Mesmo com o coração estraçalhado sair naquela manhã da delegacia de cabeça erguida não deixando transparecer minha dor. Dirigir sem rumo pelas ruas do Leblon, nem eu sabia o que precisava, de novo estava sozinha, Will me apunhalou pelas costas da pior forma, me castigou como nunca, nem uma ligação ele me fez em dois dias, não respondeu minhas mensagens e muito menos as milhares de ligações.
Parada em uma vaga de carro qualquer descansei minha cabeça no volante, as primeiras lágrimas esqueceram minha bochechas e o gosto salgado logo chegou nos meus lábios, a solidão me dilacerava por camadas.
Encarei meu semblante tristonho no retrovisor e ri de nervoso por meu estado lamentável entre tantos problemas. Limpei minhas bochechas e respirei fundo, decidida a sair e aproveitar minha solidão tomando um bom vinho.
Peguei minha bolsa e caminhei em direção ao restaurante italiano, entrei no lugar procurando uma mesa perto da parede, o garçom logo me indicou uma bem discreta, agradeci e pedir um vinho.
_ E por favor!
O chamei outra vez, ele se virou com um sorriso habitual.
_ Traz uma fatia de pizza com bastante queijo!
Indaguei estranhamente faminta, era entre a hora do café e o almoço, mas eu tinha uma fome assustadora.
_ Tudo bem!
Se retirou novamente, cinco minutos de puro tédio fiquei esperando enquanto encarava o visor do celular que tinha a foto de Will em mais uma chamada não atendida.
_ Aqui senhora!
Ignorei a garrafa chique do vinho mais caro e fui direto na pizza sem antes mesmo o garçom ter depositado o prato na mesa eu ataca a pizza com gosto.
_ Hum...
O cheiro me fez revirar os olhos, mas a massa, o gosto levemente saboroso por todo recheio me fez gemer, talvez um gemido sacana mas aquela altura do campeonato nada mais me importava, a única coisa que eu sabia que precisava era de umas três fatias há mais e outras cinco para levar.
_ Quero mais três por favor.
Pedi de boca cheia lutando com a linha do queijo que se estendia até minha pizza nas mãos, o garçom por mais discreto que tentou ser riu ao sair às pressas, com certeza para rir de mim mais ainda.
Até a borda não escapou, repousei no assento da cadeira acolchoada em delírios, minha boca já salivava por outra, olhei para a garrafa e a taça me servindo de um bom vinho, fechei novamente os olhos cheirando o conteúdo de aroma adocicado, abrir meus lábios sentindo o líquido entrar por minha boca e dançar por cada parte antes de descer.
Mordi a ponta da boca e sorri alegrinha na segunda taça, o efeito feliz da bebida estava começando a fazer efeito, enchi outra taça e desfrutei devagar da bebida com teor alcoólico altíssimo, no entanto nada me importava, precisava de uma alegria nem que fosse passageira.
Afastei a taça um pouco tentando encontrar o garçom no ambiente que começava a encher. A cada segundo que ele não aparecia meu sangue fervia, minha vontade por outra pizza era tão grande que eu estava disposta a ir atrás dele.
Busquei minha taça trazendo com agilidade entre minha boca, apenas precisava acabar com o resto do vinho para ter um incentivo a ir atrás daquele sonso. De repente sem eu ter uma reação à taça foi tirada de mim com brutalidade, olhei para cima encontrando os olhos nublados e o rosto bruto, repressivo me encarando duramente.
_ Ficou louca?
Questionou colocando taça na outra ponta fora do meu alcance.
_ Quer matar seu filho sua dissimulada!
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Meu corpo minhas regras
RomanceDuas histórias distintas, duas vidas diferentes, uma delegada do rio de janeiro e um playboy revoltado, o mesmo trauma: a falta de amor dos tutores, o abandono. Ambos se apegaram na mesma pessoa: Will um renomado empresário fez seu patrimônio pela...