Parece bobeira, mas desde ontem depois do cinema venho pensando no casal que vi, e hoje além do sonho com um suposto suicídio meu, sonhei com Carl, quero manter os pensamentos em um único lugar, faculdade e trabalho, nada a mais disso.
— Bom dia Ange! — Fernanda já está pronta para o seu dia de currículos entregues, hoje não farei nada, apenas esperarei para uma ligação, talvez mais tarde vá da uma volta pelas ruas, enquanto o sol está por lá, não planejo sair daqui.
— Bom dia Fernanda, algo de bom? — a menina prepara seu café com iogurte e granola, enquanto abocanha uma maçã.
— Estou indo a uma entrevista de emprego, numa loja na avenida sessenta e sete — olho para ela com meus olhos arregalados em surpresa e alegria.
— Parabéns! — a mesma faz alguma dancinha que faz caímos na gargalhada. Fernanda logo se foi me deixando com o vazio do apartamento, escutava músicas na MTV enquanto remexia no celular a procura das letras das músicas que montei com meu pai, já havia repassado e relembrado cada verso, mas não sabia se uma noite de estreia seria boa uma música nunca tocada me sentiria mais nervosa ainda. Mas sempre foi uma vontade minha e o cachê seria uma pequena ajuda no novo apartamento enquanto não sou chamada.Pela tarde em volta das dezessete horas quando o sol já se ia me arrumo para uma corrida no parque, uns fones e o silêncio dos corredores largos do prédio, no hall cumprimento Ben o porteiro simpático que conversou comigo na última quinta por uma hora seguida, antes de Fernanda me ligar para saber se eu estava bem, hoje até que o dia estava menos movimentado nesse bairro, as pessoas andam calmas, a conversar com as outras ou até mesmo no celular, nos meus fones toca a rádio e num passe doloroso da virada de uma esquina acabo por esbarrar em alguém, um corpo duro contra o meu resultou em bunda no chão e passos cambaleante para trás do indivíduo.
— Me desculpe — a voz grave me estende a mão, estou pronta para soltar muitas maldições, mas não era culpa de nenhum de nós, foi apenas um acidente. Seguro na mão logo olhando os olhos azuis do homem de cabelos negros e pele pálida.
— Desculpe a mim — sorri tirando o pó da roupa. O homem desconhecido me encarou até demais — desculpe mais uma vez — ponho meus fones e começo a corrida novamente, não me esqueço de olhar para trás e ver que me olha, foi uma vibração diferente e bem desconcertante. No parque corro em volta do grande rio, enquanto patos nadam e pessoas conversam em bancos, alguns pensamentos em tudo que vem acontecendo na minha vida, e por mais que não tente pensar no passado, sempre tem algo que me lembre de alguma coisa, é impossível você se livrar, você só não deixa ele afetar o seu presente. Um suspiro e mais uma volta me sento relembrando o sonho que tive, lembro que hoje é dia de gravar para o canal de apoio que criei e de também escrever na página, hoje era dia de motivar milhões de pessoas no mundo. Fernanda me deu essa ideia de fazer vídeos contando a minha história para outras pessoas ao redor do planeta e não só escrever para elas e confesso que é um desabafo da minha semana e a cada uma delas eu tenho um aprendizado, seja o mínimo que for. As pessoas falam que gostam de mim e recebo muitos e-mails de como elas estão lidando com a depressão ou até mesmo a anorexia e confesso que é ótimo, passei essa experiência com elas, e sei como é ter apoio nesse momento difícil, hoje era dia de psicóloga e a noite seria mais apertada, mas acho que consigo levantar cedo para mais um dia de currículos.Quando chego, Fernanda não está em casa, são dezenove e meia da noite, pondo a água no fogo para um macarrão rápido, vou à casa de banho para tirar todo esse suor de mim. Depois de limpa o suficiente com o cheiro do sabonete impregnado em mim, escolho um vestido solto, preto com girassóis, ponho uma sapatilha e prendo um pouco do cabelo para trás, deixando o resto solto. Ponho o batom e saio do quarto, preparo o macarrão e resolvo apenas tomar uma água, estou atrasada demais para sentar e comer devagar. Desço novamente para o último andar chamando um táxi para o consultório.
*
— Bom, eu não sei se os pesadelos e um pouco da agitação é por causa da mudança de rotina, mas vamos dizer que em torno de emprego, faculdade e sonhos, essa Angel reagiu melhor que a antiga que estaria tendo ataques de ansiedade e chorando pelos cantos. — Suspiro enquanto vejo que sorri — estou paciente sobre o emprego e digo que ansiosa para faculdade, mas que ser humano não ficaria?
— Continue assim Angel. Estou feliz por você, e bom, não tenho nada a mais para dizer, só quero que tome cuidado com essa ansiedade, vejo que agora é uma mulher diferente daquela menina que conheci. Uma personalidade forte, quero que volte no próximo mês, com boas notícias como agora.
— Voltarei sim — aperto em sua mão me despedindo. Não me sinto mais alegre do que agora, não poderia me sentir melhor, é o que importa minha felicidade e nada a mais, falta dois dias para a faculdade agora e nunca estive tão feliz por escrever num caderno, pois eu poderia abrir novamente a galeria da mamãe.
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Destinados - Um Novo Recomeço- Livro 02
RomanceAngel deseja para sua vida muito mais do que imaginou durante três anos, o que o hospital de tratamento lhe ofereceu foi nada além do que pensamentos, apaixonada pela arte, livros e a vida. Agora curada e mais determinada do que nunca resolve ir a L...