Antes que continue a explicar pela minha cara confusa a campainha toca, quem seria a essa hora da noite? Me viro de costas e abro à porta vendo a figura do homem que me despedi mais cedo, parece arrasado e isso me lembra do vídeo.
— Pensei em te pegar no café, mas fechou mais cedo — engulo em seco, porque mesmo Daniel estando aqui, não mandaria Carl para casa, sei que está aqui, pois não quer ficar sozinho com aquele vídeo.
— Entra — abro à porta e escuto sua voz em surpresa enquanto fecho a porta.
— Daniel?
— Carl — meu pai não parece muito surpreso, acho que os pensamentos do que irá falar o deixa sem emoções.
— Se você quiser eu vou...
— Pode ficar, meu pai não se importa, né pai? — Daniel nos olha, não vou mandar Carl embora. Daniel suspira e abana sua cabeça negativamente. — Pode continuar. — Carl se senta no sofá enquanto ouço que o chá está pronto, vou até à cozinha para por o chá em duas xícaras, volto a sala a entregar a Daniel — me desculpe não sabia que vinha — me dirijo a Carl que sorri pequeno e faz um gesto de não se importar.
— Sua mãe verdadeira não é Luce — meus olhos e os de Carl se dirige ao homem à minha frente que olha a sua xícara, sabia que havia algo, mas isso foi como uma facada no estômago, não é como se eu já estivesse sentido uma facada no meu estômago, mas a sensação era horrorosa. — Sua mãe verdadeira morreu no parto e antes de saber que teria você eu já tinha um caso com Luce, sua mãe Janes trabalhava como professora, e antes de eu ser seu pai e apenas namorado dela, era um mecânico a fazer faculdade de médico. Terminamos quando ela descobriu que eu a amava e amava Luce, e me fez escolher com quem eu ficaria. Luce também não sabia sobre Janes, mas ao contrário de sua mãe ela aceitou me dá uma chance, e mesmo que aquilo doeu nela, fez o quadro. A mulher ruiva é sua mãe, herdou na verdade os olhos e as sardas dela e como seus cabelos eram negros, dizemos que era os meus. Janes morreu no parto e você ficou comigo, Luce te amava como o filho que ela nunca pode ter. Eu sabia que se contasse isso para você não entenderia, e vendo o amor que vocês duas tinham uma pela outra, nunca tive coragem de te contar, você já sofria com a morte de Luce, não queria te fazer acreditar que sua vida foi uma mentira, sendo tudo minha culpa — as lágrimas que rolam em meus olhos, tem efeito cachoeira, não acredito, nada disse é verdade... — na minha cabeça eu sabia que mesmo se você soubesse de Janes, Luce sempre seria sua mãe, te criou e cresceu com ela, não sentiria nada por Janes, mas eu sabia que se um dia abrisse a galeria veria a sua verdadeira mãe. Não é culpa de ninguém a não ser minha. Menti para você sobre sua mãe, me apaixonei por duas e no final perdi os dois grandes amores da minha vida e conforme o tempo passava só pensava em não te perder. Não é por sentir algo a mais por elas ainda, amo Elina — encara Carl — mas não quero trazer os fantasmas do passado de volta, no entanto, você já não é mais uma menina Angel, não posso mais mentir para mim e para você. — Por mais que queira jogar milhões de coisas a sua cara, por mais que esteja a apertar o sofá em minhas mãos, não posso o julgar e culpar, está certo que a única mãe para mim era Luce, mas eu tinha o direito de saber que ela era, na verdade, minha madrasta e que minha mãe verdadeira estava morta. — Eu vi o quanto sofreu por Luce, sentia que era sua culpa, mesmo sendo culpa da doença que levou ela, mas não queria que carregasse uma culpa a mais, por sentir que matou sua mãe. Janes perdeu muito sangue e você também poderia ter morrido. — O parei com minhas mãos, já havia entendido e não precisava mais de detalhes. Eu só não tinha o que falar. Estava em choque, olho o carpete, vejo os pés deles, eu preciso de um tempo para digerir tudo isso, respiro fundo, o que?
— Acho melhor você ir Daniel — a voz de Carl surge e fecho meus olhos com força, sinto tantas coisas ao mesmo tempo, que se torna insuportável todas essas emoções, não levanto meu olhar ao notar que se levantam, não quero olha-lo, não quero que veja a minha imagem assim, nem quero guardar a imagem dele na minha mente agora.
— Tudo bem — sua voz num tom triste se levanta e Carl o leva até a porta e não demora que meus soluços façam barulho pela casa toda e me derrame em lágrimas intensas, respiro fundo e deixo sair um grito a sentir o abraço do homem a me levar a seu peito. Então quando me dizia que tenho os olhos da minha mãe, falava de Janes.Vote e comente ❤
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Destinados - Um Novo Recomeço- Livro 02
RomanceAngel deseja para sua vida muito mais do que imaginou durante três anos, o que o hospital de tratamento lhe ofereceu foi nada além do que pensamentos, apaixonada pela arte, livros e a vida. Agora curada e mais determinada do que nunca resolve ir a L...