Angel
Depois do nosso café voltamos para casa, a noite está fria, mas não impede que eu e Carl estivemos a andar até em casa, parece que não está incomodado caso algum paparazzi poste sobre a gente, mesmo que não tenha nada com Cassandra não liga para as pessoas que falarão por ter um filho. Não penso em mais nada, apenas passo pela porta do hall e sinto a mudança da temperatura, meu nariz está tão frio e vermelho que chega a latejar. No elevador está tudo em silêncio, encaro o relógio para ver que ainda são nove da noite e não sinto nenhum pouco de sono ou cansaço. Ao pisar dentro de casa não posso não tirar o casaco e deixa-lo no cabideiro sem suspirar por me sentir livre do peso, me sento ao sofá a olhar as mensagens que chegaram demasiado por conta do wifi. Carl se senta a minha frente e me encara, continuo a olhar em seus olhos apenas curtindo o silêncio e a intimidação que posso sentir por ele.
— Estou pensando em uma noite de cinema — sua voz sai tão baixa que a deixa mais rouca.
— Seria ótimo — é a única coisa que consigo dizer e o mesmo se levanta e passa por mim, encaro sua figura sumir dentro da cozinha e resolvo procurar algum filme na estante. Acabo por encontrar uma caixa de filmes, ouço barulho de milho a bater na panela e pelo cheirinho está a fazer pipoca. Vejo sua figura alta andar calmo até as escadas, posso dizer que parece um tigre arquitetando como irá pegar sua isca e logo deixo esses pensamentos de lado porque até então, só há eu aqui para ele caçar e não quero criar paranoias. Separo dois filmes para assistimos e suspiro em cansaço quando sinto os músculos das pernas protestarem quando me levanto, desce agora com uma t-shirt branca e uma calça moletom azul, sorri pequeno quando passa por mim e também vou em direção de uma roupa confortável. No quarto ponho uma calça do pijama cinza e uma blusa com um ursinho na frente preta, volto ao corredor recebendo uma mensagem de Elina assim que piso no último degrau da escada."Sinto muito querida". E
— Algum problema? — encaro Carl para ver que já está sentado ao sofá, caminho até o mesmo dando-lhe um cobertor.
— Nenhum — sorri pequeno e me entrega um copo quente — obrigada — bebo um pouco da bebida grossa me deliciando, amo chocolate quente e combina com o primeiro filme que havia colocado.Conforme o filme ia passando, lembro de todos os momentos que tive com Fernanda, todos desde que nos conhecemos, as tardes com ela no hospital assistindo nossas séries, todas as conversas durante os filmes, as resenhas que nós inventava, uma lágrima desce dos meus olhos, mas não sinto tristeza, apesar de sentir culpa, é mais angústia do que tudo.
•~•~•~
Acordo um pouco desatordoada, olho para todo quarto mal iluminado, Doncaster está ao meu lado, dormindo todo enrolado, respiro fundo e sinto o cheiro de amaciante dos lençóis, lembro que dormi no filme, também lembro de Carl me acordar para vir para o quarto, suspiro me levantando da cama confortante indo ao banheiro, me preparo para um banho quente e relaxante. Desço as escadas devagar, Don me acompanha a uns passos mais adiantado que eu, sobe no sofá da sua cor e ouço pratos bater na cozinha, pela primeira vez desde que cheguei aqui irei tomar um café com Carl. Desde que entrei na cozinha tudo permaneceu quieto, desde o primeiro gole de café até o úlltimo, Carl saiu logo em seguida para sua empresa, a moça que cuida da sua casa havia chego após que sai da casa e não tive tempo de a conhecer melhor só a saudar com um bom dia.
Dentro do ônibus em direção ao meu antigo apartamento, estou pronta para pegar as minhas coisas e ir para o outro apartamento só não sei se estarei pronta para entrar lá, não tenho uma boa carga emocional agora para encarar tudo, tento me manter forte o tempo todo e isso só me quebra, pois não consigo olhar para uma flor sem lembrar de Fernanda, sem me sentir culpada por sua morte, sei que não foi minha culpa ou de Carl, foram das pessoas que são más, no entanto, agora estou concentrada no meu sofrimento e sinto muito por mim, pois não sou tão forte quanto imagino.
Subindo as escadas devagar, não tenho força alguma de progredir pelo corredor até a última porta, daqui vejo o apartamento, a alegria dela surge na minha mente, conseguimos um apartamento, nem tivemos tempo de desfrutá-lo. Olho o número dezessete e logo a maçaneta, a lembrança daquele dia, como demorei na escada a ter uma conversa no telefone e como só queria tomar um chá e descansar de tudo que havia acontecido em menos de vinte e quatro horas. Seguro hoje na maçaneta e abro a porta para ver apenas a casa escura e sem vida, Fernanda não está no sofá, não passa Friends na televisão e não tem cheiro de camomila. É só um grande vazio e um espirro meu. Fecho a porta atrás de mim e não resolvo ficar revendo o que passou, caminho no corredor e a primeira coisa que vejo é sua cama, sem os lençóis de antes, sem ela. Entro no meu quarto e seguro nas minhas malas, ponho tudo o que é meu ali dentro, com outra bolsa ponho os pouco pares de sapatos e alguns objetos que ficam na minha escrivaninha, sem antes raciocinar já estou chorando. Caio para trás sentindo uma dor no pé, sentada choro, abraço meus joelhos, a energia daqui não é mais a mesma, não sinto ela, sinto dor, angústia, tristeza, desesmpero, foi isso que ela sentiu? Fungo e meu ouvido fica entupido, limpo o catarro que ousa descer do meu nariz, levanto do chão abrindo uma caixa, boto todos os meus livros e maquiagens, torno de seis caixas pesadas, levo para a sala e me pergunto como vou sair daqui com tudo isso. Não quero ter que voltar aqui. Já conversei com o proprietário e ele me entendeu super bem, tanto que me deu essa semana para tirar todos os meus e os pertences de Fernanda. Como tudo já é mobiliado, são só nossas coisas pessoais.
Ligo para Fred e quando me atende parece um mar de nervos a perguntar porque sumi, pedi para que venha a meu apartamento e explico que estou em mudança e preciso de ajuda, mas não falo o porquê.
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Destinados - Um Novo Recomeço- Livro 02
RomantizmAngel deseja para sua vida muito mais do que imaginou durante três anos, o que o hospital de tratamento lhe ofereceu foi nada além do que pensamentos, apaixonada pela arte, livros e a vida. Agora curada e mais determinada do que nunca resolve ir a L...