01. Escola Militar.

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- A música está alta demais!

Foi a última fala que Jeongguk conseguiu escutar de seu amigo, em quase um grito do outro lado da boate lotada.

- Jeongguk? - Hoseok chamou pelo nome do mais novo, tentando se aproximar, com muita dificuldade pela quantidade de pessoas se esbarrando. - Jeon, cadê você?

- Aqui! - Jeon ergueu sua mão na direção do ruivo.

Bebidas fortes, música alta e muitas garotas. Isso seria a vida perfeita de qualquer adolescente que já está à beira da vida adulta. E para Jeongguk não foi diferente.

Em uma das boates mais caras da Coreia, sendo um dos rapazes mais cobiçados de tal lugar, é onde Jeon Jeongguk vai para poder relaxar e esquecer das preocupações. Não que aqui ele possa descansar muito, já que de minuto em minuto alguma garota se aproxima, interessada em alguns beijos do moreno. Mas também não é como se fosse um sacrifício para ele.

- Por Deus, Jeongguk! Você está quase caindo de tão bêbado! - Exclamou o ruivo, ainda que Jeon nao lhe escutasse perfeitamente, pelo volume da música completamente desnecessário.

O moreno, por sua vez, nem ao menos teve tempo de responder. Alguém se aproximou repentinamente, o agarrando pela gola da blusa escura, puxando Jeon para um beijo. Um beijo quente e rápido. Jeongguk levou um pequeno susto pela aproximação repentina, mas não se afastou do beijo. Antes de o mesmo conseguisse envolver a língua no beijo, a que aparentava ser uma garota se afastou. Ele sabia quem era. Lílian.

- Estou de volta, bebê. - Disse a menina em um sussurro. - Trouxe mais um drink.

- Ah, Lílian. - Suspirou - Eu estou no meu limite de bebida hoje. Eu acho melhor eu ir, ou amanhã minha cabeça vai explodir de dor.

- Boa noite para você também, Lílian. - Hoseok brincou, fingindo estar magoado.

O ruivo foi ignorado.

- Mas que droga, Jeongguk. Você é muito fraco para bebidas! - Falou a garota, irritada - Por que frequenta baladas, se não aguenta ficar dois minutos nela?

- Faça o seguinte, então, Lílian. - O mais novo falava com um sorriso sapeca no rosto - Já que não gosta disso, da próxima vez que me ver em uma balada, não venha até mim.

Ao finalizar sua frase, o moreno deu um pulo da cadeira onde estava, acompanhado de Hoseok, que apenas observou tudo quieto. Quando a garota se afastou, ainda incrédula do que acabara de escutar, o ruivo finalmente se permitiu falar.

- Sabe que ela não vai querer transar com você nunca mais depois dessa, não sabe? - Perguntou Hoseok, acompanhando Jeon até a saída da boate.

- Que seja. Para falar a verdade, não irá fazer falta.

Resumidamente, Lílian, ou Lili, como prefere ser chamada, não é - e está longe de ser - namorada de Jeongguk. Jeon tem suas ficantes, e obviamente o relacionamento com algumas são mais quentes. Mas ele nunca namorou nenhuma delas. Ou melhor, já namorou sim, mas foi a melhor e a pior experiência que Jeon já viveu.

O caminho de casa é sempre o mais chato para Jeongguk. Levando em conta que, sempre que Jeon acompanha o caminho de casa pela janela do carro, ou ele está pensando na dor de cabeça que terá no dia seguinte por conta da bebida, ou está fingindo prestar atenção nos incansáveis xingamentos que seu pai fazia o favor de gritar aos quatro ventos. Sua relação com o mais velho não é a melhor. Porém, Jeongguk nunca fez muito esforço para mudar essa situação.

Eu sei, as coisas podem estar parecendo passar rápido demais, porém, Jeon passou praticamente a noite inteira na boate, isso tudo não aconteceu em dois minutos. Para falar a verdade, o moreno já estava farto de ir nas baladas apenas para beijar, sabe? Como se ele não conseguisse beber, conversar com seus amigos, aproveitar aquilo tudo. A cada dois minutos uma garota chega querendo alguns amassos, e Jeon não é do tipo que recusa isso. Ele está cansando disso, só precisa admitir isso.

- JEON JEONGGUK! - O acastanhado foi acordado aos gritos no dia seguinte.

Aquele mínimo som, lhe custou uma forte pontada na cabeça, o lembrando da quantidade desnecessária de bebida consumida na noite anterior. Os gritos vinham de seu pai.

- Que porra foi agora? - O menor perguntou sonolento, colocando as mãos na cabeça, para amenizar a dor.

- Eu quem pergunto, Jeongguk! - Vociferou, mas foi interrompido por seu filho.

- Não grita!

O pai do moreno sorriu soprado por pura ignorância.

- Ah, está com dor de cabeça? - Ele baixou seu tom de voz, logo gritando novamente - Sabe o que mais dá dor de cabeça? Que esse é o seu quinto cartão estourado nesse único mês!

Jeon fingiu não ouvir seu pai, tapando seus ouvidos com ambas as mãos, tentando amenizar a dor que sentia. Ele não queria brigar, mas seu pai não ajudava.

- Não vai falar nada? - Rosnou novamente. - Não me faça tomar medidas mais severas!

- Será que dá para me dar sermão baixando um pouco mais a porra da voz?

Aquilo deixou o pai de Jeongguk com o sangue fervendo nas veias, ele estava se segurando para não gritar mais, só que, mesmo estando muito irritado, Jeongguk ainda era seu filho.

- O que está acontecendo? - A mãe de Jeon adentrou o quarto, roubando a atenção com seu vestido longo de cores chamativas.

- Mãe, que vestido é ess- Jeon parou seu raciocínio - Ah, não importa. O que está acontecendo é que eu estou com dor de cabeça, e o meu pai não consegue falar se não estiver gritando.

Sua mãe nada disse, fingia prestar atenção enquanto arrumava seu vestido de seda, mas na verdade não ouviu uma palavra sequer de seu filho.

- Eu estou falando assim, porque você merece! - Ele falou tão alto que Jeon não se surpreenderia se trovejasse nesse momento. - Você passou de todos os limites! Suas notas são péssimas, é um viciado em álcool... ah, e você sabia, Aurora, que ele passou a matar aul-

Quando o mais velho buscou por sua esposa, foi quando percebeu que ela não estava mais no quarto. Ter evaporado é a única explicação plausível, pois nenhum dos dois ouviram nenhum mínimo som vindo da porta. O Sr. Jeon apenas suspirou fundo, chegando, finalmente, a uma conclusão.

- Só tem mais uma coisa que posso fazer com você, Jeon. - Seu pai caminhava até a porta do quarto, com calma. Assim que abriu a porta para sair, disse: - Escola Militar.

- Uma o que? - Jeongguk perguntou raivoso, isso não podia lhe estar acontecendo.

Seu pai já havia saído do quarto, e Jeon, mesmo com muita dor na cabeça, deu um salto da cama, tentando acompanhar seu pai para fora do quarto.

- Você não pode fazer isso! - Vociferou - Eu sou um adulto!

- Ah, você é? - Seu pai o respondeu no mesmo tom - Então por que ainda mora embaixo do meu teto, hm?

Jeon não se atreveu a dizer mais uma palavra, por mais raivoso que estivesse, seu pai tinha razão.

- Eu já fui bonzinho demais com você, Jeongguk! Agora você vai fazer o que eu mando!

A esse ponto, Jeon já se esquecera de seu incômodo na cabeça.

- Ah, é verdade? Já foi bonzinho demais? Sério? - Perguntou irônico - Por vinte e um anos que eu vivi aqui, você nunca parou para me dizer um "bom dia, filho" ou "te amo", e nada do tipo! Por vinte e um anos eu aprendi o que é certo e errado, mas não tive ninguém para falar para eu não fazer aquilo! Você apenas reclama das consequências! Então, querido pai, você nunca foi bonzinho demais comigo.

O pai de Jeon parecia pensar muito bem nas palabras de seu filho, enquanto terminava de colocar seu terno e afrouxar sua gravata.

- Eu não vou mudar de ideia - Disse indo em direção a porta de saída de casa - Tenha um bom dia, Jeongguk.

[🍧] mauricinhos não se apaixonamOnde histórias criam vida. Descubra agora