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Angel

  Na minha frente está um Carl de rosto inchado e cabelos uma zona, veste apenas calças e está descalço. Anda até a mesa a se sentar bocejando e passando a mão nos olhos.
  — Bom dia — respondo o homem que libera um pequeno sorriso com os olhos semi fechados, começamos a comer quietos a ouvir a chuva lá fora, Carl direciona seu olhar para a grande janela da cozinha e encara o relógio.
  — Vou me arrumar e te levo para casa antes de ir à empresa — se levanta e tenho a necessidade de engolir minha comida e o parar no meio do caminho.
  — Não precisa, pego um ônibus — vejo que já sobe os degraus.
  — Faço questão senhorita — senhorita.

  Subo as escadas também de modo a pôr pelo menos minha blusa, são onze e dez e preciso trocar essa roupa em casa para encontrar a equipe da palestra para tiramos fotos. Hoje é quarta e o dia será cheio, não me esqueço que irei ligar para Daniel é algo que mesmo tentando esquecer, sempre que lembro do meu dia a ligação vem à mente. Mesmo que quisesse deixar quieto por ser águas passadas, dúvidas iriam me encher até que ligasse, e confesso, quero explicações. Espero Carl por mais dez minutos e quando aparece na escada, reparo a diferença de cabelos arrumados e terno, engulo em seco a imagem atraente, dou uma pequena risada de mim enquanto seguro a minha bolsa e visto seus calções. Reviro meus olhos passando por ele e descemos no elevador até o estacionamento. Acionou um carro baixo e preto, nunca vi até porque seu preferido sempre será um gip.

  Hoje o dia promete ser gelado, me arrependo de estar com esses calções, mas não reclamo nada e tento ignorar a minha pele arrepiada enquanto olho a neve cair lá fora, mal se vê pessoas nas ruas, o dia está fechado parece que a qualquer hora irá cair uma forte tempestade. Não demora mais de uma hora para já está de frente a meu apartamento, foi tão constrangedor, não conversamos mais nada desde que saímos do estacionamento do seu apartamento, parecíamos estranhos, nos despedimos e agradeço a carona. Cumprimento o porteiro e subo às pressas para me agasalhar, quando o elevador se abre me vi correndo pelos corredores para chegar nos últimos quartos e ouvi vozes alteradas. Já sei de quem são e resolvo aguentar o frio, escondida atrás da parede.

"Não posso contradizer enquanto não houver provas".

  Com os olhos arregalados e respiração acelerada, ativo o celular para gravar e deixo de um modo que não percebam que estão sendo filmados. Continuo a olhar para minha frente deixando apenas a ponta da câmera do celular fazer seu trabalho, ouvindo a conversa dos dois.
  — Já disse, você tem que parar de vir aqui! — Cassandra está alterada, minha respiração já voltou ao normal, abaixo meu olhar para o chão visualizando o carpete embaixo dos meus pés, os pelos das minhas pernas estão arrepiados e sinto que, meus músculos estão enrijecidos.
  — Mas você disse que não está com aquele cara! — não sei o que se passa entre eles ali, mas Cassandra demora muito tempo para responder.
  — Vamos entrar que aqui é perigoso, ele pode chegar a qualquer hora. Pode ouvir nossa conversa e descobrir que o pirralho que está aqui dentro não é filho dele! — as vozes iam ficando mais distantes, e meu coração está acelerado por agora ouvir da sua boca realmente que o filho não é de Carl e, ao mesmo tempo, perceber que ela não gosta da criança que carrega, me abaixo devagar para pegar o celular que deixei no chão encostado na parede com a câmera do lado de fora para gravar eles.

  Desligo a câmera ainda abalada com o que acabara de ouvir. Ando até meu apartamento e me sento ao sofá assim que entro. Começo a ver o vídeo onde no começo ela empurra o rapaz, logo depois ele gesticula para ela e aponta para qualquer lado quando fala de Carl, quando Cassandra se refere ao bebê aponta para sua barriga e faz cara de nojo. Me sinto mal em ver o que está planejando, apenas por dinheiro talvez? Penso três ou mais vezes a gastar meu tempo se mando, ou não mando para Carl, não sei se isso é um ato egoísta ou se estarei o ajudando, disse que não a ama, não quer casar e que se tivesse uma prova para comprovar que não era seu filho, mesmo doendo, se livraria de tudo que não o faz feliz. Estou a enviar, mas não é porque quero viver realmente agora um romance com ele, não estou feliz que o filho não é dele, não estou feliz que posso estragar seu casamento, mesmo ele não querendo. Mas sei que se sentirá mal com isso. O vídeo já foi e que chegou lá, subo as escadas indo ao meu quarto trocar de roupa e por algo apresentável e bom para uma foto. Já pronta recebo uma mensagem de Will dizendo que estar me esperando para irmos à sessão de fotos, será rápido e acho que tenho tempo para ir ao trabalho sem me atrasar. Pego o celular o pondo na bolsa e saio do apartamento em passos largos para o elevador.

  No carro todos comentam como será as coisas, como iriamos fazer, diziam até sobre a galeria que já foi aos jornais e haviam visto. Fico feliz em gastar meu dinheiro em algo eficiente que já está em anúncio. Mas a minha preocupação é no vídeo visualizado e no que pode estar a pensar ou a fazer.

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Destinados - Um Novo Recomeço- Livro 02Onde histórias criam vida. Descubra agora