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  Dentro do elevador olho fixamente para à porta de metal à minha frente, o homem ao meu lado se mantém em sua postura e por curiosidade minha o olho, mas por nossa altura meus olhos foram para seu peito onde havia a sigla GS.CNY, as flores! Então foi Carl que as mandou!

  Agradeço por me deixar em casa, respiro pesado olhando o edifício à minha frente e encaro o céu soltando um longo suspiro. Com as mãos nos bolsos, penso sobre ontem e, ao mesmo tempo, sobre a galeria, o que me tira realmente a paciência era o homem que tentou algo comigo. Os degraus não parecem ter fim e quando a chave roda pela porta e a abro pude ver como a sala de estar está cheia de homens de preto. Confusa olho todos enquanto entro e assim que Fernanda me vê saí correndo do meio dos homens e me abraça. Carl a avisou, sei que avisou, então por que age desta forma?
  — O que se passa? — a mesma tem seus olhos vermelhos em choro e marejados.
  — Srta. Cooper a sua casa foi invadida ontem pela madrugada por alguns homens que fizeram sua amiga de refém, estavam atrás de você — creio ser o encarregado do caso, toma à frente de Fernanda ficando frente a frente comigo, meus olhos estão arregalados em surpresa enquanto passo meu olhar entre Fernanda e os homens à minha frente. Principalmente os olhos famintos que me olham profundos — precisamos que vá conosco para a delegacia. Outros policiais então investigando através das imagens se podemos identificar alguém. Por enquanto, precisamos da descrição do homem que anda a perseguir você.
  — Disse a eles sobre ontem? — olho Fernanda indignada pela sua atitude, mas logo meu corpo relaxa em agradecimento, eu não teria a coragem que ela teve de falar aos policiais. A vida de pessoas que amo e principalmente a nossa, está em risco.

~•~•~•~

   Sim, é grave, mas não queria que falasse a polícia, eu sei de quem se trata, corro risco, corremos, mas se esses homens forem presos ou dedurados, Carl correrá perigo, Lis e Daniel também, só de imaginar ver as pessoas que amo sofrerem não tenho pensamentos a mais. Agora dentro do carro dos policiais estou indo à delegacia, hoje como sábado não iria trabalhar, já se eram quase uma da tarde, a casa de Carl era tão longe que quase poderia sair da velha Kesington. Meus pensamentos enquanto ando entre as pessoas na delegacia, vendo presos a me encarar ou até mesmo pessoas comuns, não é normal mesmo uma garota está acompanhada de tantos policiais apenas para dizer o retrato de uma pessoa. Me sento a cadeira e espero que alguém entre para desenhar ao quadro, minhas pernas não param de tremer por um só segundo, as mãos soam como nunca e o sangue está frio junto ao suor que escorre na minha testa. Afasto meus cabelos quando vejo um homem alto e loiro entrar. Olhando para o quadro branco as cenas da noite anterior me assombram, a lembrança de como é sentir o desespero, o medo de acontecer algo. A morte.
  — Senhorita — meus olhos se abrem em susto e vejo como os olhos negros me fuzilam — está tudo bem?
  — Sim me desculpe...

  Na saída da delegacia nunca me senti tão medrosa de pôr os pés para fora, mesmo Denis - o policial que desenhou a figura do homem que assombra meu psicológico - oferecendo sua companhia e uma carona para casa, não aceito, preciso de tudo menos estar nervosa à frente de um policial, sei que não tenho nada a ver com nada que anda a acontecer, mas conheço uma pessoa que poderia se ferrar por minha causa e outras pessoas poderiam morrer, por minha causa. Esse peso não carrego nas minhas costas.

  Os passos tão rápidos quanto meus pés podem dar, não ligo para os olhares das pessoas para mim, ou até mesmo para os comentários no café onde paro para pedir um forte. Preciso de um ar de realidade por um minuto, aconteceram tantas coisas em menos se quarenta e oito horas. Ando devagar a tomar o café, pensando em tantas coisas ao mesmo tempo que dói a cabeça, estava com medo disso acontecer, no fundo sabia que a pessoa que me seguia iria aparecer, mas junto com ela, trouxe tantos caos, Fernanda refém, Carl e suas preocupações, delegacia, respiro fundo e bebo o último gole de café, que droga! Novamente em frente ao meu apartamento não deixo de olhar de um lado para o outro, antes que meus pés subam o primeiro degrau o celular, que eu nem havia percebido antes, vibra ao meu bolso. Olho o ecrã e o número é desconhecido, hesito muito antes de atender, mas o faço antes do último toque.
  — Oi — a voz era tão reconhecível que mesmo depois de tantas coisas que aconteceram ainda posso sentir o calor e como minha pele arrepia com sua voz — tudo bem? Fernanda me contou que foi a delegacia.
  — Oi Carl — me sento sobre os degraus e passo a mão pelo meu rosto — aconteceram tantas coisas em menos de quarenta e oito horas... — respiro fundo engolindo o sentimento—... estou tão exausta. Estou com medo — como pude sentir tanta confiança numa pessoa que pensei nunca conhecer depois de tanto tempo sem uma simples conversa? Nos conhecemos novamente um frente o outro numa sala de gravação e toques calmos de piano e violão. Como sinto tanta confiança em contar simples coisas pessoais sem hesitar?
  — Podemos nos encontrar? — Sei como Carl se sente, culpado por colocar-me nessa situação, mas não é sua culpa, nunca foi sua culpa.
  — Sim, podemos. — Olho para a madeira do chão antes de levantar de onde estou Subindo tão devagar que a ligação foi encerrada assim que chego em frente a minha porta suspiro alto. Se passaram uma hora e meia desde que entrei aqui e fui abordada por homens de preto, estou tão cansada quanto um dia completo de trabalho, só preciso sentar e tomar um chá.

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