Cap 27

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_ Eu sinto muito, Lara! 

Imploro por uma saída não me permitindo soltar o médico. 

_ Eu preciso doutor, minha vida é ela, não faz isso comigo. 

_ Lara, compreendo, mas ela está na unidade intensiva, isolada, não pode ter nenhum risco tendo contado desnecessário. 

O solto deitando outra vez em prantos, eu preciso ver e tocar ela, não vou conseguir viver mais um dia sem poder ver minha filha. 

_ O médico geral está avaliando senhora Carmen. 

Próximo a porta ele conversa com Carmen, explicando tudo que já me falou. 

_ Ela é a número um da fila de transplante, não podemos mover, ou fazer qualquer outra coisa, pode agravar mais o estado crítico dela, estamos fazendo o possível para a manter respirando a cada segundo. 

Parece que ouvir isso outra vez é pior, não só meu peito que parece que vai explodir, sinto que posso ter acidente vascular cerebral a qualquer momento. 

_ Ideal seria um fígado infantil…

Agora essa, estou aqui lutando para ver minha filha cada vez mais debilitada precisando de um transplante de fígado porque o dela não funciona e tenho que sobretudo torcer para uma criança morrer para ela poder receber a doação, isso não é só cruel, é desumano.  

_ O do adulto também é possível, mas é tudo um preparo, ele não é adequado, mas é possível fazer! 

_ Tem certeza? 

_ Sim dona Carmen! 

_ Já volto! 

Olho para a porta estranhando ela sair correndo depois de ter pego a bolsa, o doutor me olha outra vez com o olhar penoso. 

_ Eu sinto muito, de verdade Lara. 

Espero o doutor Vagas sair, me levanto dificultosa, ágil pulo para a cadeira de rodas usada para me levar ao banheiro, conduzo até a porta, por não ter ninguém no local disparo fugida procurando a UTI pediátrica, o elevador me dar as instruções graça a planilha pregada ao lado, chamo o elevador indo certeira para o local indicado, desvencilho das pessoas, enfermeiras, entro na sala com tantas crianças sendo barrada na porta por um enfermeira. 

_ Posso ajudar?

Preciso ser convincente, só assim vou poder vê-la. 

_ O doutor me autorizou a ver minha filha. 

_ Estranho. 

Analisa meu corpo de cima a baixo procurando algo. 

_ Cadê a identificação? 

Finjo de besta procurando na minha bata.  

_ Merda, caiu no elevador! 

_ Tem certeza que foi lá? 

Olho para cima concordando. 

_ Sim, foi na hora que apertei o botão. 

_ Vou buscar, não se mexa! 

Fiz que sim com a cabeça, assim que ela saiu me coloquei de pé, a dor quase me levou ao chão, no mesmo instante senti meus pontos abrirem na minha pele recém fechada. 

Ando dificultosa olhando cada incubadora, os nomes das mães nas plaquinhas, procuro pelo meu cheia de esperança. 

_ Cadê você filha? 

Dou a volta outra vez olhando de novo as plaquinhas da cinco incubadoras ao meu redor, não encontro o que preciso, ergo a cabeça para chorar, só assim vejo uma pequena salinha afastada, do tamanho de um banheiro, me coloco a ir até lá em passos largos, passo pela porta encontrando uma incubadora com um bebê ligado à várias máquinas, puxo sua ficha encontrando meu nome. 

Meu corpo minhas regrasOnde histórias criam vida. Descubra agora