Cap 29

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_ Você disse apenas que eu precisava ouvi-la e foi isso que eu fiz Max, não insista, não acredito nela, e você deveria fazer o mesmo. 

Essa é mais uma resposta que dou ao Max depois daquele dia, Carmen não foi contra minha ordem de se afastar de mim, no entanto Max persiste em dizer que eu estou sendo muito radical e rancorosa. 

Minha bebê fez um mês ontem, estou tão feliz porque voltamos para casa hoje, ela é tão linda e esperta, brincalhona e chorona, ela chama Ana, significa graciosa, foi influência de Max, ele escolheu o nome por minha demora. Ela tem uma marca no meio do peitinho, é triste lavá-la e ver aquela cicatriz de lembranças assustadoras. O doutor Torres a acompanhou nesse mês inteiro e a elogiou, ele é um bom médico, e bonito, os olhos dele me cativa a sorrir sempre quando vejo, é como se despertasse algo oculto dentro de mim. 

É estranho sentir os olhos de um homem maduro sobre você, a intensidade nem se fala, sempre que foi ver minha filha no quarto do hospital me olhava com volúpia, um sorriso na boca de um homem que sabe o que quer, confesso que fiquei constrangida com tanto flerte, mas como eu já esperava, foi apenas impressão minha.  

_ Você é uma mula mesmo Lara, não escuta nada, se acha a dona da razão! 

Sei que ele não vai parar de falar na minha cabeça, então levanto segurando firme a minha bebê e vou até a porta fechando-a na fuça dele, deixo ele protestar mas finjo nem ouvir, volto para a cadeira que balança e outra vez coloco meu bico do peito na boca da minha pequena, ela é muito gulosa, uma mini Ana esfomeada. 

_ Ele é chato assim mesmo, mas sabe filha, ele quer que eu perdoe a mamãe que me abandonou quando era pequenininha. 

Sempre que esse assunto vem aos meus lábios meus olhos que sofrem pelas lágrimas jorradas sem permissão. Não sei se consigo perdoá-la, mesmo que tudo que ela disse foi verídico não acredito. 

***

Nessas duas semanas passei a pensar muito, minha psicóloga veio me visitar, trouxe uma boneca de pano para Ana e ela adorou, conhecendo as mãozinhas ela mesma agarra a boneca quando a entrego. Ela me deu conselhos e disse ser bom liberar o perdão, não sou aquela Lara de antes, aprendi a me amar muito, a me respeitar e saber meus limites. Confesso que viver sozinha é ainda radical, a companhia da Ana é maravilhosa não minto, mas Max faz falta no meu dia a dia, agora comandando a empresa ele está cada dia mais distante, e o assunto “mãe” anda nos afastando, ele parece gostar dela, acreditar e por mais que foi difícil perdoar.

 As vezes fico pensando como que seria se as coisas não tivesse tomado esse rumo, Carmen estaria me ajudando a cuidar da Ana, sempre a veria sorrindo pelos cantos da casa como sempre fazia, e nada mudaria. 

_ Sabe de uma coisa! 

Levanto determinada. 

_ Vou tirar a prova dos nove! 

Decidida a embarcar nessa jornada faço a bolsa da Ana com coisas necessárias, coloco no seu corpinho um vestido vermelho e meia calça, pego todas as coisas e sigo rumo ao meu carro.  

Ela dorme serena, é o que ela mais faz da vida, depósito seu pequeno corpo no bebê conforto e sigo meu rumo. No meio do caminho paro e pulo para o banco de trás, lhe dou mamar e assim que arrota volto a direção, meu celular toca, atendi no bloetooth do carro. 

_ Lara? 

_ Sim Max. 

_ Onde você foi? 

_ É uma longa história, posso te ligar depois, estou dirigindo? 

_ Ah claro, só precisava da sua ajuda, depois eu te lig…

_ Pode falar! 

Interrompo antes que ele desligue. 

Meu corpo minhas regrasOnde histórias criam vida. Descubra agora