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  — Menina o que aconteceu com você? — Fred entra no apartamento e me encara com autoridade — sumiu, te mandei mensagens, Julian me disse que faltaria alguns dias no trabalho.
  — É, agradeço que ele tenha me dado esses dias, porque Fred — respiro fundo — não tenho psicológico para mexer com comida, dinheiro e atender os clientes. — Encara tudo ao redor e por fim me olha.
  — Irá embora de Londres? — suas sobrancelhas mostram o quão triste fica.
  — Não! Eu não vou. — Me sento ao sofá e Fred faz o mesmo, olho sua figura e suspiro.
  — Angel o que houve? — sinto seu toque no meu ombro sentindo a sua preocupação, me seguro para não me derramar em lágrimas novamente. Mas creio que meu semblante já mostra o quão horrível isso está sendo.
  — Fernanda foi assassinada — seus olhos arregalados e suas sobrancelhas arqueadas são o suficiente para mostrar sua reação. — Aqui, nesse mesmo lugar eu vi, sabe, não tenho um psicológico bom para estudar, trabalhar, publicar no blog, só quero estar na minha cama — olho o carpete — vou voltar para o antigo apartamento que estava, semana que vem, volto a trabalhar, a ir à faculdade. Mas agora — olho nos seus olhos — não tenho pico. — Sinto seu abraço e o mesmo faz carinho nas minhas costas.
  — Vai ficar tudo bem Ang...

  Quando eu e Fred descarregamos a última caixa dentro do apartamento, desço atrás dele para o agradecer pela ajuda tanto pela mudança quanto pelo meu emocional, nos abraçamos e fico vendo seu carro se ir, olho para o céu, respiro fundo sentindo um nó na garganta, viro entre meus calcanhares. Saio do elevador e ando o corredor, procuro minhas chaves no bolso quando passo pelos apartamentos antes do meu e vejo Cassandra aos beijos com um rapaz, ignoro e volto a ir para minha porta, mas paro os passos ao ouvir a seguinte frase:
  — Sabe que não deve vir aqui, Carl pode te ver e se ouvir algo? Pode descobrir tudo, nosso plano e o bebê! — entro no apartamento e encosto minhas costas na madeira, como assim? Eu sei que não está mais com ele, mas está esperando um filho dele, ou... Será que Carl mentiu? Que plano ela ta falando? E se o filho não é de Carl?

  Subo para arrumar o quarto, onde passo quase a tarde inteira organizando todas as coisas que trouxe, não consegui por um só momento tirar a cena e a conversa da minha mente, não consegui engolir o que a garota disse, ainda mais, a sua barriga, pela primeira vez a vi tão grande, poxa é o filho do Carl? Será? A campainha toca e não sei quem é, o porteiro não me avisou. Desço as escadas devagar e já são sete da noite, droga não fiz nada no meu dia e ainda pensei que era tarde, pensei tanto em coisas que não me cabem que nem tive noção do tempo. Abro a porta vendo o homem de terno na minha frente, por que está aqui?
  — Estava passando por aqui e lembrei que iria se mudar hoje. Como suas coisas ainda estão lá então, achei melhor vir te buscar para jantar — dou espaço para que entre e o mesmo o faz. Percebo que tem seus cabelos devidamente cortados e sua barba está feita. Se vira para mim e sei que espera uma resposta, mas não consigo o olhar e não lembrar do que Cassandra disse. — O que foi?
  — Eu sinto muito — encaro seus olhos e suas sobrancelhas franzem, sei que percebe que não falo sobre o que me acabou de propor — mas, preciso te contar — minha voz sai em um fio, não há nada a mais que nossas respirações e a minha inquietação com as chaves.
  — Contar o que Angel? — parece impaciente.
  — Não quero destruir sua vida ou ser fofoqueira, ou bisbilhoteira o que quer que pense de mim — morde o canto da sua bochecha e suspiro — mas hoje eu vi Cassandra com alguém.
  — Não quero saber se ela está com alguém já te disse que não tenho nada com ela...
  — Eu sei! — fecho meus olhos, de modo a respirar fundo sem a interrupção do bolo da minha garganta, quando abro vejo que está mais perto e dou um passo para trás — ela esconde algo Carl, não sei o que é, mas esconde e tem a ver com o bebê.
  — O que você está falando? — se aproxima mais e me encosto na parede, tenho medo do que transpassa seu corpo, uma certa raiva.
  — Estou dizendo que sem querer ouvir ela dizer para um homem que estava com ela que ele não deveria vir aqui, porque você poderia descobrir tudo, de um tal plano e do bebê.
  — Angel vai se arrumar — não me olha, pois, dá às costas passando as mãos no rosto.
  — Car...
  — Vai se arrumar! — dou um pulo em medo quando sua voz altera, engulo em seco, pois, me esqueci brevemente como era Carl bravo e confesso que agora a sua voz parece ainda mais profunda e parece ainda mais horrível quando está bravo. Mantenho a minha postura e lhe dou as costas subindo as escadas. Ao chegar no último degrau paro a respirar fundo e engolir o choro, nem lágrimas mais tenho. Olho para trás decidindo se desço e conserto a merda que fiz, ao mesmo tempo, penso que não dá mais para fazer nada, tentei o avisar, não posso fazer mais nada contra isso.

  Tomo um banho e visto uma roupa confortável e boa para um jantar, assim que desço as escadas não o vejo mais e suspiro. Apago tudo e pego as minhas chaves olhando a hora, são oito e quinze e o último ônibus já está a chegar, me sinto mal por dizer o que disse, poderia muito bem ter calado a minha boca e ficado quieta, estou na casa de Carl, o conheço, mas não devo me intrometer na sua vida. Não somos mais as mesmas pessoas de antes, não temos mais a mesma conexão, não nos protegemos como nos protegíamos. Abro à porta e me dou de cara com sua figura, engulo em seco quando me olha e passa por mim, passos largos nos corredores em direção ao elevador, não o sigo até que me chame.
  — Vamos.

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Destinados - Um Novo Recomeço- Livro 02Onde histórias criam vida. Descubra agora