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Angel Cooper

  Assim que piso em casa, Fernanda está a comer sobre o sofá a assistir suas séries, cumprimento-a indo diretamente ao meu quarto, arrumo a câmera perto de uma iluminação boa, é a primeira vez que a ligo em uma semana que estamos aqui e confesso que tenho muito para contar e aconselhar, as pessoas que estão do outro lado são o meu conforto.
   — Olá pessoal! — aceno para a câmera, onde estarão me vendo — sem delongas vocês sabem o que devem fazer, quero muito dizer que já estou em Londres! Graça a todos vocês aí desse lado estou curada — soa tão bem, mas ainda sim é tão estranho saído da minha boca, estou curada, finalmente — essa semana tem sido bem corrida, estou a entregar muitos currículos e bom, já tenho um lugar para morar e isso é ótimo, acabei de chegar da psicóloga, vocês foram? Essa semana? Roda de apoio? Ontem tive um sonho estranho tão real quanto — gargalho, mas o sorriso se vai só de lembrar-se do que se tratava — e hoje o que vou falar tem base desse sonho. Sonhei com o dia do meu suicídio, o dia que me inspirou a fazer vídeos a vocês, incentivando a todos, a nunca desistir e venho dizer que a maior coisa que me manteve aqui, que me fez ter forças, foi minha família e meus amigos, vocês aí devem ter algo ou alguém que se inspira que é tudo para vocês. Então não desista, a vida é feita de altos e baixos e quase sempre caímos tanto que tememos não levantar mais, mas saiba que o importante é levantar, quando você olhar para trás, saberá o quão doloroso foi, mas acima de tudo valeu a pena...

   Depois de publicar o vídeo resolvo colocar meu pijama, pois amanhã é mais um dia de currículos, não quero pensar negativo em nada, não quero ter que está triste, passei muito tempo sem sorrisos e está na hora de mostrá-lo um pouco, antes de dormir, resolvo ligar para Daniel, que claramente não me atende, então disco o número de Elina.
   — Alô — a voz do outro lado é o suficiente para abrir um grande sorriso.
   — Elina, sou eu Angel — me sento sobre o parapeito da janela, vendo as ruas escuras, pouco iluminadas pelos postes amarelos.
   — Querida, que bom que ligou, estava preocupada — dá para sentir o conforto da sua voz, o jeito emotivo que fala, irei sentir falta de Elina com certeza nos meus dias.
   — Aqui está corrido, mas prometo ligar mais, eu e Fernanda já encontramos um lugar para ficar e acredita! Ela já está a trabalhar em poucos dias de currículos.
   — Isso é ótimo! E você? — olho as estrelas e respiro fundo.
   — Ainda não recebi nenhuma ligação, amanhã mesmo vou entregar mais para outras lojas e empresas, não vou desistir Elina, e meu pai? Onde está?
   — Daniel foi entregar remédios para algumas cidades vizinhas daqui, volta em uma semana, estou só com Thomas — sorri com a imagem preguiçosa e gorda do gato. — Ah, Carl veio aqui, depois de tanto tempo! Ficou comigo por uns dias, perguntou de você e teve que voltar — meu coração está disparado, aliás, em três longos anos, não pensou em visitar a mãe nem mesmo a mim, chego até a me perguntar se realmente o destino atendeu as minhas preces de não o encontrar tão cedo, mas tantas coisas agora estão se referindo a ele, qualquer coisa que me lembre dele está a vir, por que agora isso? — Angel?
   — Oi? Desculpe! E o que ele disse? — a mesma suspirou.
   — Conversamos bastante sobre sua vida, sobre o tempo que passou longe, é um homem agora e bem resolvido e ocupado — ouço sua risada — mas quando perguntou de você, disse apenas que já estava curada e que demorou mais do que o previsto, mas que valeu a pena e já está em Londres — respiro fundo, sabe que estou aqui — ele ficou feliz.
   — Isso é bom — poderia dizer que tais palavras me afetaram e que Carl ainda me afeta por mais que tente ser forte perante a ele, mas não posso enganar a mim própria. Conversando mais um pouco com Elina sobre várias coisas, resolvo dormir, me deito à cama sentindo meu corpo protestar perante o macio do colchão, demora em me acomodar, mas quando o faço durmo como pedra.

   Pela manhã acordei mais cedo, me preparei para o dia e fiz o café, Fernanda já havia saído pelo visto e estou só, organizo a pasta e a mochila sobre o sofá e tomo um café demorado e saboroso, lavo meus dentes e volto para a sala, olho para o visor do celular vendo que são dez horas e uns quebrados. No corredor do apartamento me lembro de hoje à noite, irei tocar e isso me faz muito feliz, mas o que irei tocar lembra-me muito bem que Carl sabe que estou aqui, e que podemos nos encontrar, mas Londres é grande e ele não deve está por esses lados. Isso me conforta e me faz tirar os pensamentos dele, irei tocar uma música que escreveu que me tocou muito durante muito tempo, espero que gostem.

Destinados - Um Novo Recomeço- Livro 02Onde histórias criam vida. Descubra agora