01. Então... você casou?

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ANOS DEPOIS...

𝙹𝚞𝚐𝚑𝚎𝚊𝚍 𝙹𝚘𝚗𝚎𝚜 𝚙𝚘𝚒𝚗𝚝 𝚘𝚏 𝚝𝚑𝚎 𝚟𝚒𝚎𝚠

Paro de digitar em meu computador quando ouço a risada encantadora de Charles de longe. Não demorou muito para porta se abrir, revelando a figura do pequeno — que já tinha seis anos agora — entrando na minha sala.

— Papai! — ele diz correndo em minha direção. O pego pelo braço e o coloco em meu colo.

— E ai, cara? Que saudade!

— A mamãe disse que se tudo der certo a gente vai morar aqui! Ai eu não vou precisar ver você só no sábado!

— Isso é demais cara! Falando em mamãe, cadê ela?

No exato momento Elizabeth Cooper surge no meu escritório e diz:

— Estou bem aqui!

A loira sempre foi linda mas depois da gravidez, ela ficou mais linda ainda. Cooper usava um vestido rosa-bebê que ficava solto em seu corpo e seu all star branco favorito.

— Está pronta para achar o apartamento perfeito em New York City? — pergunto.

— Vai ser um desafio. Começo a trabalhar semana que vem, preciso de algo urgente.

— Aposto que vai encontrar.

— Espero! Bom, Charles a mamãe vai sair para procurar casas e você vai ficar com o papai, está bem?

— Você vai sair de novo, mamãe? Até aqui você não para em casa!

— Eu volto logo, meu amor. Eu prometo.

Tive que me mudar de Riverdale alguns anos depois da morte da minha mãe, para ajudar minha tia a administrar o Boun Cibo — restaurante de culinária italiana da minha família. Foi muito difícil explicar toda a situação para Charles. Ele tinha cinco anos, já era bem esperto. Passei a vê-ló apenas nos fins de semanas e feriados ou, quando eu tinha tempo, ficava uma semana inteira em Riverdale. Foi muito difícil para mim.
Assim que me mudei para New York, Betty voltou para casa de sua mãe. Quando Char nasceu ela precisou trancar a faculdade por um ano e quando voltou, precisou além de estudar,  voltar a trabalhar para ajudar a mãe com as despesas. Então, Charles passava o dia na escola e a noite com a vó, já que Betty trabalhava de noite no Pop's e chegava tarde em casa na maioria dos dias.

— Nós podemos dar uma volta no Central Park, o que acha filho? — digo.

— Queria que a mamãe fosse junto com a gente, papai! Ela sempre trabalha.

— A mamãe vai procurar um casa para você morar bem pertinho de mim. E agora ela tem um emprego bom e ela vai ter muito tempo para brincar com a gente.

Eliza se aproxima do menor, deposita um beijo em sua testa e diz:

— Vamos ter uma nova vida aqui, filho. Você vai ver. Eu vou voltar logo, está bem?

O garotinho assentiu. A loira se despediu de mim apenas com um "tchau e não dê muito doce a ele" e então saiu.

Há algumas semanas atrás Betty tinha feito uma entrevista de emprego em um jornal local de NYC e foi aceita. Ela precisava achar uma casa em New York que ficasse perto do emprego e da escola que ela estava querendo matricular Charles. Eu falei que ela não precisava procurar casas tão em cima da hora. Falei que ela podia ficar o tempo que precisasse no meu apartamento mas ela preferiu ir atrás de casas e apartamentos para ela e para Charles.

Lembro de uma discussão muito feia que eu e minha ex-namorada tivéssemos quando ela se mudou para casa de sua mãe. Eu queria trazer Charles para New York, já que o restaurante ficava praticamente em baixo do meu apartamento e eu tinha mais tempo livre. Ela disse que Charles era a única coisa que ela tinha e que eu não podia tirar isso dela. No final, ficamos semanas sem se falar — mesmo nos fins de semana que eu buscava Charles em Riverdale.

— Charles, vai avisar a titia que vamos passear enquanto eu termino umas coisinhas aqui.

— Tudo bem papai.

Enquanto Charles foi falar com a minha tia, terminei de digitar algumas coisas que faltavam e desliguei o computador. Em seguida, peguei meu casaco e minha carteira e caminhei até a cozinha — onde Titia e Charles se encontravam.
Eu e o menor saímos do restaurante e começamos a caminhar até o Central Park, que não ficava muito distante dali. Durante o caminho o loiro me contava como tinha sido seu último dia de aula em Riverdale.

Brincamos a tarde inteira. Foi muito bom tirar um tempo para relaxar do trabalho com Charles. Administrar um restaurante não estava nos meus planos, nunca esteve. Por mais que esse restaurante fosse muito importante para minha mãe, ela nunca me obrigou a aprender culinária italiana ou trabalhar no restaurante. Seu sonho era que eu me tornasse escritor. Um grande escritor. Depois que ela morreu, me senti na obrigação de ajudar minha tia a cuidar disso. E não. Eu não sou infeliz por isso. Até aprendi a cozinhar melhor.

Depois de uma divertida tarde, o pequeno e eu já estávamos prestes a ir embora do Central Park quando de repente Charles se encanta com um cachorro que estava passeando com sua dona por ali e corre atrás do Buldogue Francês como se ele fosse o dono do cão. Corro atrás dele, tentando pará-lo, mas não deu muito certo.

Quando a dona do buldogue virou para ver o que estava acontecendo, fiquei surpreso com a figura revelada.

— Jones?

Era ela. Era Amalia.

— Amalia? O que está fazendo aqui em New York?

— Eu cheguei do México há algumas semanas. Estou morando aqui por perto. Ah, e muito obrigada por perguntar se eu estou bem Jughead.

— Desculpe a indelicadeza. Como está?

— Bem. Senti falta de New York. Tenho sangue mexicano mas meu coração é americano! E você?

Amalia foi a minha primeira namorada séria. Ela nasceu no México mas se mudou para New York ainda em sua adolescência — dois anos antes de nos conhecermos —. Apesar de seu inglês ser fluente, a morena de olhos claros continuava com um sotaque mexicano. Amalia voltou para o México alguns anos depois de eu ter terminado com ela.

— Estou bem apesar de ter perdido minha mãe há alguns anos.

— Eu sinto muito, Jughead.

— Eu também...

A morena observa mais uma vez Charlie brincando com seu cachorro e pergunta:

— Esse garotinho é seu filho? Ele é a sua cara!

— Sim.

— Então... você casou?

— Sim. Quero dizer, não. Quero dizer... não me sinto à vontade para falar sobre isso com você, sabe?

— Tudo bem. Não terminamos de um jeito bom. Eu só quero que você saiba que eu não sou mais aquela pessoa abusiva de antes, eu mudei.

Peguei Char no colo e disse:

— Precisamos ir agora. Até Amalia.

— Mas pai, eu tava brincando com o cachorro! — o loiro retruca.

— A mamãe já deve estar chegando, precisamos ir! Tchau Amalia.

꒱࿐♡ ˚.*ೃ

notas finais: welcome to season 2 of Through The Window! Bem bilíngue ela, né mores? haha.

Through the window ❦ ᏼꮜꮐꮋꭼꭺꭰ.Onde histórias criam vida. Descubra agora