~39~

93 7 0
                                    

Angel

   Acordo olhando o quarto, meus olhos demoram para acostumar com o ambiente luminoso, me sinto cansada mesmo depois da noite sem interrupções, me sento a beira da cama e começo a me alongar, levanto e faço a higiene matinal. Desço as escadas e a casa está completamente em silêncio, ponho água e pó na cafeteira e abro as janelas da cozinha, um vento gélido assopra em meu rosto e sorrio, quando o café fica pronto ponho uma xícara grande e saio para o quintal. Passo maior parte do tempo a sentir a natureza e observar os gatos a brincar no sol, Daniel não está em casa e Lis já havia acordado e trabalha com algo em seu Notebook, com certeza coisas do hospital, o meu dia foi bem produtivo em relação às artes, fiz mais dois esboços ontem e concluí que a ida para a galeria está me dando uma certa inspiração para fazer novos quadros que com certeza iriam para as paredes. Dou uma última retocada no branco que dá luz ao quadro todo neutro. Respiro fundo olhando para minha cama, lá está a minha bolsa e amanhã já é segunda, agradeço a faculdade fechar por essa semana inteira, tenho tempo em ir à galeria e fazer algumas coisas pendentes, o trabalho também será menos estressante já que algumas pessoas irão aproveitar essa uma semana que as portas das faculdades estarão fechadas para terminarem trabalhos ou até mesmo ver algum ente em outro ponto da cidade. Assim como Bryan, me lembro bem do convite que fez para amanhã antes de viajar para ver sua mãe. Poderia ficar mais tempo aqui se não trabalhasse, mas é uma pena. 

   O dia passou rápido só por ser domingo, pronta para o jantar desço as escadas e Daniel adentra a porta da frente com sacolas a mão, olho para o relógio de pulso e são sete horas da noite.
   — Ange — abraço o homem mais velho que eu e sorri para o mesmo que tem um largo sorriso — lembra de uma promessa que fiz quando estava no hospital? Te fiz aprender comigo quando vinha no final de semana ficar conosco depois que a médica disse que estava pronta para poder passar um tempo a só — sorri com a necessidade de me lembrar de tudo o que já sabia, pois passei. Concordo com um aceno e sinto que puxa minhas mãos para a direção da porta. Minha boca abre com a visão do carro, me lembrei de cada aula que me deu enquanto vim nos finais de semana e a promessa que me daria um carro. Foram tantas coisas que aconteceram em dois meses que nem me lembrei dessa promessa tão importante para meu pai, pois se dedicou tanto a cada detalhe.
   — Meu Deus! — sorri em alegria vendo Elina aparecer — muito obrigada pai! — me abraçou com força para si e logo ouvi sua voz baixa.
   — Espero que seja do jeito que pensou.
   — Melhor do que pensei...

   Quando você está no hospital a se tratar, algumas coisas são possíveis para você, como aprender a dirigir nos finais de semanas e participar das aulas de automoção, foram dois meses e meio para que eu conseguisse a carteira, e agora tenho o carro, meu pai trabalhou nele para mim, é erança do meu avô Jordan para meu pai, mas Daniel guardou esse carro para mim e agora concertou ele e me deu, tão retrô e belo. Depois da maravilhosa surpresa os levei para um passeio no parque e na roda gigante, a ver as crianças a se divertir e ouvir suas gritarias, Daniel me disse que não preciso pegar um ônibus agora, só me fez ficar mais feliz por poder levar as minhas obras comigo para o apartamento.

   Então chegou a hora de se despedir deles com um beijo e um abraço em cada um e os agradecer novamente pelo carro. Entro no automóvel a olhar tudo, é mesmo meu! Dando um aceno a Daniel dou partida ouvindo o motor vivo, respiro fundo, pois isso foi o que tirou a tensão que está sendo meus dias, fico feliz e por mais que isso me remete os planos que eu e Fernanda fizemos sobre um carro e a ida para várias festas, me faz lembrar que realizei mais um sonho e ela não poderá realizar mais nenhum. Tento esquecer um pouco o fato que Fernanda não está aqui e por a minha cabeça que ela se foi me dói, mas é o que é preciso, não vou aceitar tão rápido, mas também não posso deixar de seguir, por mais que muitas coisas me remete a menina.

   À noite está fria e escura, não há nuvens no céu muito menos uma estrela, apenas os faróis dos carros iluminam a estrada, recebo uma mensagem no celular e parada no semáforo vejo que é de Daniel a pedir para abrir o porta luva, quando o faço tem um CD embrulhado com um laço, um bilhete e uma caixa de bombom, sorri com a atitude de meu pai e desembrulhei o CD vendo que é do Pink Floyd, banda preferida do papai. Sorri iniciando a corrida assim que o sinal abriu, com uma mão no volante coloco o CD para tocar e vou a minha viagem toda a ouvir e me lembrar de muitas coisas do passado. Pink Floyd foi uma das minhas primeiras bandas a ser tocadas no violão e isso me lembrava Carl.

   Assim que chego, deixo o carro no estacionamento e pego na minha bolsa e em quatro quadros deixando o resto no automóvel. Subo o elevador até meu andar e pelo corredor vazio só minha bota faz barulho, olho o relógio de pulso assim que chego a porta e são onze da noite. Entrando em casa e olhando o ambiente concluo que por mais que é bom sair um pouco, está em casa é melhor ainda. Subo direto a meu quarto, lá deixo minha bolsa em um canto para quando der coragem de desfazer, os quadros coloco dentro de mais uma caixa cheia de pinturas e caio na minha cama a sentir meus músculos relaxarem. De dentro da bolsa tiro o notebook e resolvo olhar a minha caixa de e-mails e também dar uma olhada no blog e o que vejo é surpreendente!

Vote e comente ❤

Destinados - Um Novo Recomeço- Livro 02Onde histórias criam vida. Descubra agora