segurei a mão de Carol e disse que eu mesma ia abrir a porta. Calcei minha pantufa e fui em direção à sala. Ao olhar pelo olho mágico, constatei o que já imaginava pelas batidas descompassadas: era Pedro. Então, girei a maçaneta e encontrei o garoto numa situação deplorável. Seus olhos marejados, cabelo bagunçado e roupas manchadas do que imaginei ser bebidas.

Pedro: - Day, por favor... - disse, com a voz embargada. Abaixou o rosto e continuou falando. - Cadê o João? Eu procurei ele na nossa casa... ex-casa, sei lá... e no Vitão, que mora lá perto. Ele tá aqui? Eu não sei cadê ele. Me ajuda.

Respirei fundo, torcendo para que Jão não pudesse escutar aquela tragédia do quarto onde dormia.

DAY: - Não, ele não está aqui. Mesmo se estivesse, o que você tem na cabeça? Você vai embora e quer fazer graça depois?

Eu estava indignada com o garoto naquela situação. Porém, com o choro desenfreado que ele começou, não tive escolha além de ampará-lo.

DAY: - Vem cá, menino.

Ajudei-o a entrar e se sentar no sofá, visto que ele mal conseguia andar.

Pedro: - Eu não sei o que fazer. Eu preciso dele.

DAY: - Precisa nada, Tofani. Escuta aqui. - comecei a falar, irritada, mas tentando manter o tom calmo. - Não quero nem saber de ver o senhor usando o João quando não tiver mais nada pra fazer. Quer dizer então, que você pode falar tudo aquilo que falou pro garoto e depois ir pedir carinho?

Pedro não dizia nada, apenas encostou as costas no sofá.

DAY: - Isso não é nada certo. Eu sei, óbvio, que a dor é enorme, e que teve motivos pra você ir embora dos braços dele. Mas então, siga sua vida e deixe que o Jão siga a dele.

Dei um abraço no menino.

DAY: - Quando precisar de apoio, eu e a Carol vamos te oferecer. Mas, por favor, saiba separar as coisas. A ideia de vocês juntos acabou.

Pedro: - Okay.

Aquela foi a única palavra que pronunciou. Tofani parecia perdido, como eu sabia que estava.

DAY: - Você está ficando no Renan, certo? Vá pra casa, Pedro. Vou chamar um uber pra você.

Enfim, o garoto foi embora. Ainda que abalada, decidi voltar para a cama e tentar dormir. Porém, no caminho para fazer isso, ouvi a porta do quarto de visitas se abrir. Quando me virei, encontrei João chorando, cambaleando até a cozinha. Pelo jeito, havia escutado tudo.

DAY: - João? Meu amor, vai dormir.

João: - Eu escutei tudo, Day. Eu não tô bem.

Corri até o garoto e dei-lhe um abraço apertado. Escutei Carol vir atrás de nós e se juntar ao abraço.

João: - Eu não acredito que ele tá correndo atrás de mim, o que ele ainda quer que eu faça?

Carol: - Ele só está confuso, meu bem.

Saí do abraço e fui pegar um copo d'água para o garoto.

João: - Então agora ele pensa em mim? Engraçado.

DAY: - Não é assim. Aqui. - disse, entregando o copo ao garoto. - Ele só está confuso e não se deu tempo pra processar tudo, como sempre faz.

Alguns segundos de silêncio se passaram, até que João levantou a cabeça e questionou:

- Amores, posso usar o estúdio de vocês?

Carol: - À vontade.

João: - Que bom. Não vou dormir tão cedo.

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