Capítulo 45

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P.O.V. João Vitor

Eu nem sabia como as coisas escalaram a isso, mas estava no carro de Vitão indo para uma balada no centro. Nossa conversa na escada chegou no fato de que eu não saía na noite há meses por conta do meu namoro e dos shows, e que eu deveria fazer isso. Enfim, parece que iríamos fazer.

O local era pequeno, e por isso muito tumultuado. A embriaguez que já sentia por conta do excesso de vinho em nossa reunião era evidente, mas não me impediu em momento algum de experimentar novos drinques.

Carol e Day dançavam juntas em um canto, enquanto Vitão tentava permanecer por perto, quase me vigiando enquanto observávamos o ambiente no balcão do bar. Nunca gostei da posição de observador em lugares cheios e badalados, mas meu emocional não me deixava fazer nada além de olhar.

Foi quando, surpreendentemente, um garoto ruivo se aproximou de mim. Não disse seu nome em momento algum, mas nossa conversa definitivamente esquentou. Num ato completamente diferente do que foi a vida toda, fomos ao banheiro juntos. Minha consciência foi suficiente para me lembrar de usar camisinha, mas não para me fazer pensar no relacionamento que havia acabado de terminar.

Não sabia onde esconder minha cara ao sair daquele banheiro, enquanto ouvia o garoto dizer coisas que simplesmente ignorei para continuar meu caminho. Encontrei Vitão sentado no chão em um canto, abraçado a uma garota.

João: - Ei, não quer ir embora? Já fiz arte demais por hoje.

Vitão falou algo com a mulher que o abraçava, depois virou a mim e disse:

- Tanto faz. Ela vai junto.

Saí em busca do casal de namoradas, pois elas voltariam para casa conosco. Entretanto, fui surpreendido com um copo de bebida sendo derramado em minhas costas. Virei-me para trás irritado, mas a irritação se esvaiu ao reconhecer Gabriela, uma amiga minha das aulas de violão.

A garota estava incrivelmente linda, e fui objetivo dizendo isso a ela. Batemos um papo agradável, até que o assunto escalou a como eu também estava bonito e, no calor do momento, começamos a nos beijar. Foi um momento diferente, pois éramos amigos de longa data, mas extremamente bom. Gabriela fazia justiça ao que sempre ouvi sobre beijar bem.

Saímos andando abraçados, e avistei Carol, Day, Vitão e a garota desconhecida na porta do local. Todos riram da minha cara, surpresos por estar acompanhado.

DAY: - João Vitor Romania, precisamos conversar. - disse ela, rindo, enquanto saíamos pela porta da balada. - Você tá muito saidinho.

João: - Shhh. É a Gabriela.

Estava prestes a explicar quem ela era em meio a brincadeiras com seu longo cabelo encaracolado, mas senti uma dor extrema no coração ao ver o próprio Pedro sentado na calçada em frente ao clube. Ele também me avistou, e o encontro de nossos olhares expressou palavras que nunca teríamos coragem de dizer.

Gabriela me conhecia bem, e percebeu na hora o que estava acontecendo.

Gabriela: - João, eu já vou. Depois vou te chamar no Instagram, vê se me responde, famosinho.

Ela me deu um selinho e andou para longe, mas não consegui reagir de qualquer forma. Day, também me conhecendo bem, cochicou que me esperava no carro. O garoto se levantou do chão e veio até mim.

Pedro: - Então você supera rápido, João? Não era você que chorava e caía quando alguém não queria mais?

João: - Eu não superei nada. Pelo contrário, Tofani. Eu só estou aqui pra esquecer que não te superei. E você? O que faz aqui?

Pedro: - Não sei, talvez eu também vim aqui pra "esquecer que não te superei".

Ri ironicamente do deboche do garoto.

João: - Você realmente não me leva a sério, né? Eu tô sofrendo, filho da puta. Você só tá tristinho porque não tem ninguém pra escutar você agora.

Pedro: - Se não tem ninguém pra me escutar, foi por escolha minha. Esqueceu que fui eu quem virei as costas pra você?

João: - Caralho, você é muito infantil. - eu gritei, querendo chorar de raiva. - Nem tenho dúvidas do porquê de você ter ido chorar no ombro da Day nessa madrugada. Você é muito vazio.

O garoto ficou em silêncio.

João: - Tchau, Pedro. Vê se cresce.

Dei as costas a ele e segui meu caminho até o carro, odiando aquele que mais amei.

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