Capítulo 39

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P.O.V. João Vitor

(deem play na música, babys)

A última noite da nossa história. Era um título pesado demais, mas que não me perturbou demais. Eu sabia que precisava aproveitar aqueles momentos finais. Afinal, era a última noite.

Começou com a última vez em que nossos corpos se tornariam um só. Debaixo de mim, Pedro expressou todas as suas mágoas pela última vez ao me foder. Fomos selvagens como nunca antes pois, como dizem, sexo de reconciliação é sempre o melhor. Mas aquilo não era uma reconciliação, e sim uma despedida. Trocamos de papéis nas várias vezes em que chegamos ao ápice e recomeçamos nossa transa, como se implorássemos por ter um gosto de tudo, novamente, pela última vez.

Com toda a dor, todos os gemidos e toda a saudade já sendo sentida, finalizamos com longos e carinhosos beijos. Nosso amor nasceu tão rápido, e terminava mais rápido ainda. Eu simplesmente não sabia como lidar com aquilo, então apenas deixava que minhas emoções tomassem conta de mim.

Então, subimos ao terraço onde tudo começou. Sentamo-nos no mesmo lugar de antes, observando a cidade e percebendo o quanto nossos problemas eram pequenos. A questão é que eles nunca desapareceriam.

João: - Eu nunca mais vou voltar aqui.

Pedro: - Espero que não volte mesmo. Porque eu também não vou.

João: - Nós realmente fizemos tudo errado, né? - respirei fundo enquanto sentia uma lágrima escorrer discretamente por meu rosto. - Éramos só amigos há tão pouco tempo.

Pedro: - Não quero chorar, por favor. Acho que devíamos roubar um banco?

Rimos juntos da situação. Foi quando, de supetão, toquei em seu braço, gritando "PEGUEI!" e saindo correndo. Era nossa brincadeira favorita quando crianças, e precisávamos sentir aquela alegria pela última vez. Toda a correria fazia com que o vento secasse minhas lágrimas.

A brincadeira teve fim com os beijos mais necessitados que demos até então. Tofani me masturbou pela última vez, e me senti um adolescente irresponsável. Afinal, agíamos como crianças.

Após Pedro terminar aquele trabalho, a tristeza tomou conta de meu corpo. Não consegui segurar o choro, e precisava que nossa última noite tivesse fim. Não queria estragar nossas memórias finais com minhas emoções ruins.

João: - Pedro... vai embora. - olhei para ele, com os olhos como torneiras. - Obrigado por tudo.

Abracei-o, sendo que o mesmo estava totalmente sem palavras.

Pedro: - Eu te amo muito. Acho que nunca vai passar.

João: - Pedro, eu sempre te amei. Não é agora que vai acabar. Eu te amo, muito.

Mesmo não sendo o fim de meu amor, aquela era a última vez que isso seria dito. Pedro, então, me beijou. Nosso último beijo, foi carregado de emoções reprimidas e problemas mal resolvidos. Pedro já chorava tanto quanto eu, mas apenas abaixei o rosto e esperei que ele fosse embora.

O som de sua voz embargada dizendo "adeus" em meio a soluços me matou. Então, fiquei ali, sozinho, como estaria por um bom tempo. Não tinha certeza de que conseguiria, algum dia, me recuperar daquilo. Minha única certeza era de que aquela noite fora a melhor da minha vida, por toda a sua sagrada tragicidade.

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