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 Já havia se passado uma semana desde que distribui meus currículos, ninguém ligou para mim, mas não perdi as esperanças de ter um emprego, Fernanda também ainda não havia encontrado nada e hoje estamos em casa, planejando uma tarde de cinema. Toco alguns acordes do violão que meu pai me deu há um ano, no meu aniversário de dezenove anos, disse que era dele no tempo que tocava numa banda da escola, estava guardado na casa da vovó, o que me fez pensar que ele esteve por lá e nesse tempo que estive com esse violão, meu pai me ensinou a tocar, e agora sei o quão bom e sentimental é tocar alguma música que gosta, agora sabia o que Carl sentia. Enquanto tocava Cartas à mesa, uma das músicas do álbum que me deu lembrou-me do bar que fui a algumas noites, iria tocar daqui alguns dias lá, que bom que o dono concordou em me dar uma chance, é a primeira vez, mas estou aberta para muitas primeiras vezes e vamos se dizer que toda vez que penso nisso sinto um frio na barriga bom.

  Deixo o violão ao lado da cama e vou à procura de uma roupa para eu e Fernanda assistimos a um filme. Opto por uma calça preta, uma blusa de frio de lã branca e umas botas, o dia da faculdade está próximo e os meus materiais já estão arrumados desde já, Fernanda não para de falar sobre as aulas e confesso que às vezes a repreendo por ter tanta ansiedade, mas também a entendo plenamente. 
   — Pronta? — se levanta do sofá pegando sua bolsa nunca tirando os olhos do telemóvel. 
   — Sim — seguro nas minhas chaves e logo estamos no corredor do apartamento a falar sobre um bairro onde Fernanda encontrou uma casa para nós, era um prédio de oito andares e o nosso era o último, disse que era pequeno, mas que iríamos amar! Não me importo com o tamanho, apenas que teremos um lugar só nosso. Também comentou que era do lado que deixamos currículos no café que é uma gracinha e me lembro de como deve ser ótimo ler um livro lá. Já no táxi, cantamos junto com o taxista simpático, na rádio passa músicas alegres e isso revela sobre o sentimento que ele deve estar sentindo, recebeu alguma notícia boa, foi uma pena ter deixado o carro e a alegria do motorista, nem nos conhecia!

   Na fila dos ingressos para vemos "Amor e Trovão" eu e Fernanda esperamos há alguns minutos e há nossa frente havia um casal, começo a pensar em como de tudo o que quero, um relacionamento agora não é o que desejo. O jeito como ele mexe em seus cabelos loiros, como ela o olha e o repreende por bagunçar as madeixas. Lembrava-me alguém que não gostaria de lembrar agora, suspiro e resolvo prestar atenção na história de Fernanda que conta sobre o último filme da Marvel.  
  — Não será a mesma coisa sem o Stan — reviro os olhos calando a menina com um aceno de mão que faz cara de birra e relaxa os ombros.
   — Estraga prazeres. Não precisava me lembrar disso — cruza os braços e cai na gargalhada. Nos nossos acentos e com nossas pipocas, vi a garota loira passar, era linda, se sentou ao lado do rapaz e deitou sua cabeça em seu ombro. Eram lindos. Tiro meus olhos deles para a telona, pois já iria começar o filme.  Era cerca das vinte horas e eu e Fernanda andávamos nas ruas geladas, ela reclamando e se lamentado do frio, eu a pensar em alguém que evitei mais que tudo, estou curiosa por Carl depois de muito tempo sem saber dele, pois desde a última vez que soube, foi quando recebi sua última carta — poderia ser muito bem uma ligação — não quis mais saber dele, não quis pesquisar e nem mesmo assistir a televisão, era alguém famoso agora, cuidava das construções dos maiores prédio de Londres, iria lembrar-se de mim? Ligava para Elina a cada dois meses praticamente, a própria mãe que não visitou durante os três anos que foi embora. Por que iria ligar para mim?

  Entramos no apartamento, e enquanto Fernanda foi direto ao seu quarto, fui à cozinha colocar água no fogo para um chá, indo ao quarto colocar um pijama confortável olho o calendário pequeno que tem sobre as anotações na minha parede, teria psicóloga amanhã, a doutora Gabbe vem me ajudando desde o processo de tratamento, e mesmo que no começo recusei, ela insistiu contra minha vontade e quem era eu para dizer não? Uma doente que precisava de ajuda e ainda por cima, teimosa. Tomo o chá a assistir Friends enquanto ainda é cedo, amanhã eu e Fernanda íamos ver o apartamento que supostamente ou futuramente poderia ser nosso, e espero receber uma ligação logo.

Estou republicando, pois exclui esse capítulo sem querer e tive que refazer, me perdoe pela demora. 

Destinados - Um Novo Recomeço- Livro 02Onde histórias criam vida. Descubra agora