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Angel

  Aquilo me trouxe uma sensação de estar sendo golpeada, pois agora voltei a realidade que daqui alguns dias eu verei Daniel, mas quero tirar satisfações antes disso, quero saber, ou terei dúvidas até semana que vem. Quero uma vez por todas acabar com qualquer coisa que me deixe negativa. Não quero voltar a ter pesadelos.
  — O que foi? De repente ficou quieta e pensativa — olho para Carl deixando meu corpo relaxar junto a respiração que saiu da minha boca ao me sentir derrotada.
  — Descobri porque Daniel não queria que eu fosse a galeria. E agora quero tirar dúvidas, porque se me deu a chave, está preparado para responder minhas perguntas — Carl me olha com olhos confusos. — Daniel traiu minha mãe, e ela expressou sua dor em um quadro e por mais que já se foram mais de dez anos, quero saber se tudo o que vivi foi uma mentira. Eu posso ter um irmão! E se ele teve outra família ao longo de seis anos?
  — Isso é extremamente grave — Carl parece realmente surpreso e abalado com essa notícia.
  — Tem muita coisa em jogo...

  Eu e Carl fomos para a cozinha e enquanto preparamos algo para comemos, mesmo se tratando das uma da manhã seu celular toca.
  — Cassandra — olha para o mesmo e não atende.
  — Mesmo não tendo nada com ela, continua te ligando? — ouço seu suspiro e joga o celular para longe.
  — Acha que manda em mim por carregar meu filho — respiro fundo e balanço a cabeça negativamente, não me faz engolir nada disso tendo a imagem do homem que esbarrou comigo no corredor.
  — Carl me desculpe, mas acha mesmo que é seu filho? — cruza os braços no peito a me olhar.
  — Jurei que não, por meses, mas não posso contradizer sem provas, tenho que esperar nascer. E por mais que doa, por mais que fiquei feliz por saber que seria pai, mesmo não acreditando e achando um pesadelo. Seria o certo e até lá, até descobrir que não é meu filho, estaremos casados. Cerca de dois meses.

  Então meu mundo cai novamente, sabia que iria se casar, mas não tão cedo como dois meses! Agora sei que eu e Carl somos errados. Por mais que nos amamos, irá se casar e mesmo sendo contra sua vontade e sendo "livre" em que século vivemos para casamos obrigados? Carl quer manter o patrimonio do pai, entendo isso, mas seu pai não aceitaria que fosse infeliz, ele pode reconstruir, tem que a ver outro jeito disso tudo acontecer.
  — Trocando de assunto — o olho a mexer no fogão — porque aqueles homens estão atrás de você? De qualquer forma, o acordo não era ficar no lugar de Liz? A mesma voltou a Doncaster, pode assumir, não é? — Carl suspira derrotado e descruza os braços dos peitos, me olha e se recosta novamente.
  — A dívida que tenho com aquele homem, ninguém pode resolver a não ser eu mesmo. Então, não coloque isso na sua cabeça, nem na da minha mãe. Irei resolver, mas para isso estou esperando as últimas reuniões da empresa e logo viajo para fazer o que ele tanto quer.
  — Conversou com ele? — não escondo a minha indignação, ponho o ralador de batatas no balcão e caminho para perto.
  — Claro, não quero que maltrate ninguém que amo, que mate mais alguém para eu me posicionar e acabar de vez com isso. Sei o que quer e irei fazer. Mas é confidencial, para sua e minha própria segurança. Não suportaria ver você abaixo de sete palmos. Não suportaria perder mais ninguém, estou no meu limite acredite. — Respira fundo afastando seus cabelos de seu rosto e me põe a mesa alguns ovos. — É por isso que eles sumiram — se senta a mesa.

  Comemos quietos, lavamos e secamos o que sujamos, Carl segurou minha mão me levando para seu quarto, mesmo achando tudo isso errado, não vou deixar de aproveitar esse momento, tenho uma leve impressão que isso não acontecerá novamente. Dormimos finalmente depois das duas da manhã.

  Acordo de repente, olhando o teto, sinto frio e puxo o lençol para cobrir meu peito, meus olhos pararem no relógio na parede, são dez horas, sussurros ao pé do meu ouvido me faz olhar para perto do meu ombro, lá está ele, calmo a sussurrar e remexer os olhos. É, algumas coisas realmente não mudam, enquanto dorme me pego a pensar em como agora tem um mesmo semblante de antes, mas agora parece bem maduro, finalmente cresce alguma barba e seus traços estão mais duros. Me pergunto se a vida fez isso conosco, nos obrigou a sermos mais maduros, mas, ao mesmo tempo, penso que éramos apenas adolescentes lutando contra problemas internos e coisas que não eram para nos preocupar. Tínhamos tudo para irmos à festa, nos embebedar para nos divertir, mas procurávamos coisas que nos fizessem esquecer o inferno que eram nossos problemas. Éramos pessoas quebradas e agora talvez voltamos a nos encontrar para terminar de fechar a ferida com um último ponto.

"E promessas são desfeitas como ponto em uma ferida".

  Me levanto da cama a fim de tomar um banho, sei que não se importaria, enquanto dorme tranquilo mexo nas suas roupas atrás de algo que possa vestir, acho uma calça moletom esportiva e a seguro. Ando para o quarto ao lado e recolho as minhas roupas, encaro o dia que está lá fora, falta agora apenas seis dias para irmos para o quarto mês, estou ansiosa para ir ao parque curtir o sol. Tomo um banho quente e demorado, quando saio da casa de banho estou vestida apenas nos meus sutiãs e nas calças, ponho um grosso casaco que encontrei, vai quase na metade das minhas coxas. Desço as escadas para preparar um café e ponho pão para torrar, enquanto vão ficando prontas, vasculho tudo em busca de uma bolsa plástica para por minha roupa. Quando acho a bolsa, as torradas já estão prontas, ponho sobre a mesa e preparo bacon.

  Tudo pronto me viro para subir e ver se já acordou e está na beira da porta, tão desleixado como nunca vi.
  — Bom dia.

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Destinados - Um Novo Recomeço- Livro 02Onde histórias criam vida. Descubra agora