Capitulo 32

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'Purre , você tem que falar logo com ela!' Ouvi a voz de Renata quando saí do elevador na casa do Santiago . Minhas visitas já eram diárias a mais de dois meses, e não havia um dia que Théo não perguntasse quando Purre voltaria pra casa.
'Eu vou falar, Rena ! Só não sei como!' Purre respondeu no mesmo tom, e eu fiquei alguns segundos parada na porta imaginando se ela, seria no caso... eu.
Théo me olhou se entender porque eu estava parada e eu sorri tocando a campainha.
'Hey, chegou cedo hoje!' Rena me olhou estranho e eu tive certeza de que eles estavam falando sobre mim.
'É, mal cheguei em casa e a criança já ficou insistindo pra vir.' Falei apontando pra Théo que já tinha corrido pro colo de Purre . 'Então, já resolveu se mudar pra cá?' Brinquei e Renata deu língua.
'Não foi por falta de convite!' Santiago apareceu nos fazendo tomar um susto. Eu ri e Renata deu um tapinha em seu braço.
'Nossa, to com fome. Nem deu tempo de comer antes de sair de casa. O que tem aí, Santi?' Fui em direção a cozinha, mas a voz de Renata me interrompeu.
'Na verdade, Pili , o Purre acabou de dizer a mesma coisa, né, Purre ?' Ela o olhou sorrindo forçado e ele a olhou sem entender. 'Vocês podiam sair pra comer alguma coisa, a gente fica com o Théo !' Ela me olhou sorrindo. 'Starbucks! Olha que ótimo, aqui pertinho e um lugar super tranqüilo!' Ela lançou um olhar mortal na direção de Purre e até eu me assustei.
'Hm, claro!' Ele falou ainda desorientado. 'Se importa?' Purre apontou pra porta me olhando.
'Sem problemas.' Falei olhando pra Renata . 'A gente já volta, meu amor!' Beijei a cabeça de Théo e saímos de casa.
O silêncio durou não só o caminho todo até a Starbucks, mas também enquanto comíamos, olhávamos em todas as direções possíveis evitando que nossos olhares se encontrassem.

'Ok, eu ouvi sua conversa com a Rena .' Falei quebrando o silêncio.
'É, eu imaginei.' Purre respondeu imediatamente e eu o olhei. Ele suspirou e desviou o olhar para o prato vazio que estava em sua frente.
'Purre .' Falei sugestiva arqueando a sobrancelha e ele me olhou pensativo.
'Ok, você venceu!' Eu me ajeitei na cadeira me preparando pra ouvir o que ele queria dizer. 'Minha mãe me ligou alguns dias atrás, ela quer fazer um jantar pra comemorar, sábado faz um ano que eu saí do hospital.' Ele me olhou esperando uma resposta e eu pensei por alguns segundos.
'Hm... sábado, você quer dizer... daqui a três dias?' Arqueei a sobrancelha e ele confirmou evitando meu olhar. 'Purre , quando diabos você pretendia me contar isso? Três dias é praticamente... amanhã.' Falei baixo.
'Desculpa.' Ele tentou segurar minha mão que estava em cima da mesa, mas eu a puxei num reflexo, o fazendo suspirar profundamente e recolher a mão. 'Eu sabia como você ia reagir, eu estou tentando te falar isso a dias, mas sempre acabo desistindo de te ligar. Eu sei que você não tá pronta.' Ele falou baixo me olhando e eu suspirei.
'Purre , com a Fernanda aqui a gente vai ter que fingir que nunca houve nada.' Olhei pra minhas mãos apoiadas em meu colo. 'Eu não sei se consigo.' Falei sincera. Fernanda nunca soube de nada que houve entre mim e Purre , ela ainda acha que nós somos o casal queridinho dela e que somos totalmente felizes morando juntos com nosso filho.
'Olha, eu queria contar pra ela o que aconteceu.' Eu o olhei assustada. 'Em partes!' Ele completou. 'Mas ela me ligou completamente animada, disse que mal pode esperar pra te ver e pra ver o Théo . Eu... eu não consegui contar a verdade pra ela, e nem acho que vou conseguir.' Ele suspirou.
'Nem eu.' Admiti.
'Pili , por favor, faz isso pela minha mãe. Eu não quero que você me perdoe e nem que esqueça o que aconteceu, é só...' Ele suspirou. 'Vai ser só esse fim de semana. Ela chega no sábado e domingo já vai embora.'
'Eu vou... tentar.' Falei baixo. 'É melhor a gente ir logo.' Falei encerrando o assunto.

'Então, já resolveu se vai amanhã?' Renata me perguntou enquanto caminhávamos para fora do campus da faculdade. Já era sexta feira, o tal jantar que Fernanda estava organizando seria na noite seguinte e eu ainda não estava totalmente convencida de que conseguiria fazer aquilo.
'Ainda não'. Suspirei observando as pessoas passarem por mim.
'Eu sei que é difícil, mas você não quer nem tentar?' Ela me olhou e eu balancei a cabeça negativamente.
'Não sei se consigo, Rena . Quer dizer, eu tenho medo do mínimo toque dele, entende? Eu tento evitar isso, mas toda vez que ele se aproxima de mim eu me encolho ou faço qualquer outra coisa pra não encostar nele.' Lembrei de quando Purre tentou segurar minha mão na Starbucks e eu a tirei de cima da mesa num reflexo.
'Você pode me levar na casa do Santiago ?' Renata mudou de assunto quando chegamos perto do meu carro e eu balancei a cabeça concordando.
Durante todo o caminho ela ficou quieta olhando para fora da janela como se pensasse em algo pra falar. Não era muito normal Renata ficar calada, ainda mais dentro do carro, nem o som ela ligou. Suas mãos quando não ficavam ajeitando o cabelo estavam batucando o caderno em seu colo. A observei de canto de olho e vi que ela mordia o lábio, ela certamente queria falar alguma coisa, só não sabia como.
'Tá entregue, madame.' Brinquei e ela sorriu fraco sem nem fazer menção de sair do carro.
'Você vai pra casa agora?' Ela perguntou se virando de frente pra mim.
'Vou pegar o Théo na escola e depois vou pra casa sim, por quê?' Arqueei a sobrancelha e ela suspirou ficando calada por alguns segundos.
'Quer subir? É rápido prometo, e os meninos não estão aí, eles foram ensaiar na casa do Manuel !' Ela juntou as mãos como se implorasse e eu bufei.
'Ok, mas eu realmente não posso demorar, Rena , eu tenho que...'
'Vamos logo!' Ela soltou do carro e me deixou falando sozinha.

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