Entrei na sala sentindo meu coração querer sair pela boca a cada passo que eu dava, tentei controlar minha respiração que já estava completamente descompassada, mas não consegui. Calma era a única coisa que eu não teria ali naquele momento. Olhei pra Fernanda que já estava do lado da cama de Purre e ela balançou a cabeça como se mandasse eu me aproximar, suspirei pela ultima vez e caminhei devagar até o pé da cama. Meu olhar subiu devagar dos pés até o rosto dele, senti as borboletas em meu estomago exatamente como da primeira vez que o vi, era como se um alivio tivesse percorrendo todo meu corpo trazendo a alegria de volta pra meu coração.
- Purre. — Fernanda o chamou baixo tocando em seu braço e eu senti que podia desmaiar a qualquer momento. Purre lentamente abriu os olhos e piscou algumas vezes antes de sorrir pra mãe. Eu também sorri, só que pra mim mesma. Ver aquele sorriso novamente era como se eu também tivesse voltado a viver.
- Filho, essa é a Pili. — Ela sorriu apontando pra mim e os olhos de Purre se moveram lentamente em minha direção. Eu não sabia direito como reagir, uma parte de mim queria correr e abraça-lo, a outra queria sair correndo dali. Olhei para meus próprios pés com medo de encarar Purre nos olhos e finalmente saber que tudo isso não foi só um pesadelo, aquilo tudo era minha realidade, minha vida. Suspirei mordendo o lábio e levantei minha cabeça calmamente até meus olhos encontrarem os dele eu sentir uma pontada em meu coração. Ele não tinha mais aquele brilho no olhar de antigamente, agora seus olhos tinham uma mistura de angustia e dúvida que me deixavam ainda mais apavorada.Tentei sorrir apesar do desespero, mas não deu muito certo e eu preferi morder o lábio sem saber direito o que fazer.
- Lembra que eu te falei da Pili hoje mais cedo? — Fernanda perguntou no mesmo tom de voz baixo. Purre sorriu balançando positivamente a cabeça. — Lembra que eu te falei sobre uma criança... — Fernanda sorriu meigamente e ele novamente balançou a cabeça.
- O Théo! — Ouvir ele falar o nome do nosso filho foi sem duvidas a maior alegria desses últimos dois meses. Não consegui controlar as lágrimas que escorriam rápido por meu rosto enquanto eu sorria apertando minhas próprias mãos. — Ele não veio? — Purre olhou sorrindo pra mim e eu passei a mão rápido pelo rosto enxugando as lagrimas e funguei pra controlar o choro. Fiquei alguns segundos apenas observando ele sorrir pra mim, era como se meu coração tivesse voltado a pulsar normalmente.
- Não, ele... ele tá na escola uma hora dessa. — Sorri nervosa dando ma olhada no relógio do meu pulso. Realmente essa hora Théo está na escola. Falei com ele algumas horas atrás, antes dele sair de casa.
- Filho, acho que a Pili tem algumas coisas pra contar pra você. Talvez uma certa história, sobre dois certos jovens inconseqüentes. — Fernanda piscou pra mim eu fiquei sem reação. Achei que ela mesma já tivesse contado tudo pro Purre . - Pili, achei que essa seria a sua parte. Você sabe melhor do que ninguém essa historia. — Ela sorriu se aproximando de mim. - Não tenha medo Pili, ele não lembra de nada, mas tenho certeza que vai adorar ouvir a historia pra própria vida contada por alguém que fez parte da vida dele nesses 3 últimos anos mais do que ninguém. — Ela me deu um beijo na testa, beijou a bochecha de Purre e depois saiu do quarto.Mordi meu lábio nervosa sentindo o olhar de Purre sobre mim como se me analisasse. O olhei sem saber direito o que fazer e ele sorriu como se tentasse me passar confiança.
- Então Purre , como você tá se sentindo? —Me aproximei tentando controlar as lágrimas que já enchiam meus olhos. Toquei o braço dele sentindo sua pele quente e sorri instantaneamente. Ele desviou o olhar do meu rosto até seu braço, no lugar em que eu tocava. Retirei minha mão lentamente dali ao perceber seu olhar de duvida, cruzei os braços e sorri pra ele que retribuiu.
- Agora to melhor, já dormi um pouco, tomei os remédios, comi alguma coisa. Acho que já to pronto pra ter alta. — Ele falou animado e eu ri balançando a cabeça. Purre sempre foi ansioso, sempre queria as coisas pra agora, pra esse segundo.
- Hey, devagar mocinho. — Falei brincando num tom de reprovação e ele abriu um sorriso imenso. — Que foi? — Falei ao reparar o sorriso dele.
- Nada, mas você pareceu minha mãe falando. — Dei risada e lembrei que não era a primeira vez que ele me falava aquilo. Às vezes eu agia como a mãe dele, e ele sempre reclamava quando isso acontecia. - Então, qual a historia que você tem pra me contar? — Ele me olhou sério e eu suspirei sem saber direito o que responder.
- Olha Purre, eu sei que pra você é como se eu fosse uma estranha, eu to aqui conversando normalmente, mas sei que na verdade você deve tá se perguntando quem eu sou exatamente. — Parei pensando um pouco por onde começar.
- Bom, eu sei que você é a mãe do meu filho, não é como se você fosse uma estranha, quer dizer...de certa forma. — Ele me olhou em duvida e eu sorri.
- Hm...eu vou tentar resumir os últimos 3 anos da sua vida ok?! — O olhei e ele balançou a cabeça. — Bom, pelo menos as partes que eu apareço ou sei que aconteceram, claro que não posso saber de tudo. — Botei as mãos no bolso da calça nervosa e puxei uma cadeira para perto da cama de Purre.Resumir os 3 últimos anos da vida de uma pessoa não é fácil, e mais do que resumir a vida dele, tive que resumir a minha e a de Théo também. Era como se eu estivesse revivendo tudo, cada momento, triste e feliz de nossas vidas.
Quase uma hora depois senti um peso sair das minhas costas ao contar a parte do acidente que eu conseguia me lembrar e finalmente parar de falar olhando pra Purre que ouvia atentamente cada palavra minha. Ele sorriu meigamente e parecia ainda tentar absorver tudo que eu tinha dito, ficou algum tempo encarando o teto como se tentasse lembrar de alguma coisa e depois me olhou.
- Então...nós não éramos exatamente namorados?!! — Ele perguntou e eu balancei a cabeça confirmando. - Mas de vez em quando a gente se pegava? — Ele sorriu maroto e eu senti meu rosto arder.
- Foram 2 longos anos morando juntos Purre , nós somos humanos, certo? — Sorri.
- Certo, certo. E se você me dissesse que nunca rolou nada eu ia começar a duvidar seriamente da minha masculinidade. — Ele fez uma cara pensativa e eu ri. — Mas falando sério Pili, eu posso ter perdido uma parte da minha memória, mas eu ainda me conheço melhor do que ninguém e sei que se eu vivi com você durante 2 anos, mesmo que a gente nunca tenha namorado nem nada, sem duvida é porque você é realmente especial pra mim. — Ele me encarou com aquele olhar que sempre me deixava sem reação, tão verdadeiro e tão puro. Ficamos nos encarando durante um tempo até meu celular tocar e o numero de casa aparecer no visor, pela hora provavelmente era Théo perguntando se eu não ia almoçar em casa.
— Hey pequeno. — Sorri olhando pra Purre . Desejei que ele lembrasse de tudo subitamente e falasse com Théo também. —Eu vou pra casa daqui a pouco tá bom meu amor? Espera a mamãe pra almoçar com você. — Falei sorrindo e desliguei o celular vi que Purre também sorria.
- Como ele é Pili? — Ele sentou na cama me olhando animado e eu senti meus olhos mais uma vez se encherem de lágrimas. Ele é sem duvidas o cara que mais consegue me surpreender, seja qual for a situação.
- Ele é lindo Purre, parece com você. — Senti meu rosto arder um pouco e ele abriu um sorriso imenso. — Você costumava dizer que ele tinha seus olhos e seu nariz e a minha boca. A exata mistura de nós dois. — Me aproximei um pouco da cama sorrindo.
- Então ele é realmente lindo. — Ele estendeu a mão pra mim. Pensei alguns segundos antes de segurar a mão dele, tinha medo de sua reação, mas ele sorriu me passando confiança. — Pili, eu posso não lembrar de você, mas depois de ouvir você contando nossa historia sinto como se já te conhecesse há anos. É uma sensação engraçada. — Ele deu risada apertando minha mão. Ouvimos uma batida na porta e eu me assustei soltando a mãe dele.- Posso entrar? — Fernanda botou a cabeça pra dentro do quarto e nós sorrimos balançando a cabeça. — Então, já conversaram? — Ela entrou no quarto sorrindo.
- Já sim. — Balancei a cabeça. — E bem, eu tenho que ir. Théo fica um pouco inquieto quando chega da escola e eu não to em casa. — Sorri um pouco sem graça.
- Tudo bem minha querida. — Fernanda sorriu meigamente.
- Quando você vem me ver de novo? — Purre perguntou sorrindo e eu senti meu coração dar pulinhos de alegria.
- Em breve, Purre. — Sorri e acenei saindo no quarto em seguida.
Me encostei numa parece próxima a porta e fiquei sorrindo comigo mesma durante algum tempo. Uma enfermeira passou me olhando estranho e eu acordei do meu pequeno transe, e fui em direção a saída do hospital antes que Théo ligasse de novo.
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Addicted - #Pilurre
FanfictionE se por um acaso do destino ele não lembrasse mais de você e nem de tudo que vocês passaram?! Você seria capaz de recomeçar tudo e dar um novo rumo a essa história? ESSA FANFIC NÃO É MINHA, É APENAS UMA ADAPTAÇÃO COM OS ATORES DE "GO! VIVE A TU MAN...