Cap 2

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Odiava mais do que tudo participar de eventos que envolvia a família do Will, preferia mil vezes uma tortura na cadeira elétrica do que um minuto na presença da mãe dele, o irmão trombadinha, a irmã falsa, somente o pai salvava, mas não tinha poder na casa comandada pela mãe idolatrada dele. 

_ E ai delegacia Lara, prendendo muito bandido? 

A forma que ela falava, o deboche juntamente do sarcasmo vindo da pessoa mais ordinária do mundo me fazia ferver com facilidade, era hora de contar de um até dez e rogar para o deus que eu não acreditava me dar paciência nesse jantar que eu não fazia questão alguma de estar.

Um… dois… três… quatro… 

O olhar intimidador do Will me fez perder as contas, engoli em seco expondo um falso sorriso nos lábios avermelhados.  

_ Depende, o que é bandido para a senhora? 

Devolvi a pergunta do meu jeito hostil, ela calou-se levando outra vez à taça de champanhe nos lábios murchos, estava ganhando tempo, e eu cinicamente esbocei um sorriso intimidador, não seria atropelada e permaneceria calada. 

_ Ah... 

Sibilou. 

_ Com certeza um marginal fora da lei querida, Lara. 

Mais falsa do que ela somente um clone mau porque essa versão parece ser a boazinha. 

_ Sim, temos diversos casos desses todos os dias, prendemos todos os tipos de marginais!

Mantenho meu controle e a compostura. 

_ Gosta do que faz, La? 

A irmã loira aguada pergunta em um dos mil tons de falsa, apenas concordei com a cabeça resolvendo não gastar meu latim com alguém tão insignificante. 

_ Will sempre comenta que você ama o trabalho. 

Abrange a boca mostrando a lataria rosa que segura os dentes, Will nem sorri de volta, ela acha que eu não sei que a relação deles é tão desgastante e vive sempre por um fio, Will detesta a família, suporta a mãe por interesse pessoal já que é ela a comandante na transportadora onde ele é CEO.  

_ Will sempre gentil! 

Espero que ela note a frieza e insensibilidade na minha voz, só assim para ela me deixar em paz e respeitar minha vontade de não querer estar nesse ambiente fatigante. 

A mesa volta ao seu silêncio habitual,  todos perceberam que eu não estou para brincadeira hoje, na verdade nunca estou, mas tem dias que sou insuportável. 

Junto de todos na mesa eu tinha que me adaptar, me enquadrar na etiqueta e os requintes que o ambiente me oferecia, mas era detestável fazer tudo que os outros faziam, o bife mal passado para mim tinha um aspecto de cru, mal passado é o escambau, eu estava digerindo um animal fresco e aquilo me embrulhava o estômago.  

Deixei os talheres de lado e mesmo que meu estômago se apertava de fome não permitir que ele comece algo tão desagradável, tinha tantos planos para hoje, por exemplo comprar uma pizza quatro queijos e comer com Will enquanto assistimos algo na netflix, mas o miserável resolveu me trazer para a ninhada de cobras. 

Despistadamente tomo aos poucos o conteúdo da minha taça, espero todos acabarem sua refeição para entornar o resto do líquido deixado de propósito no fundo. Deposito definitivamente a taça vazia na mesa, Mara olha de relance. 

_ Aceita mais, Lara? 

Ergue o vinho caro mas detestável, garanto que uma água tônica da pior marca é melhor. 

Meu corpo minhas regrasOnde histórias criam vida. Descubra agora