Fico de fechar o café, Fred já está a se arrumar para ir embora enquanto limpo todas as mesas, mais cedo Carl me disse que não poderia me levar para casa, justamente por tirar férias para viajar comigo está em uma reunião que não saberia quando iria acabar. Por mais que estamos na primavera hoje parece mais frio do que quando estávamos no inverno, o que resulta que são nove horas e já estamos a fechar, ninguém irá mais vir, desde que estamos sem clientes desde às sete. Era para ter fechado a uma hora antes, mas eu e Fred achamos de tomar um café e por o assunto em dia já que não fazemos isso ao longo do nosso dia por conta dos demasiados clientes.
— Boa noite Ang — sorri para Fred levando todos os pratos para dentro da cozinha e tirando já o meu avental. Vou ao quartinho tirar meu uniforme para por minha roupa quente para ir embora. Apago todas às luzes e saio para fora com minha mochila as costas, a deixo no chão para fechar tudo com total segurança. Pondo a mochila nas costas novamente, ponho as minhas mãos dentro dos bolsos e olho para o grande prédio preto, daqui não vejo nada lá dentro pelos vidros negros, mas sei que alguém ali na recepção me vê. Suspiro e saio de onde estou ou irei congelar. Para minha total sorte o ônibus das dez é o último e hoje poderei o pegar, mas tenho que andar duas quadras inteiras, olho meu relógio de pulso e apresso meu passo, tanto para dar tempo, tanto para esquentar. Ouço mais alguém a andar comigo, mas não me importo, assim como eu, pessoas voltam para suas casas.Agora só falta mais uma quadra e meu coração está a mil, sei que a pessoa que está atrás de mim não é um trabalhador e meu medo só aumenta quando mais dois homens atravessam a rua e ficam a minha frente, paro meus passos, minha respiração está ofegante, mas não por andar rápido demais, por medo. Sem tempo para reagir sou agarrada por trás e uma mão é posta na minha boca com um pano, temo ser remédio para desmaiar, mas não é, só está ali na função de abafar meus gritos apavorados enquanto me arrastam para algum lugar escuro, lá minha bolsa é jogada e um primeiro golpe acerta meu estômago, fico sem ar com isso. Não parou, foi um, dois, três e quatro chutes, meu corpo todo doí enquanto me pergunto o porquê estão fazendo isso, minha visão embaçada e sinto além das dores o gosto metálico do sangue. Eles param e correm para longe de mim, me encolho gemendo em dor, ouço alguém gritando e não conheço a voz, dois outros homens estão a chegar perto de mim, um a gritar pela ambulância outro a perguntar para Deus como poderiam fazer o que fizeram comigo.
Carl
Saio por fim da maldita reunião a segurar minha maleta, ando entre os corredores da empresa impaciente, já são mais ou menos dez e cinquenta e ligo o celular para mandar algo a Angel, não sei se ainda está acordada, me disse que sairia cedo do trabalho. Haviam cinco ligações perdidas de um número desconhecido, enquanto saio do elevador já no estacionamento, antes que eu aperte o número de Angel o mesmo número desconhecido me ligou.
— Est...
— Carl! Angel está no hospital! Alguém a espancou — não conheço quem está ligando, também não quero saber, antes de desligar e pôr o celular no bolso, escutei o nome do hospital e também quando o médico pediu oxigênio, corri em direção ao meu carro, entro jogando a maleta para lá, foda-se os papéis, ligo o carro escutando o motor estrondar o lugar, arranco da vaga para sair, uma demora para o portão automático subir, droga, que diabos? Assim que consegui passar acelerei, passando por carros que buzinam, passo sinais vermelhos driblando tudo e todos, não posso fazer isso, não posso ajudá-la se morrer fazendo essas manobras, perto do hospital reduzo minha velocidade, o trânsito está demasiado e isso me faz ficar ainda mais irritado e ansioso. Minha cabeça me faz perguntas de quem poderia ter feito isso com Angel, mas uma coisa era certo, não eram pessoas normais, não fariam isso para uma garota qualquer de rua, mas também me restava dúvida de Gilbert, a algumas semanas fiz o trabalho que queria que eu fizesse, me prometeu não mexer com ninguém da minha família, então quem fez isso com Angel? Exportar drogas em meus navios particulares e armamento para bandidos não é uma coisa fácil.Ao chegar no hospital encontro Fred que me diz que Angel havia entrado a alguns minutos e que não havia nenhuma notícia ainda.
— Me ligaram era nove e quarenta e sete, estava chegando em casa, aqueles dois homens disseram que viram quando ela estava sendo espancada por três, levaram nada dela, não sabem o que queriam, mas fizeram a queixa na polícia. — Os homens saem e dão um aceno para nós — irão descrever o homem para os policiais.
— Deveria ter saído mais cedo — suspiro.
— Ei não se culpe pelo aconteceu, eles são culpados, várias outras pessoas passam por isso e não é culpa de ninguém só de quem o fez. Vamos aguardar, sim?No carro para casa eu não sabia qual eram os meus sentimentos nesse momento. Eu só me sinto exausto, Angel tem uma costela fraturada e hematomas internos, por sorte a cabeça não foi afetada, mas como disse Fred, isso era algo armado por alguém, nenhum marginal espancaria alguém por esporte, levaria o mínimo o celular e o dinheiro, como lá os homens disseram, apenas a bateram e deixaram lá como se fosse nada. Nesse momento agarro o volante com tanta força que sinto os meus dedos doerem. O celular ao meu lado vibra e deixo o carro já estacionado dentro do estacionamento, seguro no mesmo atendendo e pego minha maleta.
— Carl amor, como está? — ouvir a voz da minha mãe do outro lado me acalma um pouco.
— Não estou bem mãe — digo por fim deixando meu corpo escorado sobre a parede do elevador. — Muitas reuniões e Angel está no hospital. — Por um minuto acho que a ligação caiu, mas logo sua voz é ouvida novamente.
— Como assim?
— Pode vir aqui amanhã?Jogo todos os documentos em cima da mesa de centro e o deixo lá, tranco a porta e subo as escadas retirando meu blazer e a gravata, jogo toda a roupa para um lado do quarto e vou ao banheiro para um banho quente e relaxante, assim que limpo, a única coisa que lembro é de cair na cama e dormir.
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Destinados - Um Novo Recomeço- Livro 02
RomanceAngel deseja para sua vida muito mais do que imaginou durante três anos, o que o hospital de tratamento lhe ofereceu foi nada além do que pensamentos, apaixonada pela arte, livros e a vida. Agora curada e mais determinada do que nunca resolve ir a L...