[🍧] mauricinhos não se apaixonam

06 - Vida real.

─ Você sabe tirar pó das coisas? ─ O Kim perguntou, de costas para Jeongguk, enquanto passava a vassoura em um canto da sala.

Era nove horas da noite quando eles decidiram limpar o dormitório. Não que realmente precisasse de faxina, mas como não tinham nada para fazer, Jeon acabou cedendo.

─ Claro que sim, não sou tão tapado. Não deve ser tão difícil pegar isso aqui… ─ Ele segurou algo que desconhecia, parecia uma mini vassoura, ou algo assim. Era apenas um espanador, algo que o moreno nunca usou na vida.

Entretanto, Jeon não sabia nem por onde começar. Minutos depois, se viu fazendo qualquer movimento com aquilo para que Taehyung acreditasse que ele não era tão desastroso limpando algo. Segundos depois, conseguiu ver o loiro sorrir.

─ Mauricinho, você tá tirando pó da parede?

Só agora percebeu que estava esfregando a parede.

─ Hm… não precisa?

─ Não aqui. ─ Ele não conseguiu conter o riso, novamente ─ Você realmente não sabe limpar com isso?

Jeon se sentou no sofá emburrado, jogando o espanador para o lado, e cruzando os braços. Odiava quando riam dele, e isso era óbvio. Se sentia inferior. Jeongguk não gostava de se sentir inferior.

─ Ei, não, eu não to rindo de você! ─ O tatuado logo percebeu o motivo da birra do mais novo, e se aproximou ─ Só perguntei se você não sabe limpar com isso.

Jeon hesitou, mas acabou falando. Iria falar de qualquer jeito, já que Taehyung não iria lhe deixar quieto.

─ Não! Eu não sei limpar com isso. Pode rir agora, Kim Taehyung. Eu sou um mauricinho que nunca pegou em uma vassoura na vida, porque sua casa tem um trilhão de empregados. Agora já pode rir.

Ele se levantou, mais emburrado ainda, caminhando em direção a cozinha, disposto a fazer algo para lanchar e deixar a limpeza inteiramente para Taehyung.

─ Sua crise de birra não tem efeito comigo.

Jeon se virou furioso.

─ Crise de birra? Acha que isso aqui é uma crise de birra? Você riu de mim, e não quer que eu me incomode?

─ Sim! Eu já vi sua "crise de birra" uma vez, em frente a sorveteria, lembra? ─ O Kim perguntou, agora já bem mais próximo de Jeon, com uma voz fria.

─ É difícil esquecer levando em conta que meus sapatos estão até hoje sujos. Aquele sorvete tinha o que? Urânio? Não sai com nada.

─ E você tentou lavar?

─ Não. Minha empregada me avisou.

Dessa vez Kim não sorriu, continuou com a mesma expressão de antes.

Nem sabiam o motivo de estarem lembrando daquilo. Era difícil ter uma conversa amigável com Jeon, quando não se pode sorrir perto dele.

Talvez você ache que Jeon é muito chato, ou até mesmo difícil e birrento, mas para falar a verdade você está certo. Ele é.

Sua personalidade lhe impede de ser amigável com quem ele não quer, e também de ser educado com pessoas que ele não acha educadas. Isso não é nada mais, nada menos, do que seu ego.

É difícil, mas não é de todo mal.

─ Ah, tanto faz. O ponto é que, já vi você tendo essa crise de birra lá na sorveteria, e aquilo não me abateu, aposto que ficou furioso depois daquilo. Acha que eu não sei que é assim que você consegue as coisas com seus pais? ─ Por mais que pareça, Kim não falava aqui com fúria, sua voz estava calma. A voz da verdade. ─ Comigo isso não funciona. Agora você está aqui, e vai ter que aprender a socializar com os outros, querendo ou não.