Cap 13

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Fico na delegacia em torno de duas horas dando meu depoimento, de quebra encontro o governador e seu filho de sete anos, ele me cumprimenta pessoalmente agradecendo cheio de emoção, apenas ajo gentil, o que foi uma missão quase impossível, era tantos bajuladores ao redor que eu quase mandei todos eles pra merda. 

Volto para casa já exausta e cheia de fome, as barras de cereais e chocolates no meu porta luvas me deixou mais faminta ainda, como se minha barriga fosse um buraco de minhoca.  

Estranho um cheiro de perfume de casa assim que entro na sala, os móveis ajeitados, meus sapatos que muita das vezes deixo espalhados não tem sinal deles no cômodo, deixo minha bolsa no sofá seguindo por instinto o cheiro agradável de comida que vem na cozinha. 

_ Olá dona Lara! 

Frango! Identifico o cheiro assim que atravesso a porta, Carmen um pouco desajeitado quase leva a travessa do que Identifico ser torta ao chão. Lembo meus beiços pelo lado de dentro não me importando muito em responder, estou faminta. 

_ Fiz torta. 

Explica erguendo a travessa que eu chamo de as sete maravilhas celestiais. 

 _ O senhor Will disse que adora. 

Levanto meus olhos enquadrando no mesmo paralelo do que os seus negros. 

_ Sim, adoro.

Me acomodo em um das três cadeiras altas da ilha, mordo a boca agora com gosto sentindo uma vontade repentina de beber suco de acerola. 

_ Por favor, faz para mim um suco de acerola! 

Sua expressão enrijece fazendo parecer dois vínculos quase imperceptível na testa, sei disso pois tenho a mesma marca de expressão facial. 

_ Dona Lara, seu marido deixou um dinheiro que eu usei para comprar as coisas da torta, infelizmente não tem fruta nenhuma na geladeira. 

Abro minha boca soltando um gemido quase mudo em frustração, meus olhos enchem de água como se recebesse a notícia do falecimento de um ente querido. 

_ Mas eu posso comprar! 

Urra ao ver minhas bochechas meladas de lágrima. 

_ É rapidinho, o sacolão é logo ali! 

Aceito concordando em desespero, nem eu estou sabendo dizer porque quero chorar infinitamente. 

_ No porta chaves tem dinheiro, pega o quanto precisar! 

Digo desesperada, preciso desse suco. 

_ Tudo bem!  

Não podendo aguardar o suco começo dilacerado a torta com um corte horroroso, tiro um pedaço generoso levando aos meus lábios faminto, a sensação me toma em devaneios, corto outro e outro pedaço, me panturrando. Carmen chega com uma única sacola cheia de acerola, encara a torta assustada depois a mim. 

_ Não comi o dia inteiro. 

Justifico dando de ombros, ela apenas vira capturando o liquidificador, rapidamente fez um suco geladinho, fico esperando como menino pequeno, com a boca aguada. 

_ Pronto. 

Deposita o copo na minha frente, sem pensar levo aos meus lábios não tendo paciência de sentir o cheiro que tanto amo, dou grandes goladas revirando os olhos em satisfação. 

_ Muito obrigada! 

Digo infinitamente emotiva, levanto cheia de gratidão lhe dando um breve abraço, ela congela sem entender, deixo um sorriso e subo para o meu quarto, me jogando na cama e dormindo um sono dos justos. 

Meu corpo minhas regrasOnde histórias criam vida. Descubra agora