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Angel

   Não pude deixar que a alegria passe por todo meu ser em finalmente ser reconhecida em algo, leio com pressa cada palavra que havia no privado do meu blog, Angel Cooper está sendo convidada para ministrar uma palestra sobre a minha vida? É isso mesmo? Pulo dentro do quarto, estou sem reação perante a notícia, a primeira coisa que faço é ir à lista de chamadas, preciso contar isso para alguém. Logo a minha felicidade vai embora, a pessoa a quem iria contar está a sete palmos abaixo da terra. Fecho meus olhos com força em ver que toda minha alegria se foi. A imagem de Fernanda entra na minha mente e acabo por puxar meus cabelos, a mistura da dor e talvez da culpa vem como uma bola voadora e me bate com força. Caio para trás, para a cama a olhar o teto, a deixar que as lágrimas venham, é impossível tentar esquecer, pois para onde olho, para tudo o que acontece na minha vida me recorda a ela, droga! Droga! Droga! Jogo as almofadas no chão e me encolho na cama, puxo o travesseiro para mim e desabo ali, me sinto a mesma menina de três anos atrás, a me afogar na bolha d'água que é meu quarto. Juntamente com a lembrança de três anos atrás, com os olhos fechados acabo por me ver em cima da cama, a olhar o corredor enquanto vejo que tem uma luz acesa por baixo da porta do outro lado, meu corpo se levanta e ando até lá, alguém chora em cima da sua cama com algo no colo. Me sinto agora como Carl e o entendo completamente, mesmo depois de um ano da morte da sua irmã, ainda chorava e sentia a maldita culpa. Volto a minha realidade a me ver no espelho, não há mais lágrimas para serem soltas, apenas choro sem nenhuma a sair dos meus olhos.

   Quando por fim me acalmo me pego a olhar para o nada, reparo que já é tarde da noite e ligando o celular que ainda está na lista de chamada desço até Fred, reparo que abaixo do mesmo tem o número de Carl, não me lembro quando salvei seu número aqui, mas não acho conveniente ligar para o mesmo, são onze e meia da noite, não vou ligar para ninguém. Jogo o celular no móvel e começo a recolher todas as almofadas que foram arremessadas e resolvo tomar um banho que relaxe meus músculos.

   Assim que acordo me lembro que não tem faculdade, meus olhos ficam pregados no teto do quarto por muito tempo, sem sono não volto a dormir, então me pego a observar a tela do notebook pela manhã inteira. Foi o que sempre sonhei, ser reconhecida e colocar a minha vida como um exemplo para outras pessoas que passaram pelo que passei, para terem forças para vencer como venci, a anorexia e bulimia ainda é pouco falada e merece ter uma importância tanto quanto um câncer tem, ambos levam a morte e isso não é uma doença boba de adolescentes, devem sim! Ter consciência que milhões de pessoas, não só mulheres passam por isso. Se fiz o blog, se por causa dos meus relatos várias meninas e meninos conseguiram vencer isso, imagina milhões que estarão ouvindo o que tenho a dizer? Fico muito feliz por cada um que me manda mensagens, ficarei mais ainda por pessoas que passaram a ajudar outras ao seu redor reconhecendo que isso não é brincadeira.

   Me levanto da cadeira perto da escrivaninha e seguro no meu celular, a ligação vai para Daniel, preciso contar a ele sobre o que irei fazer antes de aceitar ao convite e ter uma conversa com o homem que o mandou para mim.

   — Oi pai...

   Ando entre as pessoas na rua fria, o sol acima de mim não faz o seu trabalho em esquentar meu corpo, só me deixa ter arrepios na pele. Entro no shopping sentindo a diferença de temperatura, procuro uma roupa que seja apresentável para a próxima segunda, Mattew marcou comigo o dia que iríamos tirar uma foto para divulgar a minha palestra e o dia que irei apresentar, já me sinto ansiosa para isso, Daniel, por outro lado se sentiu muito orgulhoso da minha pessoa e me prometeu que viria junto a Lis para me ver no teatro municipal, preciso do apoio de ambos e com certeza um amparo. As coisas vêm acontecendo tão rápido, vir a Londres me proporcionou tantas coisas ao mesmo tempo. Em apenas quase três meses. Minha escolha foi rápida na roupa, um macaquinho preto delicado e sofisticado, não sou tão boa com roupas, ainda mais para um evento onde irei aparecer para toda Londres. Pago a mulher atrás do caixa pelas roupas e agradeço a atenção saindo, pelo shopping, passo por um café e paro fazendo um pedido. Assim que tudo está feito, entro no carro indo direto ao meu trabalho, me pergunto agora se a roupa que comprei é boa o suficiente ou muito simples, agora fico ansiosa. Ainda não dei a notícia a Fred e espero ter as atitudes mais positivas possíveis, não quero nada negativo até a segunda que vem, pois até lá posso desistir ou até mesmo temer que por esses novos acontecimentos na minha vida posso voltar a ter pesadelos e ataques de pânico. A doutora Gabbe deixou claro que acontecimentos diversos pode ser a causa desses tipos de coisa e tudo o que menos quero é voltar aos filmes de terror de três anos atrás.

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Andei esses dias muito desanimada e acabei tendo crises e bloqueio criativo, me desculpe tanta demora. Vote por favor ❤️

Destinados - Um Novo Recomeço- Livro 02Onde histórias criam vida. Descubra agora