Cap 21

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Conformada com a solidão preparei meu prato com uma quantidade exagerada da delícia que Carmen fez, sentei na frente da TV colocando um filme policial, por um pequeno momento veio um lampejo na minha mente, uma lembrança de Will, ele sempre assistia filme comigo, ficávamos na frente da TV deduzindo o final. 

Ainda não superei totalmente tudo que aconteceu, choro as vezes pensando nele, em como me usou de forma desdenhosa brincando com minha dor e ingenuidade, é difícil construir um castelo com objetos pesados para depois descobrir que o peso que levou foi trocado por caixas de papelão, na primeira chuva tudo se deslanchou. 

Comi toda a torta do prato enquanto chorava sentida, acabou que dormir no começo do filme, acordei sentindo os raios de sol atingir meu rosto de leve, abrir as pálpebras observando o ambiente claro, eu estava no meu quarto, na minha macia cama mas não me lembro de ter vindo para cá. 

Meu celular marcava seis e meia, cedo ainda, hoje pegaria serviço mais tarde. Mesmo com o corpo preguiçoso levantei, fiz minha higiene para logo invadir a cozinha, meu café seria um grande pedaço de torta da noite passada e um expresso. 

Outra vez estava encolhida no sofá comendo que nem uma leoa, por instinto levei meus dedos até meu ventre arredondado, acariciei mansamente sorrindo boba, sentir uma diferença nessas duas últimas semanas, minha bebê estava crescendo. 

_ Caiu da cama? 

A voz levemente rouca ganhou minha atenção, levantei a cabeça ainda sorrindo. 

_ Quase isso! 

Era eu que deveria fazer essa pergunta, Max nunca acordava cedo, é um grande preguiçoso, e ver ele de pé  e vestido me intrigou. 

_ E você, o que faz acordado? 

_ Tenho que devolver o PC agora de manhã. 

_ Hum…

Ele me olha esperando prosseguir na fala, no entanto desisto, ele dar de ombros indo pra cozinha, faz um expresso, volta e senta no sofá próximo de mim. 

_ Precisamos entregar os presentes.

Fala relaxado, bebericando outra vez o expresso. 

_ É, tipo que esses dias fiquei sem tempo, vamos sexta? 

_ Acho uma boa. 

Mordo meu lábio inferior coçando de curiosidade por dentro. 

_ Ocorreu tudo bem ontem? 

Assim quando pergunto arrependo, Max é um cretino de sorriso presunçoso que se acha a última bolacha do pacote. 

_ Oh sim…

Gargalha levemente. 

_ Foi muito bom, e ela não olhou minha ficha! 

Me fez sorrir, continuou.

_ E muito menos correu, ela parece ser legal, determinada pra caramba, tem um papo muito bom, ama animais e eu agradeci por isso! 

Estranhei franzindo o cenho, Max nunca teve um periquito. 

_ Claro que agradeci, afinal sou um gatinho! 

Desisto! Me jogo no braço do pequeno sofá encarando o teto e me perguntando onde foi que eu errei na vida. 

_ Max, vai trabalhar. 

_ Eu vou mesmo, marcamos outro encontro, e pow véi, mulher come demais, fiquei duro! 

_ Bom que você sabe! 

_ Se bem que você poderia liberar uma nota ai…

Gargalhei no meio do seu discurso, ele parou cruzando os braços na frente do peito fazendo cara de birra. 

Meu corpo minhas regrasOnde histórias criam vida. Descubra agora