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Angel

   Nosso beijo se estendeu até o quarto que provavelmente iria dormir e o plano que eu tinha de só agradecer e ir embora gerou em estar em cima da cama com Carl por cima de mim a dedilhar meu corpo como um pincel desliza numa tela, sinto cada detalhe e deixo que o prazer de pintar lhe traga uma ótima obra. Nos afastamos em busca de ar, mas quase não conseguimos por estamos ofegantes demais por nossas ações. Nunca deixamos de explorar cada canto do corpo de cada um. Seus beijos são precisos em pontos específicos do meu corpo de modo a me deixar mais excitada do que já estou, era mais que um desejo nos sentir e quando assumi o comando a penúltima peça do meu corpo foi arrancada fazendo nossos peitos encostarem, quentes, sinto meus cabelos serem puxados deixando meu pescoço a mostra e ali são depositados beijos. Tocar-nos não era mais um desejo, é uma necessidade. Nossas posições são trocadas e não demora muito para já estamos a nos olhar enquanto suspiros saíam dos nossos lábios, às estocadas de Carl são precisas e me faz balançar junto a cama, nunca deixamos nossos olhos, há necessidade de guardar cada momento na nossa cabeça, de sentir. Cola nossos lábios enquanto vai mais rápido conforme sinto que bate fundo, gravo minhas unhas na carne do seu braço e ouço o som das nossas peles se chocando.

   Olho o teto enquanto sinto seu peito subir e descer embaixo da minha cabeça, penso, e muito. Por um momento me sinto sufocada com a ideia de tantas coisas estarem acontecendo. Está prestes a completar quatro semanas da morte de Fernanda e por mais que queira parar a minha vida e chorar, vi que automaticamente, segui em frente e é assim, automaticamente a dor e a vida seguem, estou a trabalhar, estudar, prestes a realizar mais um sonho, ganhei um carro e acabei de fazer realmente amor com a pessoa que mais amei e amo nesse mundo. Não foi uma simples transa de 'estava com saudades' foi amor. Com meus olhos fechados, lembro de minutos antes, não evito sorrir. Um sorriso triste.
  — O que tanto pensa? — encaro sua pessoa e me sento a cama com o lençol em volta do meu corpo a olhar um ponto fixo nos lençóis amarrotados.
   — Em quatro semanas minha vida foi do alto para baixo e do baixo para o alto novamente — olho seus olhos — Fernanda se foi, ganhei uma casa, um carro, a galeria, uma palestra e reconhecimento — engulo em seco — tudo isso o que sempre sonhei com ela, ela foi o começo de tudo. E agora tudo o que sonhamos está sendo vivido só por mim. A autora dos sonhos precisou morrer para eu continuar. Penso em como em quatro meses minha vida sofreu tantas coisas, tive muitos privilégios. Tivemos. Mas começo a pensar em como tivemos tanta sorte, pois nem sabíamos se conseguiríamos um emprego e em duas semanas já estávamos trabalhando. Como duas garotas de sorte acabaram tendo um futuro de dor? Ela a sete palmos, eu a me culpar por toda vez que acontece algo de bom. Ganhei um carro e pensei no plano que tínhamos para comprar um e viajar por aí — sorri com a lembrança. — Agora sei o que sentia por Loren, começa a pensar como iria fazer as coisas que planejou sem ter a pessoa que mais te apoiou no seu lado, tudo o que planejamos se torna uma parte preta e a outra é quase consumida e mesmo você querendo por na sua cabeça que as pessoas se vão, você começa a acreditar que é sua culpa e que você não merece a sorte que tem. — Olho seus olhos, está neutro, pensa e deixo que meus ombros caiam.
   — Você é uma menina forte Angel e merece tudo o que aconteceu na sua vida agora e sim, por mais que sejamos pessoas de sorte e tenhamos tudo isso a nossa volta, sonhos realizando e tudo. A dor da perda de alguém sempre caminhará ao seu lado te fazendo lembrar como seria com aquela pessoa ao seu lado. — Suspirou — se Loren e meu pai estivesse aqui, talvez eu não seria um construtor das maiores obras de Londres. Minha irmã seria uma escritora talvez, e eu estaria viajando pelo mundo, em turnê ou em museus. — Seus olhos estão longe — mas sinto que posso fazer isso, posso publicar meus álbuns, divulgar minha música e, ao mesmo tempo, sei que estou a gostar de construir e continuo a alimentar que as minhas músicas são apenas o jeito de liberar a minha dor.
   — Ainda compõe, pinta? — sorriu para mim e se levantou, vestiu suas calças e me deu sua blusa, a vesti e o acompanho até o andar de baixo onde viramos o mesmo corredor que me levou aquele estúdio, no dia que me revelou tudo. Mas não descemos para o estúdio, viramos um corredor escuro e logo uma porta é aberta revelando inúmeros quadros.
   — Sim, algumas coisas não mudaram. — Me olhou e sorriu — como seu perfume de rosas — sorri em saber que reparou nesse detalhe, mas ao ver um desenho de uma mulher com os cabelos ruivos meu sorriso se foi. Não pela pintura, mas por remeter ao acontecimento de mais cedo, o quadro da suposta traição de Daniel.

ME CASEI! O motivo do meu sumiço é que me casei e estava em lua de mel, voltarei a publicar essa semana. Aguardem!

Destinados - Um Novo Recomeço- Livro 02Onde histórias criam vida. Descubra agora