Fred e eu ficamos de fechar o café, essa hora da noite não há ninguém nas ruas, mas me sinto observada, enquanto o rapaz fecha o estabelecimento, observo tudo ao nosso redor, seguro sua mochila enquanto via-o mexer no molho de chaves.
— O que houve? — me olha curioso.
— Nada — sorri para ele.
— Amanhã vai ter uma festa na casa de um amigo você aceita ir, eu te busco — torço meus lábios.
— Acontece que amanhã já tenho um compromisso — seus olhos reviram.
— Não se preocupe, no domingo também vai ter uma festa, o que me diz? — sorri para ele e solto uma gargalhada.
— Vai me levar para uma balada gay? — o mesmo me acompanha enquanto andamos.
— Algo contra senhorita? — percebo o sotaque francês.
— Não, será uma honra — Fred me acompanha até onde consegue e vira uma esquina para sua casa, nos despedimos com um tchau e nos veremos no domingo, é bom conhecer outras pessoas e descobrir um pouco de Londres também. Continuo meu percurso, mas sensação de está sendo seguida nunca se foi e me pego a tentar achar quem está fazendo essa brincadeira, apresso meu passo até ver o prédio.Assim que entro no apartamento não vejo Fernanda e está tudo apagado, deve está a dormir. Caminho direto ao meu quarto e lá deixo a mochila, suspirando tiro dos pés o calçado e o tanto de roupa de cima de mim. Quando vou fechar a janela, observo que Pero do poste de luz tem um homem, a luz mostra as gotas finas de chuva caindo, não consigo ver quem é, mas sei que não estava ali antes e olha muito bem para o apartamento. Não sei o que se passa, mas resolvo botar na minha cabeça que não é nada. Respiro fundo e vejo minha câmera, amanhã é dia de falar com as meninas e farei isso pela manhã.
•~•~•~•
Hoje é dia do meu encontro com Carl, a minha manhã tinha sido produtiva, corri pelo parque e falei com as meninas pela live, tinha publicado no blog e tido um ótimo café com Fernanda, agora escolho o vestido que iria para o jantar e confesso que estou ansiosa não sei realmente o que vestir, nunca fui a um jantar. Respiro fundo, pois acho que vou ter que ir ao shopping. Troco-me com uma roupa apropriada para o frio que está a fazer, quase não se tem ninguém à rua hoje, o que faz serem apenas as grandes avenidas cinza e brancas, os enfeites de Natal está sendo tirados já há algumas semanas deixando as ruas sem vida.
Saio do prédio indo pelas calçadas congeladas com cautela até a outra quadra, são exatamente duas da tarde e o sol nem deu as caras por hoje, pela manhã não estava tão frio, talvez seja por isso que saio para correr, ou porque odeio acordar cedo e não fazer nada bom pela manhã. Quando entro no ônibus seguro no meu telemóvel e reparo que daqui à quarenta minutos estarei dentro do shopping à procura de um vestido, é hoje eu teria minhas perguntas respondidas, claro se tiver a oportunidade de poder perguntar e tocar no assunto, talvez nem falemos do passado e sim do que estamos a experimentar agora, no presente, será que fizemos tudo o que planejamos há três anos? Acho que eu consegui até mais do que havia planejado, e espero conseguir ainda mais do que estou fazendo agora.
Em passos largos sobre o piso, ouço os saltos da minha bota, algumas pessoas me olham e realmente não sei o porquê, deve ser por meu rosto surpreso e confuso, por um momento quero correr dos olhares. Quando chego perto de um lugar que poderia ser a galeria de vestidos havia pessoas normais, ninguém me olha, o que é um alívio e grande para mim.
Escolho dois vestidos, um vermelho na altura dos joelhos, colado e quente e um preto até a metade das minhas canelas, gostei do resultado do preto, tenho um casaco grosso de pelos castanhos que ficará lindo, levarei ele . Antes que fosse embora, não resisti ao passar por uma livraria, sorri tão grande que meus músculos faciais doeram. Comprei cinco livros diferentes de gêneros também diferentes, estou satisfeita com as pequenas compras que fiz, fico ainda mais satisfeita de conseguir pegar o ônibus a tempo, mas não fico satisfeita com meu horário, são exatamente cinco horas e ponto, chegarei ao apartamento as seis e pouco e terei apenas uma hora para me arrumar. Ou seja, correr contra o tempo e pedir para as estradas estarem liberadas da neve. Recebo uma mensagem de Fred, quero saber se ainda está de pé a nossa festa de amanhã e sem duvidas alguma está, Fred me contou que está noivo de um homem mais novo que ele, amei o jeito que é tão aberto e sem medo de falar, justamente quando muitos se calam perante a essa sociedade, me contar que era gay e que irá casar com o seu namorado, foi tão libertador de ouvir.
Assim que chego, ando pelo corredor do meu andar, está tudo calmo como sempre é, não posso esquecer que é um apartamento de gente fina, as pessoas quase não estão em casa e quando estão nem parece, mas ouvi uma voz, parece uma pequena briga no telefone, não quis reparar na loira, apenas tento pegar o molho de chaves da minha bolsa enquanto tenho as sacolas em minhas mãos, mas antes de entrar, pude ouvir:
— Por que de uma hora para outra você se interessou em falar com essa garota?! — ouço o sussurro alto — não quero que saia com ela!
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Destinados - Um Novo Recomeço- Livro 02
RomanceAngel deseja para sua vida muito mais do que imaginou durante três anos, o que o hospital de tratamento lhe ofereceu foi nada além do que pensamentos, apaixonada pela arte, livros e a vida. Agora curada e mais determinada do que nunca resolve ir a L...