Minhas bochechas parecem brasas, fico com cara de tacho assistindo ele pegar o balde e sair, sem me olhar, engulo seco buscando o roupão outra vez esperançosa que ele volte, me cubro permanecendo na mesma posição trocando de pés cada vez mais nervosa.
Meu queixo treme sem controle, me abraço agora deixando as palavras me apertarem por dentro, me moer, fui ridícula.
Deito na cama segurando o choro por tanto tempo que quando percebo realmente está sozinha desabo em um choro compulsivo, e por mais torturante que seja eu não sei porque motivo estou chorando.
Perco pelo cansaço dormindo a tarde toda, acordando sobressaltada ao escutar meu celular tocar estridente, diante o efeito da dormência procuro meu celular com dificuldade, a cabeça ainda doendo.
_ Merda!
Encontro mas a chamada se perde, retorno por não ter o número nos meus contatos, aguardo esperançosa que seja o Will ligando de outro número.
_ Lara?
A voz feminina me faz soltar um palavrão interno, quase um discurso de ódio, por fim respiro pausadamente e respondo "educada".
_ Depende muito, quem gostaria de falar com ela?
_ Ah, desculpa não me apresentar, sou Luciene psicóloga, só queria informar que está cinco minutos atrasada e seu chefe pediu agilidade no seu caso!
Merda!
Droga!!
Porcaria!!
Blasfemo me levantando bruscamente, ignorando o diabo da dor de cabeça, procuro algo no meu armário.
_ Chego em quinze!
Desligo o aparelho não esperando um adeus ou talvez uma recusa, jogo o aparelho na cama sendo ágil na hora de me trocar.
Pronta chamo um táxi e corro dispara para o elevador, no hall sou parada pelo porteiro que insiste querer que eu assine algo que chegou agora pouco, ignoro seu pedido dizendo está atrasada e mesmo que ele me acompanhe até a porta giratória insistindo ser importante eu não dou ouvido, passando pela porta deixando o mesmo conversando sozinho.
Entro no táxi explicando o caminho e peço para ele acelerar, rápido, voando para ser exata. Surpreendentemente ele faz em nove minutos, dou uma bonificação para o seu desempenho e entro apressada no escritório de dois andares sendo guiada até a sala da mulher que para mim é desconhecida.
_ Olá Lara.
Super simpática me convida para seu ambiente de trabalho, entro caminhando diretamente para a cadeira oferecida, o lugar é bem bonito, parece uma estilosa sala de estar.
_ Olá Luciene.
Sei como funciona isso, ela vai me observar nos primeiros minutos, analisando certamente minha postura, respiração, se estou tensa ou relaxada, deprimida ou confiante e uma série de outras coisa chatas, no entanto creio que ganhar minha carta de alforria vai ser mais fácil do que prender bandido no Rio de Janeiro.
_ Estou com a cópia do seu relatório médico!
Dou meu primeiro sinal de nervosismo ao morder a boca forte, cortando com gosto o lábio inferior, não demora e eu sinto o gosto metálico, sangue!
Diante das suas perguntas apenas concordo e discordo não dando nada específico ou certeiro. Os minutos se arrastam chegando ao fim uma consulta que no final chego a perguntar se estou liberada, ela dar um sorrisinho sarcástico.
_ Precisamos nos conhecer ainda senhora, Lara. Espero que venha na próxima sessão.
Voltei para casa tentando outra vez ligar para o Will, para minha decepção e desespero ele não atendeu, a noite logo chegou e eu me preparei para madrugar em claro, desesperançosa e chorosa. Mesmo que tentasse fazer de tudo o sono sempre me abandonava quando ele não estava em casa, ao meu lado na cama.
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Meu corpo minhas regras
RomanceDuas histórias distintas, duas vidas diferentes, uma delegada do rio de janeiro e um playboy revoltado, o mesmo trauma: a falta de amor dos tutores, o abandono. Ambos se apegaram na mesma pessoa: Will um renomado empresário fez seu patrimônio pela...