~23~

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  A semana havia se passado muito rápido desde que cheguei da casa de Lis e Daniel, nunca vi dias se passarem tão depressa como os dessa semana, me sinto tão exausta hoje. Fred voltou a trabalhar ontem e estou muito feliz de o ter por lá, ontem foi o único dia que pude sentar no trabalho e suspirar por uns minutos. Fernanda ficou muito feliz com o Don e com a notícia da galeria. Agora tomo um chá em frente à janela a olhar à chuva cair na velha Inglaterra, muito pouco são os guardas chuvas que passam na rua, a neve está a cobrir um pouco a calçada e por cinco dias não vimos o sol, acabei de gravar vídeos para o blog e o canal e vi que recebi um comentário da pessoa que fui rude a última vez que encontrei, Carl. Comentou no meu blog, ou seja, ele está me acompanhando, desde quando ele está, na verdade?

  Vi sua "não namorada" a conversar com um amigo no café, deve ser um amigo de infância ou de longa data, tem muita intimidade e riam juntos. Me faz lembrar Miguel, fico feliz em saber que Fernanda ainda fala com ele mesmo depois do término, são grandes amigos; acho que nunca serei uma grande amiga de Carl, pois não tivemos um final tão bom e não foi por escolhas boas. Ainda sinto uma mágoa que quero abandonar, mas não consigo. Sei que a metade das composições do meu caderno são dos sentimentos que deixou em mim e sei também que a letra que ouviu aquela noite, pode ter significado algo, pelo menos para mim. Desço do parapeito da janela levando minha xícara par à cozinha, passo descalço pelos corredores ouvindo o fino miado do gato pequeno, o pego no colo e antes que volte para meu quarto para pensar mais nas coisas que vem acontecendo, nas coisas que fizeram ser quem sou hoje, a campainha toca.
  — Angel Cooper? — um rapaz com um ramo de flores e um cartão a mão, ponho Don ao chão e confirmo com a cabeça.
  — Eu mesma — sorri largo para mim e me entrega as flores. — Obrigada — fecho a porta e seguro o cartão em cima das belas rosas escarlate, Don me acompanha até a cozinha onde boto o jarro enorme sobre o balcão, abro o envelope e leio as poucas palavras que há ali.

"Parabéns por sua conquista! Estou feliz por você".
GS.CNY

  Quem seria a pessoa por trás desse cartão e dessas flores? A porta da frente se bate e vejo que já são sete da noite.
  — Está tão frio lá fora! — ouço a voz de Fernanda — escureceu tão rápido, pouco menos das três — logo seus passos são ouvidos para perto de mim enquanto ainda analiso as rosas — que lindas, quem as mandou?
  — Eu não sei — a entrego o pequeno envelope, enquanto a mesma analisa, caminho até a sala com o pequeno gato a ligar a televisão para assistir Friends, ouço seus passos atrás dos meus e logo se senta, tem uma cara confusa — o que se passa?
  — Já vi esse logo em algum lugar — com a mão no queixo me olha e me entrega o cartão — não lembro de onde ou aonde — suspira e se levanta — vou tomar um banho e pedir uma pizza ok?
  — Tudo bem. — Não sei quando poderei ir à galeria, não sei quando poderei ver o que tem lá, a pintura que minha mãe queria me mostrar, o que me pai disse e reformar tudo. Mas, planejo amanhã mesmo pegar um ônibus para o outro lado do centro.

  No fim da noite são mais ou menos uma da manhã, Fernanda já dorme, Don está na minha cama e não consigo pregar os olhos para dormir mesmo com sono, levanto da cadeira e vou para o corredor iluminado apenas pela luz da lua, acendo a luz da cozinha me dando de frente com o tão suspeito jarro de rosas, ponho água no fogo e espero para que o chá esteja pronto, enquanto isso meu olhar está na janela, tenho a impressão de estar sendo observada, como todos os dias e como em um mês que estou aqui, estou desconfiada de alguém, mas não tenho certeza, não disse para Fernanda que não reclamou mais de perseguição. Não suspeito do professor de longos cabelos com um semblante conhecido que parece tão misterioso. Passo a mão no meu rosto, pois agora eu sei que não é algo da minha mente, não é como antes, é real, tem sim alguém a me observar, não sei o porquê, não sei a mando de quem, apenas estou sendo seguida e observada. Minha vida não é tão privada como antes e isso me dá nos nervos.

  Escuto o barulho da água fervendo e ponho o saquinho com a camomila dentro da xícara, me sento na cadeira em frente ao jarro que deixa o cheiro das rosas por todo o lado e tomo calma o chá. Aos poucos meus músculos já estão relaxando sobre o assento enquanto sinto o pequeno corpo do animal chegar perto de mim e miar, o agarro para perto e fecho meus olhos, o cheiro da camomila está pelo ambiente e isso também me acalma, o barulho da chuva lá fora me serve como um relaxante natural.

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Destinados - Um Novo Recomeço- Livro 02Onde histórias criam vida. Descubra agora